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25
Jun20

Brasil derruba Weintraub

Talis Andrade

 

educação burros falantes weintraub.jpg

 

A queda de Abraham Weintraub é uma expressiva vitória dos brasileiros, conquistada com muita luta, nas ruas, pelos movimentos sociais, pelas entidades acadêmicas, sindicais e profissionais

por Luciano Wexell Severo
- - -

Quem derrubou o “pior ministro da Educação da história do Brasil” foi a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), as entidades estudantis estaduais e municipais, a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e as centenas de milhares de pessoas que saíram às ruas para manifestar-se, principalmente antes do início da quarentena. Mas há um conjunto de acontecimentos que levaram à saída do ministro; é fundamental identificá-los e relacioná-los.

Jogando pedras na cruz

O primeiro a ocupar o Ministério da Educação de Bolsonaro foi Ricardo Vélez Rodríguez, ilustre desconhecido, militante de extrema-direita, nascido na cidade de Bogotá. Indicação do coaching Olavo de Carvalho, ficou só três meses no cargo, tempo mais do que suficiente para empilhar confusões. Desde então, tanta água rolou que parece haver passado muito mais de dezessete meses. Em uma entrevista à revista Veja, no início de 2019, o ministro disse que o cidadão brasileiro é um “canibal”, que “rouba coisas dos hotéis e rouba o assento salva-vidas do avião”. Na mesma ocasião, ao defender maior restrição no acesso às universidades, argumentou que a educação superior não era para todos: “nem todo mundo está preparado ou nem todo mundo tem disposição ou capacidade”. As declarações, que atentam contra direitos elementares garantidos pela Constituição de 1988, geraram amplo mal-estar na sociedade. O Congresso Nacional convocou o ministro para prestar explicações.

Vélez Rodríguez chegou a namorar com o programa “Escola Sem Partido”, repudiado pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos, pelo Ministério Público Federal (MPF), pela Advocacia-Geral da União (AGU) e até pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. O plano terminou abandonado pelos seus próprios criadores, em julho de 2019. Em outra ação, o Ministério da Educação (MEC) enviou, por e-mail, uma carta às escolas solicitando que seus alunos fossem filmados cantando o Hino Nacional. A comunicação ministerial terminava com os dizeres “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”, usados como slogan por Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Tal iniciativa gerou grandes constrangimentos com prefeitos, governadores, profissionais da educação e, inclusive, com a Associação Brasileira de Escolas Particulares. Em quatro dias, a autoridade do MEC foi forçada a lembrar que o Estado é laico. Desculpou-se e desistiu dos vídeos e do hino. Para completar, o ministro anunciou a alteração de livros didáticos, já que não teria existido golpe de 1964 nem ditadura militar. Com menos de cem dias na função, em abril de 2019, foi mandado embora e substituído por Abraham Weintraub. Até então, não passava pela cabeça de quase ninguém que tudo poderia ficar muito pior (Continua)

 

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