A corrupção tucana
II - Lava Jato procura desviar a atenção dos crimes que cometeu contra a pátria
por Umberto Martins
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Dono de contas opulentas no exterior, o senador tucano José Serra recebeu propinas no valor de pelo menos R$ 27,5 milhões da Odebrecht, em troca de favores em obras como a do Rodoanel Sul de São Paulo, e montou um sofisticado sistema de ocultação e administração da fortuna que usurpou na atividade política, segundo os procuradores. Ele e sua filha, Verônica Allende Serra, foram denunciadas pela prática de lavagem de dinheiro transnacional. O MPF obteve autorização na Justiça Federal para o bloqueio de cerca de R$ 40 milhões em uma conta da dupla na Suíça.
“José Serra e Verônica Allende Serra, entre 2006 e, ao menos, 2014, ocultaram e dissimularam, por meio de numerosas operações bancárias, a natureza, a origem, a localização e a propriedade de valores sabidamente provenientes de crimes, notadamente de corrupção passiva e ativa, de fraudes à licitação e de cartel, praticando, assim, atos de lavagem de capitais tipificados no art. 1º da Lei nº 9.613/1998”, sustenta a denúncia do ministério público.
Política externa
As falcatruas de Serra e Aécio Neves já eram de amplo conhecimento público bem antes de sexta-feira e são um testemunho poderoso da hipocrisia do tucanato. O PSDB foi grande protagonista político no golpe de Estado de 2016, que derrubou uma presidenta honesta com a falsa bandeira do combate à corrupção. À época, o hoje senador tucano foi premiado por Temer com o Itamaraty. Lá, ele quem inaugurou a nova política externa marcada pela hostilidade com governos progressistas da América Latina e a submissão aos Estados Unidos, orientação radicalizada pelo governo Bolsonaro.
Quando os holofotes midiáticos se voltaram para os malfeitos de Serra o senador paulista pediu demissão (em fevereiro de 2017). Não é de se lamentar a sorte do corrupto tucano. A delação da Lava Jato sobre as propinas de R$ 27 milhões data de dezembro de 2016, quase quatro anos atrás. Lula foi indiciado, condenado e preso em abril de 2018 num processo relâmpago por reformas em um triplex em Guarujá que não era dele e foi vendido após o kafkiano julgamento. A operação conduzida pela República de Curitiba foi orientada por objetivos políticos.