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19
Mai20

A guerra entre Moro e Bolsonaro, plim plim por plim plim

Talis Andrade

ALADIM- MORO abandono barco capitao bolsonaro.jpg

 

 

por Osvaldo Bertolino

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A novela folhetinesca da Globo com o vídeo da acusação do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro contra o presidente da República Jair Bolsonaro visivelmente perde audiência. O que foi apresentando como “bomba política” – conforme descrição de Merval Pereira, colunista dos Marinho no jornal O Globo – tem gerado muita fumaça e quase nenhum fogo.

Desde que Moro deu aquela entrevista pirotécnica para anunciar sua saída do governo, a gangorra entre os fatos e as versões não para de se movimentar. O Grupo Globo tentou tirar leite de pedra, mas, fora os efeitos especiais da novela, não apareceu nada de novo. Nem o esperado depoimento do ex-ministro à Polícia Federal (PF) conseguiu sustentar a sua versão bombástica na despedida do Ministério da Justiça.

Salvo algo vindo do Imponderável de Almeida – figura usada pelo jornalista, escritor e teatrólogo Nelson Rodrigues para justificar algo inesperado no futebol –, é improvável que novos fatos surjam para dar veracidade às versões. O que se tem, até o momento, é uma história em círculo, com muitos personagens e enredo paupérrimo.  

Enquanto a novela vai perdendo audiência, Bolsonaro dá os seus pulos. Sua performance no famoso ritual de entrevistas quase diárias nos arredores do Palácio do Planalto na quarta-feira (13) mostrou que ele sabe jogar no tabuleiro de sordidez do projeto de poder eleito em 2018. Num determinado momento, quase aos gritos e soltando um de seus proverbiais palavrões, ele novamente conclamou os mais pobres à morte, pedindo para que deixem eles  trabalhar.

A leitura dos que não têm onde se socorrer é de que existe alguém impedindo a “busca do pão de cada dia”, como disse Bolsonaro em outra ocasião. Quem seria? Só pode ser os que defendem o isolamento social e o fechamento das empresas para evitar a propagação desenfreada do coronavírus. E, para o bolsonarismo, esses “irresponsáveis” – como dizem o presidente e seus asseclas – têm nomes e estados bem definidos.

Arma-se, nesse xadrez, a guerra suja em curso, com os governadores e prefeitos no fogo cruzado. A movimentação das peças passa pela sobrevivência da população mais vulnerável à crise econômica. O ponto é: se o isolamento social for para valer, então é preciso garantir que ninguém será privado dos gêneros necessários à sobrevivência. Não tem como pedir para essas pessoas manterem-se isoladas e com fome crônica. Nessa sinuca de bico, o bolsonarismo tende a levar vantagem.

No fundo, as duas facções em guerra estão diante do dilema sobre os rumos da economia. A da Globo, que tenta manter Moro e sua corrupta Operação Lava Jato (agora com variações, como no enfrentamento com Bolsonaro no caso da troca da direção da PF) na ativa, ainda não conseguiu organizar um movimento político para dar sustentabilidade ao programa rentista do ministro da Economia, Paulo Guedes. Bolsonaro reiterou a carta branca ao seu ex-Posto Ipiranga, mas até agora não conseguiu apresentar algo de novo para enfrentar o desastre econômico à vista.

O impasse está nesse ponto. Como tudo é movimento no mundo das coisas materiais, essa disputa vai evoluir para algum desfecho. Nenhuma das duas facções apresenta soluções efetivas para o drama do povo. Não se vê, na Globo e seus satélites – a mídia, de maneira geral –, uma cobrança efetiva para que o governo cumpra as leis, novas e velhas, que determinam medidas emergências para situações como essa da Covid-19.

Está aí, também, um desafio para a frente ampla contra Bolsonaro. Nela, o conceito de unidade e luta é absolutamente determinante. Ou seja: ao mesmo tempo em que se combate Bolsonaro, por meio da ilimitada aglutinação de forças que advogam essa tática, ela precisa ser flexível no aspecto da luta em frentes específicas, como a defesa do emprego, do salário e da renda de uma maneira geral. (Continua)

 

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