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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

11
Ago21

Militares fazem do Brasil uma república de banana

Talis Andrade

 

por Emir Sader

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Cena patética: quando o Congresso brasileiro se preparava para derrotar a proposta de Bolsonaro de mudar as urnas eletrônicas para votação no papel, 150 veículos militares, entre eles um tanque velho, atravessaram a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Saiu um soldado de um deles, que subiu a rampa do Palácio do Planalto e entregou a Bolsonaro, ladeado por seus ministros militares e alguns civis, um convite para participar de um exercício militar na Marinha.

A pantomima foi o pretexto de Bolsonaro para pressionar o Congresso, sabendo que sua proposta seria derrotada pelos parlamentares. O presidente da Câmara dos Deputados, aliado de Bolsonaro, disse que foi uma coincidência trágica. Já a Marinha afirma que seu desfile militar não tem relação com a decisão do Congresso.

Com isso, Bolsonaro mostra força militar, se fortalece militarmente, porém se torna politicamente ainda mais fraco.

A imagem, considerada consensualmente patética pela mídia, projeta a imagem de uma república das bananas. Não houve demonstração de apoio às tropas e ao Bolsonaro. Os parlamentares fizeram uma manifestação em frente ao Parlamento,  para defender a instituição.

O Judiciário está decididamente em guerra com Bolsonaro, já que ele chamou publicamente o presidente do Tribunal Supremo Eleitoral de filho da puta. abriu processo criminal por fake news sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Veremos as consequências dessa cena típica de um filme de Glauber Rocha, que já viveu a capital do Brasil. Certamente o cenário mais ridículo da história do país.

14
Jun21

Rio acumula mortes por “balas perdidas” não investigadas

Talis Andrade

Cobrando justiça, familiares enterram Kathlen Romeu na tarde desta  quarta-feira | Voz das ComunidadesCASO KATHLEN ROMEU: Ativistas relacionam morte da jovem gestante à  necropolítica - Polêmica Paraíba - Polêmica Paraíba

Movimento negro faz vigília em homenagem a Kathlen Romeu em SP

 

por João Pedro Soares /DW

A designer Kathlen Romeu, morta aos 24 anos após ser atingida por um tiro na última quarta-feira (09/06), estava grávida de quatro meses. No momento do disparo, a jovem caminhava com sua avó em um acesso ao Complexo do Lins, zona norte do Rio. Elas planejavam o chá de revelação do bebê a caminho. Por ter presenciado o assassinato da neta, Sayonara Queiroz depôs à Polícia Civil nesta sexta. Ela é a única testemunha do caso. 

O depoimento foi interrompido diversas vezes pelo pranto de Sayonara. Ela trazia consigo um presente que ganhou de Kathlen. Dentro de uma pequena caixa, está guardado o par de sapatinhos de bebê com a inscrição “amo bisa”, junto com um bilhete que anunciava a chegada do primeiro bisneto. 

Nadine Borges, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, acompanhou a família na Delegacia de Homicídios, onde ficaram por quatro horas. Rotineiramente, ela apoia familiares de vítimas da violência de estado no Rio de Janeiro. “O atendimento que prestamos não é só jurídico, mas emocional também”, diz a advogada, que demonstra especial preocupação com Jackeline Lopes, mãe de Kathlen. “Era sua única filha. Para ela, é como o fim da existência.” 

A família de Kathlen atribui o disparo que a vitimou a policiais militares. A avó, Sayonara, afirma que precisou insistir para os agentes transportarem a neta ao hospital, onde chegou sem vida. Segundo a versão da Polícia Militar, os oficiais teriam ido ao local prestar atendimento após ouvirem uma gritaria. A perícia mostrou que a jovem gestante foi morta com um tiro fuzil no tórax.

Lutar em meio ao luto

Em depoimento, os PMs dizem ter efetuado sete disparos de fuzil durante a ação que levou à morte de Kathlen. Nesta sexta, os 12 policiais envolvidos foram afastados do serviço nas ruas e tiveram 21 armas apreendidas para investigação. A Polícia Civil afirmou que PMs recolheram munição e estojos de cápsulas do local do crime, o que prejudicou o trabalho da perícia.

A mãe da jovem tem adotado um tom incisivo contra a violência policial e o racismo ao se manifestar publicamente. “Eu preciso gritar por justiça por Kathlen de Oliveira Romeu. Não foi em vão”, clamou, após prestar depoimento na sexta. Encontrar forças para lutar em meio ao luto é uma necessidade comum aos familiares de vítimas das “balas perdidas” no Rio. 

Em abril 1996, Maicon brincava perto de sua casa, na favela de Acari, zona norte do Rio, quando foi alvejado por PMs em confronto com traficantes na região. Embora o menino tivesse apenas dois anos de idade, sua morte foi classificada como “auto de resistência”. Até 2016, a expressão classificava os óbitos provocados por agentes policiais quando supostamente agissem em defesa de sua integridade.

“Não é estranho um menino de dois anos trocar tiros com a polícia?”, questiona José Luiz, pai de Maicon. Há 25 anos, ele luta por justiça no caso do seu filho, ao lado de coletivos de mães e familiares de vítimas da violência de estado no Rio. O caso de Maicon prescreveu após ele ter sido arquivado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) em 1998.

“O crime não deveria prescrever se não foi apurado pelo órgão que deveria fazer a investigação. O MP é o principal responsável pela impunidade”, critica José Luiz. A Constituição Federal de 1988 atribuiu ao Ministério Público o controle externo da atividade policial. Na prática, todavia, essa fiscalização se mostra falha.

“Omissão” Do Ministério Público

Um levantamento da organização Human Rights Watch mostra que o MP-RJ apresentou denúncia em 0,1% dos 3.441 casos de homicídios cometidos pela polícia de 2010 a 2015. Em maio, o MP sugeriu o arquivamento das investigações sobre PMs envolvidos na operação realizada nos morros Fallet-Fogueteiro, centro do Rio, que deixou 13 mortos, sendo nove em uma única casa, após 107 disparos.

Wallace Corbo, professor de direito constitucional FGV Direito Rio, avalia que o controle da atividade policial esbarra no discurso de que se vive um estado de guerra, ou exceção. 

“Essa lógica legitima qualquer tipo de violência e é o fundamento da atuação das instituições, em todos os níveis. O Ministério Público não tem qualquer incentivo para investigar operações e eventuais excessos, pois opera em uma lógica de cooperação com a polícia. Além de faltar estrutura, caso houvesse vontade de avançar, parte expressiva da sociedade vê positivamente as mortes por intervenção policial em favelas”, afirma.

O impacto psicológico sobre os familiares das vítimas pela falta de respostas pode ter consequências devastadoras. Janaína Soares, que já tinha perdido o marido em um assalto, viu o filho Christian, de 13 anos, morrer após ser baleado em uma operação policial em Manguinhos, comunidade na zona norte do Rio. Depois de três anos em depressão, Janaína faleceu por “causa indeterminada”, segundo os médicos. Familiares apontaram a tristeza como o principal motivo. O inquérito da morte de Christian ficou retido no MP-RJ.

Para o jurista Oscar Vilhena, membro da Comissão Arns, a falta de modernização das polícias e dos mecanismos de fiscalização independentes criaram um círculo vicioso de impunidade. “De maneira generalizada no Brasil, o Ministério Público não exerce essa função constitucional. A omissão do MP é, em grande parte, responsável pelo grau de impunidade e, consequentemente, pela persistência do alto grau de violência na ação das polícias estaduais”, diz.

Nadine Borges, da OAB-RJ, identifica uma queda de braço das forças de segurança do Rio com o Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar da decisão que proíbe operações em favelas do Rio durante a pandemia, as incursões continuam a ser realizadas. A advogada critica o cenário de desrespeito generalizado aos direitos humanos.

“Vemos uma afronta clara ao STF, e a fraude processual tem virado roteiro das operações. Em qualquer lugar do mundo, a cidade teria parado por um crime como o que vitimou a Kathlen. Mas é gente pobre e preta morrendo dentro da favela. A existência dessas pessoas não faz diferença para o Estado”, diz.

Na quinta, o MP-RJ informou que irá conduzir uma investigação sobre a morte de Kathlen.

Emir Sader
PM de SP está sem matar desde que passou a usar câmeras na farda
PM de SP está sem matar desde que passou a usar câmeras na farda
Desde dia 4 deste mês, que passaram a usar câmeras na farda, os policias da Rota, apontada como a tropa mais letal da Polícia Militar de São Paulo, não se envolveram em casos de supostos confrontos...
27
Abr21

A suspeição de Barroso

Talis Andrade

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por Carlos Frederico Guazzelli /Sul21

Os julgamentos procedidos pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, confirmados depois pelo Plenário daquela Corte, ao longo deste mês de abril, relativos a duas ordens de Habeas Corpus impetradas pela defesa do ex-presidente Lula, terminaram por confirmar, definitivamente, o reconhecimento da existência de graves vícios na condução das ações penais contra ele instauradas perante a justiça federal, no foro criminal de Curitiba. Graves vícios estes sempre apontados, nos processos e fora dele, pelos denodados defensores do réu, o paciente daqueles HC’s – e, ademais, pela grande maioria dos juristas que, no Brasil ou no estrangeiro, se dedicaram a estudar o tema, sob a luz dos Direitos Constitucional, Penal e Processual Penal.

Conforme muito bem demonstrado pelo ministro Gilmar Mendes, relator de um daqueles writs – referente à alegação de suspeição do ex-juiz, e também ex-ministro da justiça, que queria ser presidente da República – não foi necessário recorrer às espantosas revelações da chamada Vaza-Jato, que vem sendo feitas ao público há quase dois anos, para demonstrar o conluio, em tudo abusivo e vergonhoso, entre um magistrado, procuradores e policiais federais, unidos no sórdido propósito de perseguir a maior liderança popular do País, a pretexto de seu envolvimento com atos de corrupção praticados por empresários, políticos e funcionários da Petrobras.

De fato, os comportamentos daquelas autoridades, característicos do que atualmente se conhece por lawfare – isto é, o processo de perseguição política usando os mecanismos e os poderes do sistema de justiça – revelam-se claramente a partir do simples exame atento dos autos dos processos judiciais e inquéritos policiais reunidos na famigerada “operação lava-jato”, versão nativa tosca de um conjunto de investigações procedidas na Itália, no começo dos anos 1980, e que, não por acaso, em virtude da mesma marca autoritária e moralista, resultou na desastrosa eleição de Berlusconi, um notório corrupto. Qualquer semelhança é mera coincidência…

Claro que as gravações obtidas por um “hacker” – examinadas por peritos federais e certificadas como autênticas – e amplamente divulgadas por um consórcio entre vários veículos de imprensa, de âmbito nacional, exibindo cruamente as inacreditáveis conversas entre o dito coordenador da “força-tarefa” do ministério público federal curitibano, e seus comparsas, criaram o ambiente favorável para a reação do mais alto tribunal do país, ainda que pareça tardia, àquela série de despropósitos, para dizer o mínimo. Os quais redundaram, não se deixe nunca de proclamar – com a necessária ênfase e indignação! – na prisão injustificada de Lula, por 580 dias, e seu alijamento da corrida presidencial!

Cabe lembrar a este respeito, que o voto adotado pela maioria da 2ª Turma do Supremo, ao apreciar a questão da suspeição do ex-juiz camicia nera, seguiu roteiro que já se anunciara aqui, neste espaço, em artigo publicado há pouco mais de dois meses, arrolando os fatos caracterizadores da perda da imparcialidade indispensável ao juízo, “…desde a condução coercitiva do líder petista, e a quebra e divulgação ilícita de seu sigilo telefônico, até sua condenação absurda, em processo nulo…passando pela insólita instalação do ‘juízo universal’ de Curitiba… e, sobretudo, pelo manifesto conluio entre juiz, procuradores e policiais federais, que agiam de forma coordenada e combinada, escolhendo investigados, forjando provas, acertando movimentos, planejando prisões para obter ‘colaborações premiadas’…” (Sul21, “A corrupção da lava-jato”, postado em 23/02/2021).

Repita-se, como destacado pelo relator daquele julgado: tudo isso se inferia, independentemente dos registros dos diálogos travados pelo inefável Deltan e sua “broderagem”, revelados pelo Intercept-Brasil, da análise cuidadosa dos resultados evidentes dos atos abusivos por eles praticados, sob a batuta do chefe agora desmascarado. Também era sabido, mesmo sem os detalhes ora mostrados ao mundo em reportagem do prestigiado diário francês Le Monde, que Moro e sua súcia foram devidamente preparados desde o exterior para o cumprimento da tarefa a que se dedicaram, com o apoio entusiasta da mídia oligopólica, ávida para remover Lula e o PT da vida política brasileira.

Com efeito, em reportagem publicada no último dia 10 de abril, os jornalistas Nicolas Bourcier e Gaspard Estrada, com base em farto material que estudaram durante meses, mostram como o Departamento de Justiça (DoJ) norte-americano – órgão equivalente à Procuradoria-Geral da Justiça brasileira, com a diferença de que seu titular é ministro de Estado e, como tal, é demissível pelo presidente da República – recrutou e treinou a malta curitibana, ainda no início da segunda década deste século.

Em suma, a tarefa consistia em desencadear a “perseguição constante e sistemática ao ‘rei’…”, para usar as palavras de Karine Moreno-Taxman, a “especialista” da embaixada ianque, que inculcou aos seus aplicados alunos o método por eles executado estritamente, como se viu nos anos seguintes: adoção de task force; doutrina jurídica das “delações premiadas”; e “compartilhamento informal” de informações com o DoJ, por fora dos canais oficiais.

E, o principal: criação do clima de ódio ao alvo da perseguição, mediante intenso uso dos meios de comunicação de massa, de modo a articular na chamada opinião pública, a demanda por sua condenação. A propósito, sempre é bom recordar o motivo do especial empenho dos agentes do Império nesta empreitada – a diplomacia “ativa e altiva” dos governos petistas, inclusive a atuação das empresas brasileiras no mercado internacional de infra-estrutura, exercendo forte concorrência às congêneres ianques.

A princípio, pois, diante do conhecimento generalizado daquilo que a imprensa mundial denominou de “o maior escâncalo judicial” do Brasil, causaria espécie a defesa ferrenha e apaixonada da malsinada operação curitibana, patrocinada pelo ministro Luiz Roberto Barroso, no último julgamento do Plenário da Suprema Corte. Chegou mesmo ao ponto de se portar agressivamente em relação ao colega Ricardo Lewandowski, afirmando que para este, parecia que “o crime compensa…” – quando ele apenas argumentara, justamente, que na busca da repressão aos atos ilícitos, não se pode comportar o juízo de forma também ilícita…

A conduta inusitada daquele julgador, de trato habitualmente lhano, parece explicar-se pela ligação pessoal estreita que mantém com os “jovens turcos” de Curitiba, em especial, com o misto de pastor, surfista e procurador – a quem convidou, assim como ao ex-juiz, que queria ser presidente, para um coquetel, seguido de jantar, em sua residência particular, tal como revelado numa das conversas registradas pelo Intercept Brasil e amplamente divulgadas pelos principais jornais do país. Aliás, em outros daqueles diálogos, o Elliot Ness de Maringá informa seus interlocutores, mais de uma vez, acerca das orientações que recebeu não só do ministro Barroso, como também do atual presidente do Supremo – o que provocou no herói agora em desgraça, a célebre exclamação de que “…in Fux we trust…” (sic).

Esta relação de proximidade, imprópria e indevida, com os condutores das investigações viciadas contra Luís Inácio da Silva, poderia caracterizar, também de parte dos referidos integrantes de nossa mais alta corte de justiça, o mesmo motivo da decretação da suspeição de Moro para julgá-lo, ratificada agora por seu Órgão Pleno – qual seja, ter “…aconselhado qualquer das partes…”, conforme a clara redação do artigo 254, inciso IV, do Código de Processo Penal. Mas é pouco provável que isso venha a ser invocado pelos dedicados e talentosos defensores do ex-presidente da República, por razões compreensíveis, sabido que o exercício da advocacia impõe limites, para evitar eventuais prejuízos a seus assistidos, atuais ou futuros.

De qualquer sorte, o fato relevante a ser destacado é a mudança de entendimento da franca maioria do chamado Pretório Excelso, no que respeita aos procedimentos instaurados na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba – fulminando-os de nulidade, seja pela incompetência, seja pela suspeição do juízo. Se é verdade que, como demonstrado alhures, a Corte Suprema abriu a porteira na primeira década do século, ao julgar a Ação Penal 470, para a série de atropelos que se sucederiam, e marcariam a atuação de Moro, Dallagnoll e sua trupe nos anos seguintes, o novo posicionamento por ela adotado na matéria é de ser saudado – por seu inegável significado político e jurídico.

Efetivamente, nunca é tarde para afirmar os postulados do Estado Democrático de Direito – a começar, pelo princípio do devido processo legal, de que decorre o estrito respeito ao juiz natural, à imparcialidade do juízo e à rigorosa separação dos poderes de investigar, acusar e julgar.

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16
Fev21

O "presente da Cia" e os três reis Luís de Oropa, França e Bahia

Talis Andrade

 

 

 

Resultado de imagem para interrogatoria de lula charges

Renato Simões
"O Grupo Prerrogativas divulgou comunicado defendendo que a dissolução da força-tarefa no PR “consagra a contenção dos excessos e abusos da Lava Jato, com o injustificado sacrifício do direito de defesa e das garantias do devido processo legal”. #AnulaSTF
Grupo de advogados defende fim da Lava Jato no Paraná e elogia ação do MPF
Grupo Prerrogativas argumenta que operação teve excessos e abusos e agiu como "instituição autônoma". Segundo o grupo, a força-tarefa paranaense "apresentou falhas gravíssimas que macularam a própria...
poder360.com.br
Kim D. Paim
Ache um companheiro que te olhe como o Moro e o Barroso se olham Mainardi não fique com ciúmes, é tudo pelo bem do LAVAJATISMO
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Luis Nassif
"O que teria sido diferente na história recente do Brasil se, em vez de 'herói nacional', Moro tivesse sido tratado como Baltazar Garzon ao ser expulso da magistratura por ter cometido o erro de interceptar pessoas que nada tinham a ver com uma investigação?
A verdade ofuscada pelo tempo, resgatada no documentário 'Sergio Moro: A construção de um juiz acima da lei', é que o ex-juiz da Lava Jato cometeu excessos em vários processos que instruiu e depois julgou desde meados dos anos 2000, tempos de Banestado"
Emir Sader
Folha defende que Moro seja punido por excessos e abusos na Lava Jato - Brasil 247
@CGuedes1906
Barroso passa pano para abusos cometidos pela Lava Jato Mesmo depois da comprovação de que o ex-juiz Moro e os procuradores formaram conluio para perseguir o ex-presidente Lula e até juízes de tribunais superiores, o ministro falou em “eventuais excessos
Paulo Pimenta
Wadih enquadra Barroso e ensina que crimes da Lava Jato não são “excessos
Wadih enquadra Barroso e ensina que crimes da Lava Jato não são “excessos”
“Para a ditadura as torturas eram meros excessos”, compara o ex-deputado Wadih Damous, sobre a declaração do ministro do STF Luís Roberto Barroso, que passou pano para os abusos cometidos pela Lava...
brasil247.co
Wadih Damous
Para o Ministro Barroso os crimes da lava jato são meros excessos.Para a ditadura as torturas eram meros excessos.Para Barroso o importante é combater a corrupção.Para a ditadura o importante era combater a subversão.Para ambos, pouco importa cometer crimes para combater crimes
Mauricio Machado™
pergunta que não quer calar destinada ao senhor, defensor dos métodos da lava jato: se o conluio criminoso, as arbitrariedades, as impropriedades, as ilegalidades e as barbaridades provadas fossem feitas com alguém de sua família, seriam "excessos"? Apenas?
 
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Julianna M. Z. Martins
Replying to
A defesa ferrenha q vejo alguns ministros do STF (até agora vi Fux, Barroso e Fachin em tal defesa) fazerem me faz pensar seriamente q eles tenham alguma participação no conluio e q tentam dar justificativas antecipadas, pois seus nomes podem aparecer mais pra frente em conversas
@JuliannaLulaMar
Não há nada que defina como apenas "eventuais excessos" ou que se o STF anular a Lava Jato será "uma vergonha" para o Brasil. Todos os processos nos quais houve conluio entre juiz e procuradores precisam ser anulados, independentemente q sejam de criminosos comprovados ou não
Arnobio Verde
Crimes, são excessos para o juiz do STF, o Barroso, o salvador dos crimes da Lava-jato. Esse suposto juiz, está lavando a alma dos canalhas da Lava-jato. Barroso, seja juiz homem, assume teu papel de juiz nas fileiras do direito legal na jurisprudência brasileira.
Reinaldo Azevedo
Fachin deve emitir uma nota e favor da suspeição de Moro daqui a dez anos...
Escrevi aqui na semana passada q STJ também pode abrir inquérito de ofício pra apurar se ministros seus foram investigados ilegalmente pela Lava Jato. Humberto Martins, presidente, informa a Folha, está sendo pressionado por seus pares a fazê-lo. E tem de fazer.
Reinaldo Azevedo
Não é que, quase três anos depois do famoso tuíte do general Eduardo Villas Bôas, então comandante do Exército, que deu um ultimato ao Supremo para manter Lula na cadeia, Fachin decidiu considerar a coisa "intolerável e inaceitável"?... 
Reinaldo Azevedo - Fachin reage a tuíte de general com 3 anos de atraso; faça o certo já!
Reinaldo Azevedo
Fachin resolveu reagir só agora, 3 anos depois, a tuíte truculento de general Villas Bôas q deu ultimato ao STF, em 3 de abril de 18, p/ manter Lula preso. Chamou de “inaceitável e intolerável” em nota. Uau!!! Qta presteza! A comunidade dos jabutis q fugiram do cativeiro agradece
Ele foi 1 dos 6 votos (6 a 5) pela prisão. Contra Inc. LVII do 5° da Const. e contra 283 do Código de Processo Penal. No dia seguinte ao tuíte. Ministro, faça justiça hoje, não anteontem, e vote pela suspeição de Moro. Justiça tardia pode ser só um outro nome para a covardia.
Luciano Pires
A julgar pelo Ministro Kássio Nunes Marques, q tem se mostrado discreto e votando bem, o Bolsonaro escolhe ministro melhor do q Lula e Dilma. Luiz Fux, Edson Fachin, Cármem Lúcia, Luiz Barroso e Joaquim Barbosa são alguns exemplos do dedo podre do PT para escolher ministro do STF
Patrícia 
‘In Fux we trust’, disse Sergio Moro sobre ministro Luiz Fux, do STF
Barroso, Fachin e Fux: o trio do STF blindou Lava Jato
Vaza Jato revelou simpatia da corte com a força-tarefa
Fernando Haddad
Janio de Freitas: Habituados às delações traidoras, integrantes da Lava Jato se delataram em gravações
Dallagnol tinha conhecimento da relação entre pretensões da CIA na eleição brasileira e a exclusão da candidatura de Lula
folha.uol.com
04
Abr20

Presidente frouxo permite militarização do poder

Talis Andrade

 

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por Emir Sader

Não há vazio em política. Sempre que se dá esse vazio, aparecem instituições que o preenchem. As FFAA têm se prestado a esse papel e voltam a fazê-lo.

Em 1964 forjaram esse vazio para intervir, atuando fortemente para desgastar o já fraco governo do Jango. Apoiados na Doutrina de Segurança Nacional, corroeram a legitimidade do governo e deram o golpe, substituindo os ineptos políticos tradicionais e dando sua direção ao país por mais de duas décadas. Com o “pega ladrão” de que a democracia estava em perigo, liquidaram ela durante mais de duas décadas.

Agora, de novo os partidos tradicionais entraram em crise, derrotados sistematicamente pelo PT, sem alternativas para disputar apoio popular, por assumirem o neoliberalismo.

Bolsonaro se valeu da nova crise dos partidos tradicionais para se propor como alternativa. Foi um bom candidato para a direita. Era o único que tinha um caudal de preferências nas pesquisas, graças a haver captado o apoio das bases tradicionalmente tucanas que tinham se radicalizado para posições de extrema direita. Com isso, Alckmin não tinha possibilidades e Bolsonaro era a única aposta possível da direita para montar uma monstruosa manobra, que terminou levando-o a ganhar fraudulentamente as eleições.

Seu estilo desbocado, agressivo, grosseiro, projetou uma imagem de líder popular. Nomeou um ultra neoliberal na economia, para garantir o apoio dos grandes empresários. Apresentou-se como a única possibilidade para impedir a volta do PT ao governo. Montou gigantescas manipulações, diante dos olhos cúmplices do Judiciário e da mídia e assaltou o governo.

Nao tinha partido, apenas um grupo de aventureiros. Nao agrega, seu estilo, ao contrário, é desagregador. Foi um bom candidato para a direita, mas é um péssimo governante.

Já tinha se reaproximado dos militares, para contar com o apoio da instituição e com pessoal para ocupar os cargos do Estado. E também para contar com uma instituição comprometida com a repressão e a defesa da ordem.

Conforme o partido do Bolsonaro foi se desagregando, se afastando dele, o governo foi ficando cada vez mais recheado de militares, da ativa e de retirados. Hoje eles compõem o governo, o próprio Palácio do Planalto, enquanto Bolsonaro se esvazia, perde apoio e perde capacidade de ação, situação ainda mais grave pela pandemia que se espalha pelo país.

O vazio da capacidade de governar de Bolsonaro já está preenchido pelos militares, cada vez mais comprometidos, inclusive como instituição, com esse governo. Não sairão daí, se conseguirem ficar. Poder tentar a perigosa operação de substituição de substituição pelo Mourao ou simplesmente ir militarizando cada vez mais o governo, se constituírem em poder de veto das ações do governo e em único núcleo capaz de dar certo grau de governabilidade a um governo completamente perdido.

Não é a melhor forma para as FFAA, mas foi a que lhe caiu no colo e nao vao deixar de se aproveitar, tendo como objetivo fundamental a preservação do governo, modificado ou nao, e a construção de uma institucionalidade que trate de impedir o retorno do PT ao governo.

Com a desagregação do esquema de governo do Bolsonaro, que perde não apenas apoio popular, mas também perdeu o apoio da mídia, de grandes setores da classe média, o militares se tornam estratégicos, condição de existência do governo, tendendo a ser, mais do que isso, coluna vertebral do governo. Um processo que se choca frontalmente com a restauração da democracia. A militarização do governo é o principal obstáculo para o retorno da democracia no Brasil. Um governo sem legitimidade, sem capacidade de governar, que desagrega quando deveria comandar o país numa crise grave como esta, abre o caminho para a instauração de um poder militar dentro do Estado.

 

26
Mar20

Como livrar o Brasil dele

Talis Andrade

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Por Emir Sader

Impeachment, acusações de crimes de responsabilidade, pedidos de interdição psiquiátrica, todas formas possíveis de expressar a rejeição remetem a uma consigna geral: Fora Bolsonaro!

Os panelaços têm confirmado que se generaliza pelo país o sentimento de rejeição a Bolsonaro, que setores majoritários da população não o querem mais, não o aguentam mais. “Chega”, “não suporto mais”, “vai embora”, “já deu pra você”, sentimentos generalizados e reiterados.

Os panelaços mostram que algo mudou, que se expande a rejeição ao governo. As pesquisas demonstram, há vários meses, que o apoio a Bolsonaro diminuiu significativamente, que é menor que a rejeição a ele. Mas não se encontrava formas mais ativas desse descontentamento. Os generalizados e combativos panelaços mostram que amplos setores passam da rejeição passiva à rejeição ativa. Não houvesse a impossibilidade de manifestações de massa, certamente estaríamos vivendo as maiores e mais combativas demonstrações de rejeição ao governo.

Por outro lado, os panelaços, marcantes em bairros de classe média e até de classe média alta, demonstram que esses setores, depois de um longo processo de transformação de suas posições, aderem às demonstrações de rejeição do governo, também sentem que não o suportam mais, querem mudanças.

Impeachment, acusações de crimes de responsabilidade, pedidos de interdição psiquiátrica – todas são formas possíveis de expressar a rejeição, todos remetem a uma consigna geral: Fora Bolsonaro! Não se deve abandonar nenhuma via, toda via para que o país se livre dele é possível.

Argumenta-se que não é porque não se gosta deste governo, que devemos apelar para o impeachment. Mas não é assim.  A esquerda se opôs ao governo do FHC, se deu conta que o Judiciário permitia o governo cometer ilegalidades óbvias na implantação de seu programa neoliberal. Sabia-se dos danos que causava ao país. Mas nunca se apelou ao impeachment, se procurou convencer à maioria da população dos danos que aquela política fazia ao país e a todos, até ganharmos as eleições.

Agora não se trata só do desmantelamento da democracia, do Estado, dos direitos dos trabalhadores. Trata-se do desmantelamento do Brasil, de todo tipo de legalidade e de normas de convivência, da desmoralização do governo, do Congresso, do Judiciário, da provocação de uma situação de caos sanitário, de comunidade de gente com diferentes posições, da destruição do que se construiu ao longo de décadas. Não há governo, se renuncia a dar condução ao país numa situação de enorme gravidade, na qual a grande maioria da população se sente desvalida diante dos efeitos de um vírus que os atinge sem que tenham como se defender.

Tudo isso violando a Constituição, cometendo uma quantidade enorme de crimes de responsabilidade, de corrupção, de violação dos direitos dos outros, de falta de pudor no comportamento no cargo, com apelo e incentivo à violência policial contra a população, com a desmoralização da imagem do Brasil no mundo, com incapacidade total de tirar o país da crise e do desemprego.

Tudo isso, repito, violando reiteradamente a Constituição, sem que o Judiciário tome nenhuma medida para frear esse processo. Só nos resta contar com a força demonstrada pela população nesta rejeição a ele. A esquerda tem que assumir a responsabilidade de dar condução política ao movimento que quer o “Fora Bolsonaro!”. Assumir esse movimento com força, ver no seu transcurso qual a melhor via para que o país se veja livre dele. Vai poder contar com o apoio de amplos setores do país, majoritários hoje, assim como de grandes setores da mídia. A esquerda tem que assumir a responsabilidade de responder a esse anseio nacional: livrar o Brasil dele.

A esquerda precisa não ter medo de nenhuma via, nem do impeachment, quando estiverem dadas as condições. Que ele vai tentar se fazer de vítima diante do impeachment, é certo. Mas tem se feito de vítima diante de qualquer crítica, isso não pode ser empecilho.

A esquerda não pode deixar esse anseio nacional se esvaziar, por não encontrar forma de se realizar. Depois ela será julgada pela história, por sua incapacidade de realizar esse objetivo, cada vez mais maduro: Fora Bolsonaro!

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15
Mar20

A LEI DO CONTÁGIO Sergio Moro condena a irresponsabilidade de Bolsonaro no mano a mano com o povo, no corpo a corpo com o coronavírus

Talis Andrade

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Estadão
 
@Estadao
Bolsonaro atuou 'com requintes de sadismo' promovendo atos em meio a pandemia, diz presidente da OAB
Bolsonaro atuou 'com requintes de sadismo' promovendo atos em meio a pandemia, diz presidente da...
Orientado a ficar em isolamento, presidente foi ao encontro de manifestantes em Brasília e divulgou imagens de manifestações pró-governo nas redes sociais
politica.estadao.com.br
 
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Sergio Moro escreveu possíveis ações legais para evitar o contágio do coronavírus, que apagou depois de ver pela internet o capo Bolsonaro comandando marchas, em Brasília, contra o STF e o Congresso.
 
Mesmo assim Sergio Moro deixou, covarde e safadamente, sua críticas indiretas ao Presidente irresponsável, desequilibrado, inconsequente, transcrevendo recomendações do Ministério da Saúde.
 
Você está com sintomas de gripe e não sabe o que deve fazer?
O esclarece sua dúvida. Confira no vídeo.
 
#coronavírus #H1N1 #gripe #SUS #VacinaBrasil
Sergio Moro
@SF_Moro
Ministro da Justiça e Segurança Pública - sallus populi suprema lex esto
Brasília, Brasiljustica.gov.brJoined April 2019
 
Sergio Moro
@SF_Moro
 
Sergio Moro
@SF_Moro
 
Devido ao novo coronavirus, Senacon/MJSP recomenda que consumidores e aéreas ajustem eventual remarcação de viagens a turismo nos próximos 60 dias sem a cobrança de multa. A nota abaixo tem os detalhes. Force majeure.
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Ministério da Justiça e Segurança Pública
 
@JusticaGovBR
·
Senacon recomenda que consumidor possa remarcar suas passagens sem custos. Veja todas as recomendações em: bit.ly/2vkIwIj
 
 
Image
 
Henrique Mandetta
@lhmandetta
 
Conto com cada um de vocês para a divulgação dessas importantes informações. Não há motivos para pânico! Basta que cada um faça sua parte com responsabilidade e empatia. Estamos atentos
Vera Magalhães
@veramagalhaes
 
E aqui estamos indo às ruas no #CoronaDay. Esse dia será lembrado nos livros de história. Podem anotar. 15/3/2020. Não é 2015, talkey? E a imagem do presidente cumprimentando pessoas em meio à pandemia irá para as páginas.
 
Petra Costa
@petracostal
Intervenção médica já!
Apesar de apelo da Saúde, Bolsonaro toca nas mãos de apoiadores
O presidente contrariou uma recomendação da OMS de evitar usar as mãos em saudações para combater o alastramento do coronavírus no mundo
metropoles.com
 
marcia tiburi
@marciatiburi
Tratar o #coronavirus como algo banal significa praticar o « mal radical ». Na Idade Média se acreditava nos « reis taumaturgos » cujo toque curaria escrófulas. Agora um « presidente » espalha a peste? Que tempos apocalípticos...
 
Emir Sader
@emirsader
Bolsonaro abre guerra aos Poderes com irresponsabilidade sanitária - 15/03/2020 - Poder - Folha
Bolsonaro abre guerra aos Poderes com irresponsabilidade sanitária - 15/03/2020 - Poder - Folha
Cenas insólitas deste domingo fazem conversas sobre impeachment deixarem de ser tabu
folha.uol.com.br
 
 
06
Mar20

La lógica de la locura de Bolsonaro

Talis Andrade

“Ha lógica na sua loucura.” 
(Shakespeare, Hamlet)

ALIENARO bolsonaro hacker.jpg

 

por Emir Sader


Entrevistas como a do ex-ditador argentino Jorge Videla à revista espanhola Cambio 16, expressam momentos de sinceridade em que se reproduzem, de forma precisa, a lógica que levou aos regimes de terror que imperaram no cone sul latino-americano há poucas décadas.

Olhada desde agora, tudo parece uma loucura, da qual todos tratam de se distanciar, como se fosse expressão da loucura de alguns, que precisa ser reduzida ao passado e a alguns personagens particulares, uma parte dos quais processada e condenada. Teria sido “um momento ruim”, do qual os países teriam virado a página. Esquecer o passado, curar as feridas, voltar-se para o futuro – essa a proposta dos que protagonizaram aquele “loucura”.

Por isso incomoda muito quando algum daqueles personagens que dirigiram, com representação deles, os regimes de terror, retomam a lógica que os uniu. A leitura da entrevista do Videla é muito saudável, porque reproduz a mesma lógica do bloco que se formou para dar o golpe e deu sustentação à ditadura militar. Bastaria mudar alguns nomes e circunstâncias concretas, para que se tivesse um documento adequado ao que aconteceu no Brasil. É o discurso que sobrevive em setores militares e civis saudosos dos tempos do terror contra a democracia e contra o povo. Escutemos o que disse Videla.

“Na Argentina não há justiça, mas vingança, que é algo bem distinto.” “Houve uma assimetria total no tratamento das duas partes enfrentadas no conflito. Fomos acusados como responsáveis, simplesmente, de acontecimentos que não fomos nós que desencadeamos.” 

Desqualificação da Justiça, como revanchismo, para o que eles tem que aparecer como salvadores providenciais de um pais à beira do abismo, com “vazio de poder”, dominado pelo caos. A Justiça os trataria de forma desigual, porque assumem agora a teoria dos “dois demônios”, dos dois bandos em guerra, buscando descaracterizar que foram os agentes do golpe militar, da ruptura da democracia e da instauração de uma ditadura do terror.

Relata Videla que o principal dirigente da oposição, Ricardo Balbin, do Partido Radical, lhe telefonava para incentivar que dessem o golpe. Nada diferente da UDN no Brasil e da Democracia Crista de Eduardo Frei no Chile. 

“Os empresários também colaboraram e cooperaram conosco. Nosso próprio ministro da Economia, Alfredo Martinez de Hoz, era um homem conhecido da comunidade de empresários da Argentina e havia um bom entendimento e contato com eles".

“A Igreja cumpriu com o seu dever, foi prudente...” “Minha relação com a Igreja foi excelente, mantivemos uma relação muito cordial, sincera e aberta. Tinhamos inclusive aos capelães castrenses assistindo-nos e nunca se rompeu esta relação de colaboração e amizade.”

No Brasil a Igreja Católica participou ativamente na mobilização para o golpe militar, com o qual romperia e teria papel muito importante na denuncia e na resistência à ditadura. Na Argentina, ao contrário, a Igreja continuou apoiando a ditadura, a ponto de mandarem capelães participarem dos vôos da morte, quando duas vezes por semana eram jogados ao mar presos políticos.

“Foi um erro nosso aceitar e manter o termo de desaparecidos digamos como algo nebuloso; em toda guerra há mortos , feridos, aleijados e desaparecidos , isto é, gente que não se sabe onde está. Isto é assim em toda guerra. Em qualquer circunstância do combate, aberto ou fechado, se produzem vitimas. Para nós foi cômodo então aceitar o termo de desaparecido, encobridor de outras realidades (sic), mas foi um erro pelo que ainda estamos pagando e sofrendo muitos de nós. É um problema que pesa sobre nós e não podemos livrar-nos dele. Agora já e’ tarde para mudar essa realidade. O problema é que não se sabe onde está o desaparecido, não temos resposta a essa questão. No entanto já sabemos quem morreu e em que circunstâncias. Tambem mais ou menos quantos morreram, aí cada um que invente suas cifras.”

Essa a lógica da loucura das ditaduras militares, dos regimes militares, que uniu às elites dos países do cone sul, dirigidos pela alta oficialidade das FFAA, congrengando grandes empresários, donos das grandes empresas dos meios de comunicação, com apoio dos EUA. Esse o discurso que os uniu, expresso de forma fria e articulada.

 

 

29
Nov19

O reencontro com Lula livre

Talis Andrade

lula livre nando motta.jpeg

 

 

por Emir Sader

Versão em espanhol

O úlltimo encontro com o Lula livre tinha sido exatamente no derradeiro momento em que ele deixava de ser livre, para provar sua verdade. Depois do notável discurso no Sindicato os Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, ele se despediu de cada um de nós e, a partir daquela estranha imagem dele chegando à Policia Federal de Curitiba, já não tivemos o Lula livre.

Nos relacionávamos com ele através de cartas, de mensagens gravadas, além do "bom dia, presidente Lula", do "boa tarde, presidente Lula", e do "boa noite, presidente Lula", aos quais ele respondia com o piscar da luz de sua cela. Depois pudemos conviver com ele através das suas entrevistas, além das visitas que alguns de nós pudemos fazer a ele.

Como eu relatei a ele, quando o reencontrei, já livre, nos sentíamos canalhas de, depois de voltarmos a conviver com ele, por uma ou duas horas, deixa-lo preso, cercado por aqueles chacais. 

Pude visitá-lo em julho, reencontrá-lo com a naturalidade de como se estivéssemos convivendo todos os dias, desde abril do ano passado, quando ele deixou de ser Lula livre. Ele confessou que pensava que ficaria preso pouco tempo, mas já estava perfeitamente adaptado àquelas condições absurdas em que tinha que viver.

Eu tinha conversado com ele por telefone algumas vezes depois que ele voltou a ser Lula livre, mas somente esta semana pude reencontrá-lo pessoalmente. O abraço foi similar ao que nós havíamos dado em julho, mas desta vez eu abraçava o Lula livre.

Eu havia estado no Instituto Lula na ausência dele. Tudo estava lá, inclusive o pessoal extraordinário que trabalha sempre com ele. Mas a porta da sala dele estava fechada, recordando-nos aquela dolorosa ausência.

Que diferença agora! Nos olhares de todos os que o cercam calorosamente! Na porta da sua sala aberta! Na sua onipresença, que ilumina tudo – como expressou uma das pessoas que cuida diariamente, com todo carinho, dele.

Quando lhe falei daquele sentimento de tê-lo deixado na PF, ele passou a comentar como ele se havia fortalecido lá dentro. Como tinha podido ler muito, refletir muito, se dar conta da importância dele mesmo, de como tem que se dedicar a tarefas e a objetivos maiores. Senti como se ele tivese vivido aquele período como um momento de reflexão sobre o Brasil, sobre a esquerda, sobre o PT, sobre os movimentos populares, sobre ele mesmo. E como sai fortalecido, porque mais consciente, porque viveu e enfrentou com a maior dignidade, as provas a que foi submetido.

Foi reencontrar o Lula livre, o Lula espontâneo, alegre, confiante, brincalhão, afetuoso. O homem e o líder, o individuo e o dirigente, com sua personalidade de sempre. Mais magro, mas fisicamente firme, cheio de esperança.

O Lula livre venceu, até aqui. Mas ele ainda é réu em vários processos, ele sabe que está livre ainda de forma precária, para se defender em liberdade. Só a anulação os processos levados contra ele pelo juiz que o perseguiu arbitrariamente e o condenou sem provas, permitirá que o Lula livre triunfe definitivamente.

O reencontro com o Lula livre foi dessas sensações maravilhosas das quais a gente nunca esquece, tal sua força e a alegria que ele encerra. É o reencontro da gente com a gente mesmo, o reencontro do Brasil consigo mesmo.

lulala livre genildo.jpg

 

10
Nov19

O Brasil com e sem Lula

Talis Andrade

Lula-Livre-e-Presidente.jpg

 

por Emir Sader

Discutia-se muito na velha esquerda sobre “o papel do indivíduo na história”. 

Horas em que o Brasil passa de estar sem o Lula, contido na sua cela, sem poder falar, se movimentar, sem ser abraçado, sem abraçar, sem aparecer de corpo inteiro, dão a dimensão do problema, na dependência de quem seja esse indivíduo.

Voltou a primavera,  voltou o sorriso, voltou a felicidade, voltou a esperança, acabou o pesadelo – distintas são as formas de expressar os sentimentos de milhões de pessoas. Mas todas remetem à ausência e à presença do Lula. Ao Lula preso e ao Lula livre.

Pode-se ler o Brasil sem o Lula e o Brasil com o Lula. Um país sem alma e um país com alma. Um país sem liderança da oposição e um país com a maior e inquestionável liderança. Um país sem rumo e um país que sabe para onde quer voltar a caminhar. Um país sem futuro e um país que se projeta para o futuro.

O tanto que a presença do Lula muda no Brasil está refletido na reação de tanta gente, muitos que agora se projetam no Lula como a referência para a sua esperança, como a indiscutida liderança que parece que estavam esperando. Muito do que nem sabíamos que nos faltava, as pessoas sentem que estava faltando.

Um líder catalisa tanta coisa, ainda mais em sociedades tão fragmentadas como a nossa. Lula aciona a memória das pessoas, a biografia de cada um quando ele governava o Brasil, de como ele mudou a vida de cada um. Lula promove a esperança, a ideia de que a realidade não precisa ser esta que  tem sido, de que um Brasil diferente existiu e volta a se tornar possível.

Lula retoma os seus discursos das Caravanas: recordar o que era o Brasil antes dos governos do PT, o que foi mudado no país e na vida de todos, como os retrocessos mudaram para pior a vida de todos e como o país pode voltar a ser menos injusto, as pessoas podem voltar a sorrir, a ser felizes, o país pode voltar a ser respeitado no mundo, os brasileiros podem voltar a ter orgulho do seu pa[is. A pauta que o Lula retoma é a pauta histórica do PT: empregos, escolas, salários, crédito publico, governo cuidando das pessoas. A prioridade das políticas sociais, do modelo de crescimento econômico com distribuição de renda, em contraposição aos governos de ajuste fiscal e de financeirizacao, a contraposição entre o governo atual e os governos do PT. 

A luta democrática precisa de uma liderança clara? Lula é essa liderança. A oposição precisa unificar e se fortalecer? Lula é quem pode fazer isso. A oposição precisa de um programa? Lula é quem propõe e encarna essa proposta. O Brasil precisa retomar a esperança? Lula infunde essa esperança no país. O povo precisa combatividade? As palavras e as ações do Lula promovem essa combatividade. O país precisa de um futuro possível? Lula pode encarnar esse futuro.

Há algo de indescritível no ar, da diferença entre o Brasil com o Lula preso e o Brasil com o Lula livre. Do Brasil sem o Lula e do Brasil com o Lula. Todos se redefinem em função do Lula, do que o Lula diz e faz. De onde o Lula está. E de para onde ele vai. De com quem ele fala e de com quem ele anda. Parece que o centro politico do pais se desloca de Brasilia para onde o Lula estiver. O governo, que ja’ definhava, passa a viver assediado por quem representa a única liderança política nacional com apoio popular e perspectiva de voltar a presidir o país.

 

Os campos ficam mais definidos: governo da direita e da ultra direita versus alternativa de esquerda, liderada pelo Lula. A diferença é que agora a esquerda retomou a iniciativa, com Lula. Todos respondem a ele, para elogiá-lo ou para ofendê-lo. O Brasil com Lula mostra como ele é indispensável, é o centro da história do Brasil.

O lulismo se torna a grande ideologia da democracia no Brasil, do resgate do país, aquela em que todos se reconhecem, mais além dos partidos. A nova visão com que a esquerda pode voltar a se tornar hegemônica no Brasil, isolando o centro e derrotando a direita.

Com Lula o Brasil pode voltar a se tornar um país respeitado no mundo. Pode voltar a exibir um regime democrático política e socialmente, menos injusto, exemplo de luta contra a fome, de política externa soberana, de solidariedade com todos que lutam pelas boas causas no mundo.

Quem saiu da prisão nao foi só uma pessoa, foram as ideias que queriam prender, foram as propostas que podem reaglutinar a maioria dos brasileiros e fazer do Brasil com Lula de novo um sonho com que poderemos sonhar e viver. 

 

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