Dois sem-terra assassinados e "Jagunço" diz que Bolsonaro autorizou matar “bandidos”
Dois camponeses morrem e sete ficam feridos
Sargento reformado João Benedito Neto, vulgo "Jagunço Olho do Cão"
Dois homens morreram e outras sete pessoas ficaram feridas durante um confronto armado na madrugada de sábado (05), nas terras griladas pelo governador Silval Barbosa e o deputado José Geraldo Riva, denominadas Fazenda Agropecuária Bauru (Magali), em Colniza (a 1006 quilômetros de Cuiabá).
Na fazenda estão acampados seguranças da empresa Unifort, de propriedade de João Benedito da Silva Neto, ex-sargento da Polícia Militar do Mato Grosso, que atende pelo apedido de Jagunço Olho do Cão.
Segundo o site O DOCUMENTO, apesar de nenhum documento ter sido apresentado, o representante da Unifort, e chefe dos seguranças e jagunços, João Benedito da Silva Neto diz que a fazenda está legalizada e se sente no direito de matar os trabalhadores rurais. “A fazenda é do Riva, houve invasão dos sem-terra, que agora não é mais sem-terra. Segundo Bolsonaro são bandidos… morreram dois bandidos e cinco baleados, estão no hospital…Estou subindo pra Colniza com mais 15 homens pra reforçar lá”.
Existem cerca de 200 membros da Associação Gleba União que residem no local, e vivem do plantio de lavoura de subsistência. Eles afirmavam que só deixariam o local se Riva e/ou Sinval apresentassem documentos que comprovassem a posse da terra de 46 mil alqueires. Há quatro meses, o Ministério Público Estadual, por meio da Promotoria de Justiça de Colniza, oficiou o Governo do Estado sobre risco de conflito armado no local. A preocupação é que ocorra uma tragédia como a chacina de abril de 2017, na qual nove pessoas foram mortas naquela região - área de desmatamento florestal, e dominada pelo tráfico internacional de madeira nobre.
Fazenda citada em delação do governador corrupto
A fazenda em questão foi citada pelo ex-governador do Estado Silval da Cunha Barbosa em sua delação premiada. Ele declarou que negociou com o ex-deputado José Geraldo Riva a compra de uma fazenda pela quantia de R$ 18 milhões no município de Colniza, denominada “Fazenda Bauru”. O delator disse que pagou apenas R$ 4,5 milhões neste contrato, pois a compra não foi para frente. Admitiu que valor para a aquisição era oriundo de propinas do programa “MT Integrado".