Favela holding
Os moradores de favela movimentam cerca de R$ 63 bilhões/ano gerados pelo empreendedorismo de 24 empresas, agrupadas na Favela Holding
“Quando você evita um termo para se livrar do estigma, como é o nome Favela, você reforça o estigma. Você não pode mudar o nome do lugar, mas você pode mudar a realidade”.
O autor é Celso Athayde, nascido em 1963, empresário, produtor de eventos e ativista social. Completando o currículo: nasceu na Baixada Fluminense, onde viveu até os sete anos, criado na Favela do Sapo. Antes de completar 20 anos, já havia morado em três favelas, em abrigos e na rua.
Hoje, autodidata, é coautor com o rapper MV Bill do livro Falcão – Mulheres do Tráfico, do documentário Falcão – Meninos do Tráfico, fontes para e Cabeça de Porco, livro de autoria do sociólogo Luiz Eduardo Soares.
A obra mais recente (três edições, a primeira em 2014), Um País Chamado Favela – A maior pesquisa já feita sobre a favela brasileira, Renato Meirelles&Celso Atahyde, revela dados impressionantes sobre o desafiador fenômeno urbano brasileiro que expõe a cidade partida entre “o asfalto e a favela”.
Mesmo considerando a visão crítica da academia sobre a pesquisa, Luiz Eduardo Soares adverte: “A obra inaugura um novo momento, um tempo de abertura, liberdade crítica, diversidade. A era em que não é mais preciso crachá e diploma para se fazer ouvir e para escrever a história do nosso país”.
O ponto de partida foi a criação da CUFA, (Central Única das Favelas), idealizada e fundada por Celso Athayde em 1999, Organização Não-Governamental que promove um amplo e diversificado repertório de projetos sociais. Hoje, está presente nos 27 estados brasileiros em 17 países.
O conhecimento de quem teve a favela por berço não submeteu Celso ao destino da vitimização ou da idealização poética de que “morava pertinho do céu”. Entendia do assunto e se propôs a mudar, com a força da união, o roteiro da tragédia pessoal e social.
Criou o lema: “Favela não é carência, favela é potência”. Partiu da CUFA, para explorar o empreendedorismo social. Atualmente, é o CEO da Favela Holding, grupo de 24 empresas a exemplo de logística, passagens aéreas, economia criativa e vários segmentos que movimentam cerca de R$ 63 bilhões/ano.
A Favela Holding está lançando um fundo de venture capital de R$ 50 milhões para startups. Neste mês de abril, ocorreu, em São Paulo a 1ª Expo Favela. Em maio, Athayde receberá, em Davos, o Prêmio de Empreendedor de Impacto Social e Inovação da Fundação Schwab.
Por aqui, as favelas permanecem invisíveis para os governos.