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12
Jul20

Cessar-fogo global e imediato para combater a pandemia

Talis Andrade

paz forca medo Sherif Arafa.jpg

 

 

por Andrea Tornielli

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Apelo do Papa a um «cessar-fogo global e imediato» que garanta «a paz e a segurança essenciais para fornecer a assistência humanitária tão urgentemente necessária» às populações das zonas de conflito atingidas pela pandemia. No final do Angelus de domingo, 5 de julho — recitado com os fiéis reunidos na praça de São Pedro no respeito das medidas de segurança adotadas para evitar a propagação do contágio — o Papa relançou a resolução aprovada nestes dias pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que apela, entre outras coisas, ao fim das hostilidades «para fazer face às consequências devastadoras do vírus Covid-19». Um pedido «louvável», assim o definiu Francisco, exortando a que seja implementado «efetiva e imediatamente para o bem de tantas pessoas que estão a sofrer. Que esta resolução do Conselho de Segurança — disse — se torne um primeiro passo corajoso para um futuro de paz».

Anteriormente, ao comentar o trecho do Evangelho da liturgia dominical (Mateus 11, 25-30), o Papa recordou que a verdadeira sabedoria não vem daqueles que «presumem ser sábios», mas vem de um «coração aberto e confiante no Senhor». Por isso convidou a acolher «o alívio» oferecido por Jesus «aos cansados e oprimidos»: uma ajuda que «não é — explicou — apenas alívio psicológico ou esmola, mas a alegria dos pobres por serem evangelizados e construtores da nova humanidade». E é, acrescentou ele, «uma mensagem para a Igreja, chamada a viver as obras de misericórdia e a evangelizar os pobres, a ser mansa e humilde».

 

Um magistério pela paz e contra a hipocrisia

Recentemente, o Conselho de segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução para «uma cessação imediata das hostilidades em todas as situações pelo menos durante 90 dias consecutivos», a fim de garantir assistência humanitária às populações atingidas e contrastar as consequências devastadoras da propagação da Covid-19. Francisco, com a sua intervenção no final do Angelus, quis dar o seu apoio à iniciativa, esperando que o cessar-fogo global seja respeitado «efetiva e prontamente». A iniciativa do Papa representa um novo passo num longo caminho. Um passo tornado ainda mais urgente pela crise causada pela pandemia, cujas consequências mais devastadoras – como as das guerras - recaem sobre os mais pobres.

No domingo 29 de março, o Papa já tinha feito este pedido, apoiando o apelo lançado cinco dias antes pelo secretário-geral das Nações Unidas. António Guterres pedira um «cessar-fogo global e imediato em todos as partes do mundo», recordando a emergência da Covid-19, que não conhece fronteiras. Francisco uniu-se «àqueles que aderiram a este apelo» e exortou «todos a dar-lhe seguimento, pondo termo a qualquer forma de hostilidade bélica, favorecendo a criação de corredores para a ajuda humanitária, a abertura à diplomacia e a atenção às pessoas em situação de maior vulnerabilidade».

O compromisso conjunto contra a pandemia, exprimiu o Papa, «possa levar todos a reconhecer a necessidade de reforçar os laços fraternos como membros de uma única família. Em particular, suscite nos responsáveis das nações e nas outras partes em causa um compromisso renovado para superar as rivalidades. Os conflitos não são resolvidos com a guerra! É necessário superar antagonismos e contrastes através do diálogo e de uma busca construtiva da paz».

Nas semanas seguintes, Francisco voltou a deplorar duas vezes as despesas do armamento. Na homilia da Vigília Pascal, celebrada em São Pedro, disse: «Façamos calar os gritos de morte: de guerras, basta! Pare a produção e o comércio das armas, porque é de pão que precisamos, não de metralhadoras». O Papa Bergoglio quis recordar uma vez mais o tema constante do seu pontificado, inclusive na mais longa das duas orações marianas sugeridas aos fiéis na conclusão do Rosário no mês de maio: «Ampara os líderes das nações, para que possam trabalhar com sabedoria, solicitude e generosidade, ajudando aqueles que não têm o necessário para viver, planeando soluções sociais e económicas com previdência e com espírito de solidariedade. Maria Santíssima, comove as consciências para que as enormes somas utilizadas para aumentar e aperfeiçoar o armamento possam, em vez disso, ser utilizadas para promover estudos adequados a fim evitar catástrofes semelhantes no futuro».

Várias vezes e em diferentes ocasiões, em anos anteriores, Francisco denunciou “a hipocrisia” e “o pecado” dos responsáveis daqueles países que «falam de paz e vendem armas para fazer estas guerras». Palavras repetidas também no regresso da última viagem internacional, à Tailândia e ao Japão, antes do surto da pandemia: «Em Nagasaki e Hiroshima detive-me em oração, encontrei alguns sobreviventes e familiares das vítimas, e reiterei a firme condenação das armas nucleares e a hipocrisia de falar de paz fabricando e vendendo armas».

De acordo com um relatório da Oxfam, em 2019 as despesas militares globais atingiram dois triliões de dólares e atualmente há dois biliões de seres humanos presos em países em guerra e devastados pela violência, perseguição, fome e agora também pela emergência pandémica.

 

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