Antiga sede da Polícia Federal pegou fogo e desabou
Prédio de 20 andares era ocupado por 150 famílias do MLSM
Um prédio de mais de 20 andares desabou após pegar fogo nas proximidades do Largo do Paissandu, centro de São Paulo, na madrugada desta terça-feira, dia 1º de maio. O edifício, que já foi sede da Polícia Federal e pertence à União, estava ocupado, há seis anos, por cerca de 150 famílias do MLSM - Movimento de Luta Social por Moradia.
Apesar da reação de apoio, as críticas ao imobilismo do Estado, com o empurra empurra de responsabilidades – culpa da prefeitura ou da União – já começaram.
Também as famílias que ocupam edifícios para pressionar por moradias sofrem com o estigma de estarem vinculados a movimentos sociais, que estariam se aproveitando de limbos jurídicos para se estabelecer em espaços que oferecem risco de morte, como mostrou a tragédia desta terça.
Algumas notícias que circularam ao longo do dia criticavam o que era chamado de “indústria de ocupação”. Nas redes sociais, não faltavam os xingamentos às famílias, chamadas de “vagabundos”. E a acusação de que se tratava de uma ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), liderado pelo pré candidato a presidente Guilherme Boulous, que concorre pelo PSOL.
Boulous tratou de esclarecer os fatos, e prestar solidariedade às famílias. “Nossa solidariedade às famílias ocupantes que sofreram com incêndio e desabamento do edifício em São Paulo. Querer culpar os sem-teto pelas condições precárias do imóvel é de uma perversidade inacreditável. Ninguém ocupa porque quer, mas por falta de alternativa”, afirmou. Leia mais
Nota de esclarecimento do MTST sobre o incêndio e desmoronamento de prédio ocupado no centro de SP
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) tem mais de 20 anos de história de luta por moradia no Brasil. Nesse período colaborou para que milhares de pessoas tivessem acesso à moradia digna, um direito constitucional negado a mais de 6 milhões de famílias no país.
Nos últimos dois anos, estivemos na linha de frente das lutas e denúncias contra os cortes no orçamento da habitação. No ano de 2017, o governo Temer destinou apenas 9% dos valores previstos com moradia no orçamento. A faixa mais afetada foi a de baixa renda, que compreende famílias que recebem até 1.800 reais. Enquanto isso a Caixa Econômica ampliou o limite de financiamento para imóveis de luxo, uma completa inversão de prioridades.
A ocupação vítima do incêndio não era organizada pelo MTST e sim por outro movimento de moradia, o MLSM – Movimento de Luta Social por Moradia
O MTST não tem ocupações no centro deSão Paulo e não pratica a cobrança de nenhum valor das famílias organizadas em nossas ocupações.