Da cura-gay ao assassinato de lésbicas e convivência com 500 mil prostitutas infantis
Noticiou a imprensa: Duas mulheres foram mortas a tiros na noite desta quinta-feira (21 de setembro último), no bairro Novo Horizonte, em Linhares, no Norte do Espírito Santo. Elas estavam em uma motocicleta. Uma das vítimas ainda conseguiu descrever o criminoso para a polícia antes de morrer.
Segundo testemunhas, Meiryellen Bandeira, de 28 anos, e Emilly Martins Pereira, de 21, passavam pela rua Jânio Quadros de moto quando foram atingidas pelas costas.
Quando a polícia chegou, Meiryellen já estava morta, ao lado da moto, e cerca de 100 metros depois estava Emilly, ainda viva. Ela foi socorrida e levada para o Hospital Rio Doce, mas não resistiu e morreu na madrugada da sexta-feira (22).
Antes de morrer, ela relatou à polícia que viu o homem que atirou contra elas. De hoje a notícia:
Enquanto milhões de pessoas assistiam ao primeiro beijo gay em uma novela da Globo em 2014 ou acompanhavam pela televisão neste ano a saga do transexual Ivan para ser aceito na novela A Força do Querer, alguma pessoa no Brasil morria por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Trata-se de uma contradição: o Brasil que cada vez mais aceita e respeita a população LGBTQIA+ — a sigla LGBT aumentou para contemplar mais sensibilidades — convive com o Brasil onde ainda se defende abertamente um tratamento de reorientação sexual (que ganhou a alcunha de cura gay) ou que é campeão em crimes de ódio.
Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGGB), 343 morreram só em 2016 se consideradas apenas as notícias publicadas pela imprensa. Ou seja, uma pessoa foi assassinada a cada 25 horas por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Já o “Relatório sobre Violência LGBTI fóbica no Brasil”, da Secretaria de Direitos Humanos, mostra que em 2011 foram denunciadas no Brasil 6.809 violações de direitos humanos contra esta população, envolvendo 1.713 vítimas e 2.275 suspeitos. O estudo também mostra uma média de quatro violações sofridas por cada uma das vítimas, o que evidencia uma sobreposição de violências cometidas.
Mas o preconceito não se faz evidente apenas quando ocorre um crime de ódio. Milhares de pessoas são excluídas de suas famílias e de seus grupos de amigos por serem gays, lésbicas, transexuais... Muitos deixam de ser contratados ou são demitidos de seus empregos. Comentários, piadas e insultos são recorrentes. Ser chamado e reconhecido pelo nome social ainda é um desafio. Um beijo gay ainda é tabu — mesmo já estando presente na teledramaturgia brasileira.
Até a década dos anos 70 era comum os pais expulsarem de casa as filhas que perdiam a virgindade, e a maioria, crianças, terminava nos prostíbulos. Faz parte de uma tradição o Brasil possuir 500 mil prostitutas infantis, vítimas hoje do desemprego dos pais, das condições indignas de moradia, dos despejos coletivos da justiça para beneficiar grileiros de terrenos urbanos, do rendoso turismo sexual. E como escravas sexuais das milícias que comandam o tráfico nas grandes cidade.
Talvez para combater a cura-gay seja necessária a cura de pastores deputados, que propagam o ódio homofóbico porque rende votos, e convivem com a prostituição de crianças e adolescentes. É importante destacar que o incesto não é crime no Brasil.