Para justificar palestra clandestina denunciada pela Intercept e Folha, Sérgio Moro mentiu duas vezes
O ministro Sérgio Moro resolveu duelar com repórteres da Folha e do Intercept sobre a palestra clandestina que ele fez em 2016 para o Grupo Sinos, no Rio Grande do Sul.
Na tentativa de desacreditar a reportagem da Vaza jato, deste domingo (4), o ex-juiz posou de bom samaritano. Segundo ele, uma doação para entidade filantrópica foi escondida para não parecer autopromoção.
De pronto, a jornalista Amanda Audi, do Intercept, devolveu: “Errado. O ministro não escondeu a doação à caridade, mas sim a palestra remunerada”.
Mais cedo, o ministro também distorceu a reportagem da Folha sobre a palestra clandestina que não apareceu no cadastro eletrônico de 2016. “Detalhe, o cadastro foi criado depois, em 2017”, jurou Moro. Mas é de junho de 2016 a resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça que tornou obrigatório para juízes de todas as instâncias o registro de informações sobre palestras e outros eventos.
O ex-juiz afirmou ainda que, para a Folha, o cadastro é mais importante que a “caridade” que promoveu ao doar R$ 10 mil para o Pequeno Cotolengo de Curitiba.
Para a repórter do Intercept, Moro contraria a Resolução nº 226/2016 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que preza pela transparência dos atos de um servidor público.