"Heróis matam", o culto nazista do general Mourão
Escrito no chão: "Aqui moro um torturador". 31 de março de 2014, escracho em frente da casa do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, no Lago Norte, bairro nobre de Brasília. Ex-chefe do Doi-Codi de São Paulo, Ustra foi condenado por crimes de tortura, durante a ditadura militar, mas não chegou a ser preso. Que no Brasil a justiça tem lado
Quase sete anos após a tragédia, o filme " apresentado no Festival de Cinema de Berlim este ano, reconstitui o ataque na capital norueguesa e o massacre de Utoya realizado pelo neonazista Breivik, revivendo em tempo real o drama dos jovens noruegueses.
Consciente de reabrir feridas em seu país, o diretor Erik Poppe justificou sua abordagem à imprensa. "Se esperarmos até que não doa mais, será muito tarde. É difícil, mas deve ser parte do processo de cura", explicou.
Memorial aos mortos de Utoya, massacrados por um terrorista da direita volver
O Brasil precisa fazer a mesma terapia, que os direitistas das castas militares passaram, com a campanha de Bolsonaro pai a presidente, e dos Bolsonaro filhos a senador pelo Rio de Janeiro e deputado federal por São Paulo, a endeusar o torturador e assassino coronel Brilhante Ustra.
"Heróis matam", justificou o general Mourão, candidato a vice-presidente do Brasil na chapa de Jair Bolsonaro, o armamentista da direita volver.
Anders Behring Breivik matou 69 pessoas, principalmente adolescentes, em 22 de julho de 2011.
Disfarçado de policial, o extremista de direita caçou por mais de uma hora suas vítimas, em um acampamento de verão da Juventude do Partido Trabalhista.
"Heróis [da direita] matam", vem repetindo o general Mourão.
Sem jamais ter expressado remorso, Ustra e Breivik justificaram seus crimes. Ustra representa a covardia, a crueldade, a frieza dos torturadores e assassinos das ditaduras do Cone Sul. Breivik, simboliza o revanchismo nazista, a consumação do mais grave atentado na história pós-guerra na Noruega, pelo fato de que suas vítimas abraçavam o multiculturalismo.
Para Erik Poppe, ex-fotógrafo de guerra, a ideia do filme nasceu porque "a memória do que aconteceu nessa ilha desapareceu", ofuscada pelas muitas provocações de Breivik e pelo debate sobre um memorial dedicado às vítimas.
O norueguês rapidamente descartou a ideia de um documentário. "Com uma ficção, podemos ser capazes de contar algo mais próximo da realidade" do que concentrando-nos em alguns depoimentos.
Foi ao consultar sobreviventes e parentes das vítimas que começou a construir uma história "inteiramente do lado dos jovens", com longas tomadas, incluindo uma sequência de 72 minutos, do ponto de vista de uma personagem.
O tempo exato do massacre na pequena ilha, localizada ao noroeste de Oslo. Um elemento que convenceu a atriz de 19 anos Andrea Berntzen a se envolver no projeto.
Por uma hora e meia, o filme segue a personagem que ela interpreta, Kaja, uma garota séria que cuida de sua irmã Emilie, e que não para de procurá-la assim que ouve os primeiros tiros.
Do massacre, o filme não mostra quase nada, com exceção de jovens feridos ou morrendo. Ele se concentra nos sons assustadores e nos sentimentos dos jovens que lutam pela sobrevivência na ilha.
Do atirador, apenas vemos uma silhueta à distância. Para evitar acordar memórias dolorosas, o filme foi filmado em uma ilha perto de Utøya, mas não no local, com atores principalmente amadores.
Outros projetos estão em andamento sobre este drama, incluindo uma série de seis episódios na Noruega sobre o destino daqueles que foram indiretamente afetados. A estreia está programada para 2019.