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O CORRESPONDENTE

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30
Mai22

Professores ensinam técnicas de tortura e execução para futuros policiais militares

Talis Andrade

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Fundador da AlfaCon, Evandro Guedes joga apagador em aluno durante aula de direitos humanos para a Polícia Rodoviária Federal. "Enfia essa porra de celular no cu, porra. A porra da prova é dia 3, caralho. Eu passei 12 vezes, sou milionário nessa porra, meu carro vale a tua vida".

 

Evandro Guedes, dono e professor da Alfacon, sem nenhum controle emocional, joga apagador no aluno, xinga e fala: "Eu sou milionário, meu carro paga tua vida". O aluno era um pai de família e estava fazendo exercícios no celular enquanro Evandro parou a aula para xingar palavrões e defender violência policial: “Agredi homens, mulheres, crianças, velhos e adolescentes”

 

 

Em vídeo com dicas para concurso da Polícia Rodoviária Federal, Evandro Bittencourt Guedes também teceu comentários machistas e preconceituosos

 


Texto Correio Braziliense 

O ex-policial militar, Evandro Bittencourt Guedes, fundador e presidente do AlfaCon, uma plataforma de cursinho preparatório na qual o presidente Jair Bolsonaro apareceu fazendo propaganda, surgiu em um vídeo nas redes sociais, na qual defendeu a violência no ato da função em uma palestra para formação de futuros policiais.

O vídeo é de abril deste ano, mas voltou a circular na internet. No trecho, Evandro responde a dúvidas sobre o ingresso na Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ele fez questão de ressaltar que era muito agressivo e que batia em todo mundo: “homens, mulheres, velhos, crianças e adolescentes”. O homem também tece comentários sexistas.

“Deixa eu te explicar uma coisa sobre Polícia Federal Rodoviário. Os senhores não serão juízes, promotores e defensores públicos. Os senhores não andarão de terno e gravata e não serão a nata da sociedade. Vocês serão aqueles caras fo**, que toda mulher vai querer dar se você fosse solteiro”.

Evandro diz ainda que como PF, os concurseiros poderiam dar carteirada em “puteiros”. “Irmão, pode dar carteirada em todos os puteiros. Evandro, posso? Lógico que pode. Você chega lá e fala assim [interrompe], eu nunca fiz, mas você fala. Eu não gosto de puteiro, nunca gostei, eu tinha raiva de puteiro porque eu trabalhava na PMERJ. Adivinha aonde dava as brigas? No puteiro.

Evandro, você já bateu em muita gente? Já. Inclusive nas putas, entrava, tomava todo mundo borrachada. Evandro, você era violento na PM? Muito violento”, reforçou.

Em seguida, o ex-PM emendou que “porrada sobrou”. Ele completa dizendo que também agredia “favelados”, se referindo a eles como “crioulada”, em uma fala racista.

“Eu dei porrada em todo mundo. Homens, mulheres, crianças, velhos e adolescentes. Todo mundo tomou. Tem uma história que eu fui trabalhar no Maracanã quando era PM. Eu estava fazendo curso no 10, o capitão me mandou para o cepaf. Fui para o Maracanã e o capitão me falou assim: não olha para o campo, olha para geral. Eu falei, porra. FLA x FLU você olha para onde? Olha para o campo. O que que aconteceu? O desgraçado do favelado, é isso mesmo, um favelado, feio para ca*****, mijou numa latinha de Coca-Cola e mandou, irmão. Um calor desgraçado, 16h30 da tarde num domingo, aquela po*** bateu nas minhas costas, até hoje eu tenho uma raiva, a latinha subiu e o xixi veio, chegou a entrar no meu nariz, eu fiquei todo mijado. Po***, mijo de favelado, a p**** dos favelados, aquela crioulada do caralho, todo mundo rindo”, contou.

Evandro relatou que o capitão permitiu que ele retaliasse, embora não soubesse quem havia lançado o objeto. O homem caracterizou o ocorrido como “o primeiro ato de execução de maldade e crueldade” de sua carreira.

“O capitão chegou e perguntou: “Que po*** foi essa?”. O Lobão. “Po***, o cara jogou xixi em mim, capitão”. Ele falou: “Car*****, Quem foi?” Eu olhei, falei: “Não sei. Está todo mundo sem dente, feio, camisa do Flamengo, olhando o radinho. Sei lá, foi ali. O capitão reuniu todo mundo e falou: “Foi mais ou menos onde?” Eu disse: “Ali”. “Olha, fatia dali até aqui. Bate em todo mundo”. Eu falei: “É comigo mesmo””, continuou.

Por fim, Evandro disse que por gostar de bater nas pessoas, iria se unir ao Estado islâmico. Depois, disse que se tratava de uma brincadeira.

“Eu vou para o estado islâmico. Não brincadeira. Não vou. Eu vou combater o Estado islâmico. Eu vou dar tiro no Estado islâmico. Vai se f****, que delícia. Ali eu descobri que eu gosto de bater nas pessoas e ponto. É uma coisa que eu gosto de fazer. Tive que me controlar por anos para não dar merda, mas eu gostava de ser policial. Quem quer fazer polícia, você pode passar para analista de tribunal, ganhar 20 mil. Troca. Não vai para o RJ. É um terço da sua vida fazendo o que você ama. Entra para a PF, se dedica, fica, que vale a pena cada minuto da tua vida, tá?”, concluiu.

 

Propaganda presidencial para cursinho

 

Na última semana, também caiu na rede um vídeo onde o presidente Jair Bolsonaro faz propaganda de uma escola de concursos que oferece preparatórios para os certames da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, previstos para 2021. Na gravação, o chefe do Executivo deseja sorte aos estudantes e diz que vai empossá-los no ano que vem.

O conteúdo foi postado duas vezes nos perfis do fundador e presidente do AlfaCon, Evandro Guedes. Uma das publicações, contudo, já foi apagada. Nela, Guedes tinha colocado a logo da escola junto à mensagem de Bolsonaro, no intuito de promover o cursinho: “Ano que vem teremos 2000 vagas para PF e 2000 PRF! “Você não pode arriscar estudar em outro lugar!” TAOKEY”, escreveu.

Dias depois, Evandro disse se tratar de um vídeo antigo, de quando o presidente ainda era candidato.

No entanto, advogados consultados pela reportagem, afirmaram que a atitude do presidente viola a Constituição Federal, porque um agente público precisa agir com impessoalidade, probidade e neutralidade, e também vai contra o Código de Conduta da Alta Administração Federal.

Em resposta, o Palácio do Planalto afirmou ao Correio que “trata-se de mera mensagem de incentivo dirigida a pessoas que estão estudando para concurso. É importante destacar que o Presidente da República gravou um vídeo apenas desejando boa sorte para estudantes já matriculados na instituição, ou seja, não houve nenhuma publicidade para o cursinho como o escopo de aumentar número de alunos. Também não houve nenhum comprometimento de aprovação dos alunos. A fala do Presidente é genérica e motivadora. Ademais, a projeção de um futuro otimista é modo simpático de estimular o estudo para possíveis futuros servidores públicos àqueles que tenham o objetivo de vir a eventualmente desempenhar a nobre função. Portanto, não há que se falar em violação aos princípios constitucionais de moralidade e da impessoalidade ou quaisquer outros.

O presidente do AlfaCon é próximo à família Bolsonaro e já gravou vários vídeos ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Em 2018, antes do primeiro turno das eleições, o filho do presidente da República ministrou uma palestra no cursinho e fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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Na ocasião, Eduardo ameaçou a Suprema Corte caso a instituição decidisse impedir que o pai assumisse o Palácio do Planalto se fosse eleito já em primeiro turno e declarou que, para fechar o STF, bastava “um soldado e um cabo”. Publicado em 

 

Alfacon tem como acionista a Somos, controlada pela Kroton, maior grupo privado de educação do Brasil; em aulas, fundador se gaba de ter torturado presos e sugere mentir para alegar legítima defesa.

A Alfa Concursos, escola de ensino em que professores ensinam técnicas de tortura e execução para futuros policiais militares, tem como um de seus sócios a Somos Educação, empresa controlada pela Kroton, maior grupo privado de educação do Brasil. Documentos obtidos pela Ponte confirmam a ligação do grupo com a escola para concurseiros. Em vídeos, seu fundador e presidente, Evandro Bitencourt Guedes, ensina formas de torturar presos durante ações de intervenção em unidades prisionais, afirma que "matar traveco com pinto não é feminicídio" e, em dobradinha com o deputado Eduardo Bolsonaro, defende a excludente de ilicitude.

 

Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, gravou fez a declaração numa aula de preparação para concursos públicos, em Cascavel-PR, da empresa AlfaCon, em 9 de julho.

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