Há 4 anos, advogado de réus da Lava Jato alvo de investigação tinha escritório nos fundos de papelaria em Campo Grande
Endereço está registrado na OAB. A partir de 2016, Nythalmar Ferreira Filho passou a defender investigados que respondem a processo na 7ª Vara Federal Criminal do RJ
Por Arthur Guimarães, Ben-Hur Correia, Marco Antônio Martins e Paulo Renato Soares /G1
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G1 - Em 2016, o advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, alvo de busca e apreensão na Lava Jato nesta sexta-feira (23), atuava em casos de pequenos furtos. O seu escritório ficava nos fundos de uma papelaria, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.
A partir de agosto daquele ano, ao defender Edno Negrini – investigado por suspeitas de irregularidades na Eletronuclear –, Nythalmar passou a ter outro status. Agora, aos 30 anos, ele tem clientes que são, em sua maioria, investigados pela Lava Jato do RJ. Um deles é o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (veja, abaixo, uma lista desses clientes).
A Polícia Federal informou que o processo envolvendo o advogado está sob sigilo — razão pela qual não detalhou por que Nythalmar é investigado nem que suposto crime ele teria cometido.
O G1 apurou que o advogado abordava possíveis clientes dizendo que teria amplo acesso ao juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do RJ e responsável pela Lava Jato no estado. O advogado prometia conseguir penas mais brandas, benefícios para cumprir a prisão e cobrava altos honorários para isso.
Marcelo Bretas não foi alvo da operação e disse que não fará comentários.
O G1 também apurou que, ao cumprir os mandados nesta sexta, os agentes buscaram documentos ou evidências que comprovassem os crimes de tráfico de influência e exploração de prestígio junto a agentes públicos.
Os policiais estiveram em endereços ligados a Nythalmar, nos bairros de Campo Grande, Centro, Catete e Ipanema – um desses locais é escritório junto à antiga papelaria.
Em Ipanema, os agentes entraram em um prédio acompanhados de um procurador do Ministério Público Federal e de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil.
No mandado de busca e apreensão, expedido pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio, a juíza Rosália Monteiro Figueira determinou a apreensão de documentos, computadores e qualquer registro que tivesse relação com dois crimes:
- Art. 332: Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função.
- Art. 357: Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha.
Os métodos e as críticas que Nythalmar faz a outros advogados o levaram ao Tribunal de Ética e Disciplina da OAB do Rio. A representação contra ele, feita por outro advogado, está sendo avaliada, e o processo é sigiloso.
Lista de clientes importantes
Nythalmar tem uma lista de clientes importantes que já defendeu:
- Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados;
- Fernando Cavendish, ex-dono da Delta Construções;
- Marco Antônio de Luca, prestador de serviços para o governo de Sérgio Cabral;
- e Alexandre Accioly, empresário