As histórias de quem perdeu a visão nos protestos do Chile: “Senti o impacto, caí... saía muito sangue” Olhos
Olhos feridos se tornam um lamentável símbolo das revoltas sociais chilenas, com 359 civis com lesões oculares

Um policial atirou diretamente no rosto de Ronald Barrales. Estava a menos de 10 metros. De acordo com seu relato, a bala foi disparada do banco do passageiro de um veículo com dois carabineiros há algumas semanas, em um dos dias mais tensos dos protestos contra as políticas do Governo no Chile. “Senti o impacto no rosto, caí no chão, me levantei e notei que sangrava do olho, muito sangue”, conta. Também ferido no tórax e no abdômen, Barrales sofreu três operações no olho esquerdo, do qual perdeu completamente a visão e para sempre. “O preço que precisei pagar foi muito alto, mas pelo menos o Chile acordou”, consola-se Maite Castillo, de 23 anos, que também perdeu a visão do olho direito.
Olhos feridos como os dessas duas pessoas se transformaram no lamentável símbolo das revoltas sociais no Chile que explodiram há dois meses. Desde 18 de outubro, quando começaram os protestos pela desigualdade no acesso a serviços básicos como a saúde e a educação, foram registrados 359 civis com feridas oculares, de acordo com o Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH). Duas pessoas ficaram completamente cegas e 17 perderam a visão total em algum de seus olhos. A Sociedade Chilena de Oftalmologia e o Colegiado Médico chamaram desde o início essa situação de “uma emergência de saúde visual nunca vista no país” e pediram a suspensão da utilização de munição antidistúrbios. As autoridades informaram que as balas eram de borracha, mas um estudo da Universidade do Chile determinou que só continham 20% de borracha. Em 19 de novembro a polícia suspendeu o uso de munição à espera de novas análises em sua composição cujos resultados ainda não foram divulgados.
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