Lava Jato procura desviar a atenção dos crimes que cometeu contra a pátria
por Umberto Martins
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Os fenômenos sociais não costumam ocorrer por acaso, embora este tenha também o seu papel na determinação da história humana. No que diz respeito à Lava Jato, os registros mostram que suas operações são antecedidas por um frio cálculo político, como se viu na liberação das delações de Palocci pelo ex-juiz Sergio Moro na véspera do pleito presidencial de 2018. Não foi diferente na sexta-feira (3).
A escolha da data para as buscas e apreensões na residência do senador José Serra (PSDB) teve o propósito de desviar a atenção da opinião pública para revelações que desnudam o verdadeiro caráter e objetivo da operação levada a efeito pela chamada República de Curitiba.
Os lavajatistas querem reforçar a aparência de que se trata de uma nobre iniciativa através da qual fica comprovado que a Lava Jato é apolítica, apartidária e focada única e exclusivamente no épico combate à corrupção, apresentado como o mal maior que inferniza este pobre país. Mas a aparência, como alertam os filósofos, nem sempre corresponde à essência e pode ser, como neste caso, uma cínica inversão da verdade. Fatos, versões e interesses diversos se entrecruzam nesse drama. (Continua)