A 'praga' do feminicídio na América
Trujillo, Peru, 20 jan 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco denunciou hoje no Peru o que classificou como “praga” do feminicídio em toda a América.
“Olhando para as mães e as avós, quero convidar-vos a lutar contra uma praga que fere o nosso continente americano: os numerosos casos de feminicídio”, disse, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de Armas da cidade de Trujillo, no norte do Peru, para uma oração dedicada à Virgem Maria.
Na sua intervenção, Francisco disse que há muitas situações de violência que ficam “silenciadas por trás de tantas paredes”.
“Convido-vos a lutar contra esta fonte de sofrimento, pedindo que se promova uma legislação e uma cultura de repúdio a todas as formas de violência”, pediu aos presentes.
O Papa tinha elogiado as mulheres como “verdadeira força motriz da vida e das famílias”, um “baluarte” na vida das cidades, rezando à Virgem Maria para pedir “defesa contra o mal da indiferença e da insensibilidade”.
“Ela leva-nos ao seu Filho e, assim, nos convida a promover e irradiar uma cultura de misericórdia, com base na redescoberta do encontro com os outros: uma cultura na qual ninguém olhe para o outro com indiferença, nem vire a cara quando vê o sofrimento dos irmãos”, concluiu.
Esta sexta-feira, num encontro com populações da Amazónia, em Puerto Maldonado, o Papa tinha denunciado a violência contra as mulheres, alertando em particular contra o contra o tráfico de pessoas e a exploração sexual.
“Não se pode ver como normal a violência contra as mulheres, achá-la normal, não se faz da violência contra as mulheres algo natural, mantendo uma cultura machista que não aceita o papel de protagonista da mulher nas nossas comunidades”, alertou, perante os peregrinos reunidos na capital da região de ‘Madre de Dios’ [Mãe de Deus].
Papa presta homenagem à Virgem Maria, «Mãe Mestiça», que acompanha todos os povos
“É motivo de esperança ver como a Mãe assume os traços dos filhos, as vestes, o dialeto dos seus, para os tornar participantes da sua bênção. Maria será sempre uma Mãe mestiça, porque no seu coração encontram lugar todas as raças, porque o amor procura todos os meios para amar e ser amado”, disse, na celebração de homenagem à ‘Virgen de la Puerta’, na Praça de Armas.
Francisco falou num “santuário a céu aberto”, com a presença de várias imagens de culto vindas da região norte do Peru.
“Cada comunidade, cada cantinho desta terra, vem acompanhado pelo rosto dum Santo, pelo amor a Jesus Cristo e à sua Mãe. E pensar que, onde há uma comunidade, onde há vida e corações palpitando ansiosos por encontrar motivos de esperança, motivos para o canto, para a dança, para uma vida digna… lá está o Senhor, lá encontramos sua Mãe e também o exemplo de muitos Santos que nos ajudam a permanecer alegres na esperança”, assinalou.
O pontífice sustentou que “a linguagem do amor de Deus” se manifesta sempre em “dialeto”, mostrando a ternura divina que “quer estar perto de cada aldeia, de cada família”, de todos.