Peça 2 – o fim do ciclo militar
XADREZ DE BOLSONARO SE DESMANCHANDO NO AR
por Luis Nassif
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Fica claro, na quadra atual, que o governo Bolsonaro é fundamentalmente um governo militar. Centrão, olavistas e quetais são aliados de ocasião. A verdadeira cara do bolsonarismo são os militares que levou para o Palácio.
Bolsonaro nunca foi do trabalho. É inimaginável vê-lo tomando decisões administrativas no dia-a-dia ou prestando atenção em qualquer tema de administração pública ou política. A verdadeira gestão de governo é feita pelos militares acantonados no Palácio – generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos e Eduardo Pazuello. E, em outros tempos, Fernando Azevedo.
São eles que definem os passos de Bolsonaro, alertam quando suas loucuras chegam às raias da ebulição, definem suas alianças políticas e, em tese, as prioridades administrativas.
Os resultados até agora comprovam ser uma das equipes mais canhestras e descompromissadas com o interesse nacional na história da República.
Em relação à ditadura, mantém a mesma insensibilidade sobre educação, políticas sociais e emprego. E, ao contrário da era Geisel, nenhum compromisso em relação a projetos de desenvolvimento.
É de sua responsabilidade direta o esvaziamento do sistema de inovação, do INEP, da CAPES, os atrasos na compra de vacinas e o consequente desastre do combate à pandemia, a crise com a Receita, os conflitos com governadores, o escandaloso orçamento secreto, os problemas ambientais.
Foram literalmente jantados pelas raposas do Centrão, que montaram suas tendas em pleno Palácio do Alvorada.
Doravante, o militarismo na política só sobreviverá pelos chamados medos ancestrais. É o caso do Ministro Luis Edson Fachin, que inibiu-se com um mero twitter do general Villas Boas e, agora, leva para o Tribunal Superior Eleitoral um general representante do Partido Militar, como anteparo contra eventuais pressões da tropa. (Continua)