Conheça o advogado podre de rico por vender delações mais do que premiadas. Cobrança de mesada de 50 mil dólares desde os tempos do BanEstado para a república do Paraná
Até julho de 2017, o criminalista Antonio Figueiredo Basto já havia firmado com a república do Paraná mais de 20 acordos de delações premiadas.
Escreve o jornalista Sérgio Rodas, "na lava jato, Basto negociou compromissos como o do doleiro Alberto Youssef — a seu ver, o mais importante da operação — e o do dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa".
Incrível, espantoso, em um país de justiça justiça, em um país sério certas denúncias deveriam ser investigadas pelas autoridades competentes: o Conselho Nacional de Justiça e o Congresso Nacional.
Atente: Tacla Durán, em depoimento no Congresso Nacional, denunciou o esquema de venda de delações. Uma denúncia grave, mas que nenhuma autoridade leva a sério, que no Brasil os poderes estão podres.
"A chamada República de Curitiba é quase uma família. Ou 'panela', como teria definido o consultor financeiro Ivan Carratu.
Tacla Durán disse que foi avisado por Carratu de que seria citado na delação de Ricardo Pessoa. Que Carratu havia sugerido contratar um advogado da “panela” de Curitiba e adiantado que, com a assistência de um desses advogados, o acordo de delação premiada seria favorável.
De fato, Tacla Durán foi citado no adendo ao acordo de delação, mas em um depoimento que é estranho não apenas pelo conteúdo, mas pela forma. Quem toma o depoimento, como se fosse um procurador ou delegado da Polícia Federal, é a própria defesa de Ricardo Pessoa. Na verdade, são dois depoimentos — o de Ricardo Pessoa e o do diretor financeiro da UTC, Walmir Pinheiro Santana.
Um complementa o outro". Leia mais para entender o emaranhado da teia criminosa aqui
Sérgio Rodas no primeiro páragrafo da entrevista destaca a defesa de Antonio Figueiredo Basto: "os ataques à atuação do Ministério Público Federal e do juiz Sergio Moro não passam de 'garantismo de ocasião". Que lindo!
Acrescenta Rodas: Pioneiro da colaboração premiada, Figueiredo Basto virou alvo de críticas de seus pares. Isso porque muitos criminalistas consideravam ou consideram que o mecanismo suprime o direito de defesa do acusado. Mas ele dá de ombros para os ataques.
“Meus colegas viraram a cara, torceram o nariz, mentiram, me difamaram, mas a caravana passou e a cachorrada ficou latindo”, ataca, citando que boa parte dos antigos críticos agora faz delações.
Segundo ele, até mesmo o parecer do jurista português José Joaquim Gomes Canotilho, segundo o qual os acordos de delação são ilegais por prometer redução da pena em patamar não previsto na Lei das Organizações Criminosas, é "perfumaria".
Diz Basto: Colaborar com a Justiça não é uma deduragem de delegacia, um sujeito apontando o dedo para uma pessoa. Pelo contrário: é um processo formal, um acordo. Leia mais
Mais uma denúncia contra Basto. Foi acusado pelos doleiros Vinícius Claret e Claudio de Souza, integrantes do esquema de Dario Messer, de protegê-los em seus acordos de colaboração, a troca de uma mesada de US$ 50 mil, durante vários anos, desde as investigações sobre o Banestado.
A informação é do jornalista Ricardo Galhardo. "Os doleiros Vinícius Claret, conhecido como ’Juca Bala’, e Cláudio de Souza, acusados de integrar o esquema comandado pelo ’doleiro dos doleiros’ Dario Messer, disseram em delações feitas ao Ministério Público Federal que entre 2006 e 2013 pagaram mensalmente uma ’taxa de proteção’ de US$ 50 mil (cerca de R$ 186 mil ao câmbio atual). O dinheiro, conforme os relatos, era entregue ao advogado curitibano Antonio Figueiredo Basto e um colega dele cujo nome não foi informado. O advogado é considerado um dos maiores especialistas do Brasil em colaborações premiadas", escreve Galhardo. "Na Lava Jato, Figueiredo Basto foi o responsável por negociações e acordos de delação de Lúcio Funaro, Renato Duque, Ricardo Pessoa, entre outros. Em 2004, intermediou o primeiro acordo no modelo atual do País no caso do Banestado, em nome do doleiro e Alberto Youssef – também pivô da Lava Jato –, e homologado pelo juiz Sérgio Moro", diz ainda o jornalista.
DCM comenta: Figueiredo Basto também foi advogado de Tony Garcia, que volta agora ao noticiário com a gravação que implica o ex-governador do Paraná, Beto Richa. Era advogado de Tony Garcia quando este fez o acordo de colaboração com Sergio Moro, há mais de dez anos. E Tony passou a grampear pessoas indicadas pelo juiz, inclusive algumas que tinham foro privilegiado. Essas pessoas também têm histórias a contar sobre Figueiredo Basto, na mesma linha dos doleiros.
Se puxar o fio no novelo, a investigação vai longe a pode manchar a imagem de herói de alguns.
Em Curitiba, sempre se soube que Dario Messer é o cara que pode detonar a panela da qual faz parte Sergio Moro. Apesar de aparecer no caso Banestado, Messer nunca foi molestado pelo líder da Lava Jato. Mas seus concorrentes no mercado clandestino de dólar acabaram presos, inclusive o Toninho da Barcelona.
A dúvida é saber até onde os procuradores do Rio de Janeiro e o juiz Marcelo Bretas querem ir. Matéria-prima tem para derrubar a farsa.