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O CORRESPONDENTE

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21
Mai20

O projeto de poder que levou Bolsonaro de carona à Presidência segue operando intensamente

Talis Andrade

 

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III - A guerra entre Moro e Bolsonaro, plim plim por plim plim

por Osvaldo Bertolino

- - -

Traque e bomba

As tensões políticas no país se avolumam rapidamente. O presidente Jair Bolsonaro, já um fantasma que ronda o terceiro andar do Palácio do Planalto – onde fica a cadeira da Presidência da República –, assombra o país com ameaças e gritos, mas se mostra incapaz de encontrar um caminho para seguir em frente. Bolsonaro se transformou numa figura isolada, mergulhada em seus devaneios e disposta a reagir como fera acuada.

Até onde ele pode levar a sua aventura ainda é um ponto de interrogação. O que lhe resta de apoio efetivo se limita às suas milícias, que atuam em frentes como os subterrâneos da marginalidade social, as seitas que traficam a fé e o crime organizado nas redes sociais. Seu governo está infestado de tresloucados, além de alguns militares ainda fiéis a ele. 

Em busca de respaldo, já se fala abertamente em compra de apoio no Congresso Nacional. Mas a operação tem se mostrado difícil, tal o grau de descrédito de Bolsonaro. Ninguém se arrisca a apostar alguma ficha no futuro do seu governo, o que vai lhe deixando como única alternativa se lançar em aventuras contra as instituições, criando no país uma situação de convulsão política, que eventualmente possa lhe favorecer.

As probabilidades de sucesso nessa empreitada são mínimas. Para ter sucesso, Bolsonaro precisa vencer os demais Poderes da República – o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) –, as organizações que representam a sociedade, os movimentos sociais e a quase totalidade da mídia. É muita guerra para pouca munição. Mesmo o apelo às Forças Armadas não encontra eco, conforme disse recentemente o ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo.

O grande problema para Bolsonaro é a formação de um processo político com força para sustentar seu projeto de poder. O bolsonarismo chegou ao governo cavalgando o lavajatismo, impulsionado pela mídia, sobretudo o Grupo Globo. Ou seja: ele entrou em um barco que navegava desde a farsa do “mensalão”. Sem esse lastro para se manter no poder, só lhe resta se voltar para as suas históricas bases de apoio – os agrupamentos milicianos que agora se manifestam como se a chegada de Bolsonaro à Presidência da República fosse por seus méritos.

Essas debilidades do bolsonarismo não significam que o projeto de poder eleito em 2018 está debilitado. Basta ver o jogo pesado do Grupo Globo em torno da barulhenta saída do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo. O estardalhaço feito em torno das suas delações contra Bolsonaro dava a entender que ele estava de posse de uma bomba de alto poder de destruição. Quando tudo veio a público, o que se viu foi um traque.

Mas o Grupo Globo, seguido por grande parte da mídia, tenta manter a versão de que o traque é uma bomba poderosa. “O depoimento é uma bomba política, que só desmoralizará quem não quiser investigar”, escreveu Merval Pereira, porta-voz dos Marinho, em sua coluna no jornal O Globo. O caso pode não dar em nada, mas reforça as acusações que pesam contra Bolsonaro, de consequências políticas imponderáveis.

Moro não saiu do governo à toa, pelos motivos que foram espalhados pela mídia. Aldo Rebelo, na mesma entrevista, diz que Bolsonaro possivelmente estava com medo de que a Polícia Federal fosse usada contra ele, como ocorreu com seus antecessores. Segundo ele, quem mais usou a Polícia Federal foi Moro, não Bolsonaro, que tinha receio desse uso. Ou seja: o projeto de poder que levou Bolsonaro de carona à Presidência da República segue operando intensamente.

 

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