A influência dos EUA na Lava Jato: 5 vídeos para entender o assunto
Trabalho exclusivo do GGN registrou indícios de irregularidades na cooperação internacional e explicou ações que a Petrobras enfrentou em solo norte-americano
Dividida em cinco capítulos do gênero documentário, a série “Lava Jato Lado B” registrou indícios de que a cooperação entre a força-tarefa de Curitiba e os agentes do governo dos Estados Unidos teria ocorrido sem o devido acompanhamento da autoridade central brasileira e, portanto, à margem da lei
Criminalistas que atuam na operação ou acompanham a Lava Jato têm questionado e levantando fatos controversos e evidências de irregularidades ao longo de toda a operação.
Procurada pelo GGN durante a fase de produção, a equipe de Deltan Dallagnol negou qualquer irregularidade.
Em 1 de julho de 2020, a Agência Pública, parceria do site The Intercept Brasil na divulgação do dossiê conhecida por “Vaza Jato”, revelou novos diálogos entre os procuradores Deltan Dallagnol e Vladimir Aras, que cuida da cooperação internacional na Procuradoria-Geral da República.
As mensagens evidenciam a pré-disposição da força-tarefa curitibana em solicitar ou entregar informações ao FBI sem passar pelos órgãos do Executivo, que deveriam ter cuidado dos interesses nacionais em jogo.
No final dessa história, com a ajuda da turma de Curitiba, a Petrobras e outras campeãs nacionais foram denunciadas e processadas nos Estados Unidos com base na FCPA, a lei anticorrupção norte-americana. Pagaram multas bilionárias.
Pelas negociações, parte da multa cobrada pelas autoridades norte-americanas retornaria ao Brasil. No caso da Petrobras, seria injetada numa fundação a ser criada sob a batuta da Lava Jato em Curitiba, mas o projeto foi abortado pelo Supremo Tribunal Federal.
No primeiro capítulo, a série do GGN explicou as origens da FPCA e da estrutura governamental que prepararam os Estados Unidos para a alegada guerra mundial contra a corrupção.
O segundo capítulo abordou a cooperação jurídica entre Brasil e Estados Unidos desde o caso Banestado até chegar à Lava Jato. O alinhamento de Sergio Moro aos norte-americanos e a formação de outros agentes brasileiros também são retratados.
O capítulo três expôs o uso da luta anticorrupção como instrumento da geopolítica norte-americana e seus interesses sobre o patrimônio da Petrobras, que foi espionada durante o governo Dilma.
O quarto episódio aprofundou as ações contra a petroleira nos Estados Unidos, incluindo a class-action liderada por um advogado brasileiro, Andre Almeida, que falou com exclusividade ao GGN e revelou a presença de norte-americanos em Curitiba em meados de 2015.
Almeida chamou atenção para um aspecto pouco abordado na mídia sobre a Lava Jato: a conduta dúbia dos procuradores de Curitiba que, no Brasil, trataram a Petrobras como “vítima” e a tomou como “assistente de acusação”, e ao mesmo tempo, nos EUA, ajudaram os norte-americanos a processá-la como “criminosa”.
No último vídeo, a última peça do xadrez, a que explica a lógica financeira por trás de grandes operações como a Lava Jato: a indústria do compliance.
A série tem a participação especial de Cristiano Zanin, Valeska Martins, André de Almeida, Mark Weisbrot, Pedro Serrano, Rubens Barbosa, Celso Amorim e André de Araújo. As entrevistas foram gravadas entre outubro e novembro de 2019.“Lava Jato Lado B” contou com a edição e imagens do jornalista e produtor Nacho Lemus (Telesur), locução de Marco Aurélio Carvalho (Criar Brasil), a colaboração dos jornalistas André Sampaio (diretamente dos EUA) e Zé Bernardes. Argumento de Luis Nassif. Roteiro e entrevistas, Luis Nassif e Cintia Alves (GGN). Coordenação geral de Lourdes Nassif (GGN). O projeto foi financiado coletivamente via Catarse.