Polícia Federal de Tuma invade a Universidade Federal de Minas Gerais para prender professores que defendem a Liberdade ainda que tardia
Circo na UFMG
Faltam provas e sobram dúvidas sobre os reais objetivos da operação que investiga Memorial da Anistia
Por Lucas Simões. Com Rafael Mendonça e José Antônio Bicalho
Em uma operação embasada em suposições, sem apresentação de provas concretas, aliada a uma coletiva de imprensa vaga e tumultuada, a Polícia Federal (PF) voltou a protagonizar mais um circo midiático, desta vez em Belo Horizonte. Na manhã desta quarta-feira (6/11), o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jaime Arturo Ramirez, e a vice-reitora, Sandra Regina Goulard Almeida, além de outros seis professores da instituição, foram conduzidos coercitivamente, ou seja, à força, por policiais federais para prestarem depoimentos na sede da PF.
ENTENDA O MEMORIAL
O Memorial da Anistia começou a ser construído em 2009, com orçamento inicial de R$ 25,6 milhões, posteriormente reduzido para R$ 19 milhões, através de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ao todo, as obras previam a reforma da edificação conhecida como “Coleginho”, um prédio datado do início do século XX onde funcionou o Ginásio Aplicação, colégio de primeiro grau da UFMG, na rua Carangola, bairro Santo Antônio. Além dele, o projeto prevê a construção de dois prédios anexos e uma grande praça de convivência em homenagem às vítimas da ditadura.
Questionado se a PF apresentaria provas concretas contra os 11 professores da UFMG acusados durante a coletiva de imprensa convocada para as 10h desta quarta-feira, o delegado Lacerda não revelou mais detalhes. “Nós temos documentos de bolsistas que deveriam receber pelo Fundep, mas não receberam. Também investigamos uma editora de livros que parece ser fantasma e que teria usado recursos do Memorial para imprimir títulos que não têm a ver com o projeto. Mas tudo será apurado”, disse.Segundo o delegado, as bolsas de pesquisas desviadas do Memorial da Anistia variavam de R$ 1.500 e R$ 8.000 mensais. Porém, a professora doutora Maria Stella Goulart, do Departamento de Psicologia da UFMG, questionou os valores e também as acusações sobre compra de livros de uma suposta editora fantasma. “As bolsas de iniciação científica são de R$ 400 na graduação. Não temos nenhum valor que chega nem perto dessas cifras que o delegado está citando. E sobre os livros, que foi o único exemplo que ele deu de uma suposta irregularidade, que livros são esses? Quais os títulos? Quem analisou para dizer que não tem a ver com o Memorial? Isso ele não respondeu e nem quer”, disse a professora. Leia mais