II - As malas e os malas da política brasileira
Era costume no Sertão, com a morte de ricos avarentos, a família cavar salas e quartos a procura de botijas de ouro e prata enterradas.
No Brasil hoje, a Polícia Federal procura dinheiro nos apartamentos de funcionários do legislativo e do executivo. Nada de procurar nas residências dos cortesãos dos palácios da justiça, porque possuem anistia antecipada para todos os crimes. A máxima condenação para um juiz, um desembargador: o prêmio de uma aposentadoria antecipada.
Achar dinheiro é fácil. Na Operação Tesouro Perdido, a Polícia Federal encontrou malas e mais malas no apartamento de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) em Salvador.
A reação do presidente Michel Temer foi imediata. Trocou o sofá da sala, isto é, nomeou Fernando Segóvia diretor da Polícia Federal, que questionou: Mala com R$ 500 mil "talvez" seja insuficiente para provar crime.
Acontece que são várias malas.
O ministro Geddel é conhecido como um dos carregadores de malas do presidente Temer.
Para Segóvia, o papel de Temer no crime apontado pela Procuradoria Geral da República "é um ponto de interrogação que está no imaginário popular".
Rodrigo Janot que era o chefe da PGR, e também substituído por Temer, não demorou na resposta. Chamou Segóvia de "pau mandado". E questionou:"A pergunta que não quer calar é: ele se inteirou disso ou está falando por ordem de alguém?"