Perpignan: festival destaca fotos de duas tragédias brasileiras
O Festival de Fotojornalismo Visa Pour L’Image, de Perpignan, no sul da França, é parada obrigatória para os profissionais do setor. Para amantes da fotografia e turistas, é um evento excepcional para conhecer o trabalho de pessoas que rodam o mundo para contar histórias através de imagens.
Duas exposições mostram imagens do Brasil. Uma traz o Brasil do rio Doce, isto é, o “Rio Morto”, contaminado pelo rompimento das barragens da mineradora Samarco. Outra traz o Brasil como parte atuante da produção mega industrial de alimentos que avança pela Amazônia.

O francês Samuel Bollendorf acompanhou jornalistas do diário francês Le Monde em várias partes do mundo ameaçadas pela contaminação, como Fukushima, no Japão, e o oceano Pacífico repleto de dejetos plásticos. No Brasil, o tema foi a catástrofe do rio Doce na região de Mariana.
Impunidade
“É horrível, pois a princípio são lugares muito bonitos, mas o que encontramos é um pesadelo. Conhecemos pessoas doentes, que perderam familiares, e que se sentem como Davi contra o gigante Golias, ou seja, pequenos demais para lugar contra lobbies poderosos e grupos industriais ligados à política e à justiça, e assim ficam impunes”, disse Bollendorf.

O americano George Steinmetz é um fotógrafo conhecido por suas fotos aéreas. Armado de paraglider, drone e câmeras, ele sobrevoou estufas, plantações, criações e abatedouros, produzindo imagens impressionantes, coloridas e futurísticas. No Brasil, ele fotografou a produção industrial de ovos e carne de frango e porco, além de testemunhar o desmatamento da floresta amazônica.
Mundo natural vira industrial

“O que me choca no Brasil é ver a Amazônia se transformando em zonas de cultivo. Não é o mundo que vai decidir o destino da Amazônia, é o Brasil. Mas acho que há uma ruptura entre a vida das pessoas na zona rural e urbana. Deveria haver mais conexão entre os dois lados. É perturbador ver o mundo natural se transformar em um processo industrial”, declarou Steinmetz à RFI Brasil.
A realidade nua e crua é obrigatória em Perpignan. A brasileira Alice Martins traz imagens duras da Síria, conflito que ela acompanha há seis anos. A americana Andrea Bruce mostra o problema da defecação ao ar livre e o saneamento em países carentes como Índia e Haiti. Ou ainda programas que deram certo, como no Vietnã. Cerca de 950 milhões no mundo não têm acesso a um sistema sanitário, provocando graves ameaças à saúde da população. Leia mais aqui