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28
Abr23

Projeto Relicário com gravação inédita de João Gilberto é lançado em CD

Talis Andrade

 

Projeto Relicário tem gravação inédita de João Gilberto.
Projeto Relicário tem gravação inédita de João Gilberto. © divulgação
 

Os fãs de João Gilberto poderão matar as saudades do ícone da Bossa Nova através de um álbum lançado nos principais serviços de streaming e em CD, nesta quarta-feira (26), com uma gravação ao vivo do cantor realizada em São Paulo, há 25 anos. Com 36 músicas, o trabalho inclui a faixa inédita “Rei sem coroa”. A RFI Brasil conversou com o compositor e letrista Carlos Rennó, que esteve presente ao show, décadas atrás.

João Gilberto em apresentação no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 2008.
João Gilberto em apresentação no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 2008. AFP / Marco HERMES

 

“Eu lembro de estar na plateia assistindo uma vez mais a uma apresentação do João Gilberto. Eu sempre assistia a todos os shows do João para perceber as diferenças, às vezes sutis, das interpretações e execuções dele de uma mesma canção, de um mesmo samba”, diz Carlos Rennó em entrevista por telefone.

Lançado pelo Selo Sesc (Serviço Social do Comércio), o projeto “Relicário” estreia com essa gravação inédita do cantor e compositor João Gilberto, com o áudio remasterizado da histórica apresentação feita na unidade Vila Mariana, em 1998. “O lançamento do álbum reforça o compromisso do Sesc com a valorização do patrimônio imaterial do Brasil e com a democratização do acesso aos bens culturais e arquivos da instituição”, explica Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.

À época, João Gilberto estava em turnê para celebrar os 40 anos da Bossa Nova, com shows agendados em Salvador, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Maceió. São Paulo recebeu três dias de apresentações, sendo a última em 5 de abril de 1998, que serviu de fonte original para o material do projeto Relicário. Conhecido por seu perfeccionismo, João havia feito apenas quatro pedidos para a apresentação: um banco, um tapete persa, uma mesa para violão e acústica perfeita.

“Show de João era sempre importante musicalmente e culturalmente. Um detalhe específico no caso desse show é que ele foi gravado com uma qualidade técnica à altura das exigências de João Gilberto”, lembra Rennó. “O João é daqueles artistas que sempre renovam o novo. Ouvir esse show agora é renovar a nossa percepção daquilo que foi novo nos anos 1930, 1940, 1950, 1960 e 1970”, completa. “A arte dele e este álbum comprovam uma vez mais a alegria e a beleza que assinalam as suas execuções”, afirma.   

 

Carlos Rennó, compositor
Carlos Rennó, compositor © divulgação

Canção inédita

Como costumava fazer em seus shows, João Gilberto mesclou sambas antigos e clássicos da Bossa Nova nas quase duas horas de apresentação. O destaque da gravação é a música inédita "Rei sem coroa", que nunca havia sido registrada em estúdio ou gravada oficialmente pelo artista. A canção é uma parceria dos compositores Herivelto Martins e Waldemar Ressurreição, inspirada na história do rei Carlos II, da Romênia, que virou residente do Copacabana Palace, após ter sido forçado a abdicar de seu trono durante a Segunda Guerra, em 1940.

“Além dos clássicos da Bossa Nova, um gênero que ele inventou pelo seu modo de tocar, ouvimos um período que eu chamo dos inventores originais e originários da MPB. Há repertórios de intérpretes como Orlando Silva e Ciro Monteiro e de compositores como Ary Barroso e Dorival Caymmi”, cita.

O primeiro título do projeto Relicário ganhou uma parceria especial: Bebel Gilberto, filha do intérprete, assumiu a supervisão artística do material. O álbum inclui clássicos da MPB como “O Pato”, “Wave”, “Carinhoso” e “Eu Sei que vou te amar”, reunindo músicas de compositores já citados, como Ary Barroso, Tom Jobim e Dorival Caymmi, além de Wilson Baptista e Herivelto Martins.

A faixa instrumental “Um abraço no Bonfá”, uma homenagem ao violonista Luiz Bonfá (1922 – 2001), é a única música de autoria própria de João Gilberto interpretada na apresentação no Sesc Vila Mariana.

O Sesc convidou o artista visual de arte urbana Speto para fazer uma versão do grafite realizado por ele, em 2020, em homenagem ao cantor. O desenho, feito originalmente na fachada de um edifício próximo ao Mercado Municipal, em São Paulo, agora estampa a capa do álbum. A pintura apresenta João Gilberto sentado com seu violão. De acordo com Speto, a imagem tem o mínimo de traços possível, uma referência ao minimalismo da Bossa Nova e de seu maior intérprete e compositor.

“É mais uma oportunidade para observar certos procedimentos do João ao interpretar canções do passado. Os cortes e trocas de palavras que ele aplica às letras originais. Uma série de supressões e substituições que mereciam um estudo à parte, dentro do projeto dele de contenção e economia estética, em que o intérprete se torna um coautor daquilo que canta”, explica. “João Gilberto não é só moderno, é eterno”, conclui Rennó.  

Para a capa do disco, o SESC convidou o artista visual de arte urbana Speto para fazer uma versão do grafite realizado por ele em 2020, em homenagem ao cantor, num edifício de São Paulo.
Para a capa do disco, o SESC convidou o artista visual de arte urbana Speto para fazer uma versão do grafite realizado por ele em 2020, em homenagem ao cantor, num edifício de São Paulo. © divulgação

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