Minha filha mais velha, quando menina, ganhou um quadro de palhaço, pendurado na parede oposta cabeceira da cama.
Embora feito com carinho pela avó, pintora amadora, o quadro não a divertia, assustava, sobretudo quando vinha a noite.
A noite econômica está caindo sobre o Brasil, embora os comentaristas econômicos prefiram ficar em cima do muro dizendo que a mais brutal paralisia da economia produtiva mundial seja apenas uma “incerteza”.
Não é e, ao contrário da de 2008, não se move do mundo das finanças para a economia real, mas em sentido inverso.
Hoje, os maiores pesos-pesados do dinheiro no Brasil vão se reunir com Jair Bolsonaro na Fiesp.
Nenhum deles perguntará “o que é PIB”?.
Não, como crianças ranhentas, chorando pitangas com seus bilhões, não é pedir mais “balas”: privatizações, queda dos juros, menos impostos, mais cortes e sacrifícios para o pessoal que não está no circo, mas está na lona.
Sabem que estão com um idiota imprestável: muito útil para iludir o público mas que nenhum deles colocaria a gerir a sua menor filial.
Parece incrível, mas só depois de mais de três décadas comecei a entender o medo de minha filha.
O palhaço pode ser uma máscara de idiotia para esconder um monstro.
A noite começou a cair e, como costuma acontecer, toda a gente só vai só vai perceber quando estiver bem escuro.