Militares fuzilam família num carro. E seus oficiais aplaudem
por Fernando Brito
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No “pacote Sérgio Moro”, a família atacada a tiros pelo Exército, hoje, em Guadalupe, no Rio de Janeiro, deve ter sido morta por ” escusável medo, surpresa ou violenta emoção”.
Não importa, disparar dezenas de tiros de fuzil contra um carro onde, além do motorista que o dirigia, havia um idoso, uma mulher e uma criança de sete anos.
O comando do Exército deu seu aval para a fuzilaria: dispararam contra os militares.
É verdade: mas horas antes, em outro local.
A única coisa semelhante era o carro, um modelo popular e a cor branca da lataria e a cor negra do motorista.
Ignoram a evidência, ao simples olhar, de que há, só nos vidros do carro, pelo menos dez disparos sobre motorista e passageiro e nenhum vestígio de tiros de dentro para fora.
O vice-presidente Hamilton Mourão disse hoje, em palestra nos Estados unidos , que ele e o presidente Jair Bolsonaro entendem que, se o governo “falhar, errar demais”, “essa conta irá para as Forças Armadas” .
Já fizeram pior. Fizeram de rapazes sob seu comando assassinos em potencial, equipararam-nos ao que há de pior numa tropa inferior, a Polícia Militar,
Mas oficiais em comando que legitimam isso, como aqueles que, mesmo em guerras de verdade, estimulam, aceitam ou acobertam assassínios covardes ficam ainda pior.
Tornaram-se cúmplices de um projeto de extermínio do povo que deveriam defender.