08
Mai20
Peça 4 – o caso Sérgio Moro desleal com a profissão e com Bolsonaro
Talis Andrade
V - Xadrez de Moro e a mídia no país dos arrivistas
por Luis Nassif
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Dou essa volta toda para chegar ao tema central, o fenômeno midiático Sérgio Moro e os receios de uma volta da mídia na tarefa de incensar Moro, conforme preocupação de Flávia Lima, ombudsman da Folha, “A imprensa e seu ídolo”, que mantém a boa tradição do trabalho de ombdusman.
Em uma análise isenta, poucas pessoas públicas sintetizam tão amplamente os defeitos de caráter – imaginando o caráter moldado por valores éticos – quanto Moro. E ninguém pode alegar ignorância em relação ao tema, depois da série sobre a #Vazajato.
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Desleal com a profissão e com Bolsonaro
- Divulgou delação (não aceita) de Antônio Palocci na véspera das eleições, para beneficiar o candidato que o convidou para ser Ministro da Justiça.
- 02.2019 – Quando sai a reportagem do The Intercept, Bolsonaro leva Moro a estádio de futebol para expressar sua solidariedade a ele.
- 02.2020 – 68 dias antes do pedido de demissão, esposa, e mentora política, Rosângela Moro, deu entrevista afirmando que “Moro e Bolsonaro são uma coisa só”.
- 02.2020 – Vai a um jogo do Flamengo com Bolsonaro, para sinalizar a boa relação entre ambos.
- 04.2020 – 22 dias antes do pedido de demissão, publica um Twitter elogiando comportamento “conciliador” de Bolsonaro.
- 04.2020 — Pede demissão, para “preservar a biografia”, depois que Bolsonaro praticamente o induziu à demissão, ao ordenar a saída do diretor geral da PF.
- 04.2020 — Provoca um diálogo por WhatsApp com uma afilhada de casamento e a expõe em pleno Jornal Nacional.
- 05.2020 — Entrega à PF e ao MPF 15 meses de gravações de conversas pessoais com Bolsonaro. Mesmo sabendo quem é Bolsonaro, poucas vezes viu-se um episódio tão explícito de deslealdade. Se Bolsonaro não tivesse pressionado, as gravações continuariam guardadas e a amizade preservada.
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Irregularidades no comando da PF
- 03.2019 — Sai informação de que filho de Bolsonaro teria namorado filha de Ronnie Lessa, o assassino de Marielle Franco. Logo depois, um delegado da PF é enviado ao Rio Grande do Norte para interrogar Ronnie Lessa. O contato de Bolsonaro com a PF era através de Moro. Bolsonaro afirma que o delegado produziu um relatório pessoal para ele. Obviamente não era sobre namoricos dos filhos.
- 11.2019 – enviou a PF para pressionar porteiro a mudar depoimento que envolvia Bolsonaro com o assassino de Marielle Franco
- 02.20 Moro determina que PF investigue Lula, com base na Lei de Segurança Nacional, por críticas a Bolsonaro. Recua após críticas generalizadas.
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Abuso de autoridade
- 07.2019 – Editou portaria para ameçar Glenn Greewald de expulsão do país, devido à #Vazajato. Recuou devido às críticas.
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Genocídio
- 10.2019 – Defende a força tarefa enviada para os presídios do Pará, depois que o Ministério Público Federal denunciou uso recorrente de tortura por parte dela, inclusive de presas obrigadas a sentar em formigueiros.
- 03.2020 – Com o coronavirus ameaçando uma devastação nos presídios, ordena a suspensão de visitas aos prisioneiros, aumentando o clima de tensão.
- 03.2020 – Divulga Fake News, de suposto preso libertado devido ao coronavirus e que teria voltado a cometer crimes.
- 04.2020 – Em resposta às críticas de que a superlotação provocaria um genocídio nos presídios, volta a invocar a “proteção aos cidadãos” para criticar a soltura de presos de baixa periculosidade.
- 04.2020 – o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), vinculado ao Ministério da Justiça, e principal porta-voz de Moro para questões penitenciárias, sugere colocar presos com Convid-19 em containers. A sugestão merece o repudio de vários ex-Ministros da Justiça, em carta aberta.
Segundo informações da imprensa, Moro só entregou à PF as mensagens trocadas com Bolsonaro nos últimos 15 dias.