Lula espera voltar ao Brasil mais disposto para lutar, após encontro com o papa Francisco em Roma
O papa Francisco recebeu o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em audiência privada na tarde desta quinta-feira (13), no Vaticano. O carro trazendo Lula chegou por volta das 15h40 (11h40 no Brasília) e o encontro durou cerca de uma hora.
Correspondente da RFI em Roma
Após a audiência, Lula fez uma declaração à imprensa na sede da Cgil, o maior sindicato de trabalhadores da Itália. "A razão da minha vinda à Itália foi discutir com o papa Francisco a questão da desigualdade social e da sua luta em defesa de uma boa política ambiental", disse.
Lula também afirmou que um dos pontos mais marcantes do encontro foi quando Bergoglio disse querer "realizar coisas irreversíveis, que fiquem para sempre no seio da sociedade". "Se todo ser humano, ao atingir 84 anos tiver a força, garra e disposição que ele tem, de levantar temas instigantes para o debate, acredito que podemos encontrar soluções mais fáceis", declarou Lula.
O ex-presidente disse ainda que não poderia deixar de visitar os três maiores sindicatos italianos durante a passagem por Roma. "Foi daqui que tirei muitas lições que coloquei em prática no Brasil e onde aprendi que o movimento sindical não é um órgão de colaboração e sim de contestação aos desvios feitos por empresários ou governantes", afirmou.
"Ato político"
Loris Zanatta, especialista em política sul-americana da Universidade de Bolonha, afirma que o encontro entre o Francisco e Lula "foi um ato político". "O papa é claramente contrário a Bolsonaro e já havia manifestado seu afeto a Lula enviando-lhe uma carta enquanto estava na prisão. O papa não esconde suas preferências políticas e, assim, inevitavelmente, há o risco da Igreja fazer política e a política virar religião", afirmou Zanatta.
Lula chegou a Roma na manhã de quarta-feira (12) em um voo direto de São Paulo. À tarde, reuniu-se com representantes dos movimentos sociais e integrantes do Comitê “Lula Libero”. O ex-presidente manteve ainda uma série de encontros privados com políticos e autoridades italianas no hotel onde ficou hospedado, nas proximidades do Vaticano.