III - As malas e os malas da política brasileira
O mala sempre existiu. Ademar de Barros, interventor e governador de São Paulo, foi candidato a presidente do Brasil, em 1960, com o slogan "rouba, mas faz". Outro candidato a presidente, e também líder civil da didatura militar, Paulo Maluf.
Para citar outro da política de São Paulo, Delfim Neto, o pai da correção monetária dos governos militares, que ainda persiste na justiça, que faz parir gordos precatórios que, para ser pagos, precisa da assinatura de um presidente de tribunal.
Para acabar com a corrupção, o Brasil fez uma Revolução em Trinta, a campanha presidencial da vassoura de Jânio em 1960, e instalou uma ditadura militar em 64.
O incrível, que a única medida eficaz que até hoje existe contra a corrupcão, tenha sido de Fernando Collor, presidente em 1990.
O fim do cheque ao portador, que é aquele em que não foi definido o beneficiário. Que pode ser sacado por qualquer pessoa ou depositado em qualquer conta bancária, criou a necessidade da mala, que nenhum ladrão vai querer receber uma propina paga com cheque nominal ou cruzado.
Quando o valor a ser pago é acima de cem reais, utiliza-se o cheque nominal. Nele, o nome do beneficiário é escrito por extenso no local adequado da folha. Dessa maneira, ao contrário do cheque ao portador, ele só poderá ser sacado pelo beneficiário ou depositado em sua conta.
Assim sendo, a propina passou a ser paga em dinheiro vivo. Teve governador que colocou o dinheiro nas meias. Deputado na cueca. Deputada, na calcinha, no sutiã.