Oreny Júnior
precoce solidão
a solidão é colhida
na sua precocidade
à sombra de bonsais
expostas nas janelas
entre redes protetoras de suicídios
do vigésimo segundo andar
sonhos venosos
palavras com tromboses
línguas em fiapos
almas em desníveis
atos grogues
sonhos venosos
caverna
colho
essa
pérola
em
noite
de
caverna
escura
reconheço
com
o
dedo
a
esfera
úmida
em
cristais
busco
essa
flor
alga
em
água
límpida
caverna
do
meu
dragão
domado
despí o eu
despi
o eu
no pó
lago
da poesia
esse eu
não narciso
não espelho
bêbado
de imagens
reflexos
vultos
do
medo
em poesia
o infarto do poema
saudade dos meus
como gostaria de poder abraçá-los
beijá-los
poder dizer nos olhos de cada um
o quanto eu os amo
saudade dos meus
iwska eu te amo
iury eu te amo
paixão eu te amo
mamãe, papai eu te amo
meu irmãos eu te amo
oh dor
que estreita esse mar
em lágrima
olhos de canal
mar lacrimal
o homem morre
quando é retirado do seu solo
extraído brutalmente
desse útero geográfico materno
saudade meus amores
aqui jaz um poema