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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

23
Jan20

Denúncia contra Glenn é “copia e cola” de ação do governo dos EUA contra Assange, diz revista

Talis Andrade

"É um ataque óbvio de Bolsonaro a alguém que se tornou um espinho jornalístico ao seu lado", diz o jornalista Mathew Ingram na Columbia Journalism Review, uma das mais respeitadas publicações do mundo sobre jornalismo

 

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Artigo do jornalista Mathew Ingram, publicada nesta quarta-feira (22) no site da Columbia Journalism Review, uma das mais conceituadas publicações sobre jornalismo do mundo, diz que a denúncia feita pelo procurador Wellington Divino Marques de Oliveira contra Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept, é praticamente uma cópia do argumento usado pelo Departamento de Justiça dos EUA na ação contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, no ano passado – com excessão à acusação de espionagem.

“O caso contra Greenwald passa a ser quase uma cópia do argumento do Departamento de Justiça na declaração que fez contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, no ano passado, que contém mais de uma dúzia de acusações sob a Lei de Espionagem. Assim como o governo brasileiro, os promotores estadunidenses tentam afirmar que Assange não apenas recebeu documentos diplomáticos vazados e outras informações do ex-funcionário do Exército, Chelsea Manning, mas que ele participou ativamente do hackeamento e vazamento e, portanto, não merece a proteção da Primeira Emenda”, diz o texto, citando o dispositivo da constituição dos EUA que estabelece a Liberdade de Imprensa.

Segundo Ingram, este é um “claro ataque ao jornalismo”. “É um ataque óbvio de Bolsonaro a alguém que se tornou um espinho jornalístico ao seu lado”, diz o jornalista, lembrando da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu que Greenwald fosse processado.

Declarações

No texto, O jornalista da Columbia Journalism Review lista ainda uma série de declarações de órgãos estadunidenses contra a denúncia do procurador brasileiro.

Entre elas, Ingram destaca o editorial do jornal The New York Times, que diz que o governo Bolsonaro “atira no mensageiro”. “Em um editorial sobre o caso, o New York Times disse que a denúncia do governo brasileiro contra Greenwald é “um caso cada vez mais familiar de atirar no mensageiro e ignorar a mensagem”, e uma perigosa ameaça ao Estado de Direito. O jornal também disse que, embora Trump não tenha prejudicado as liberdades de imprensa nos EUA, “seus ataques ultrajantes a repórteres … incentivaram pessoas como Bolsonaro”.

Leia o artigo na íntegra (em inglês)

23
Jan20

Sherlocks de araque

Talis Andrade

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Por Leandro Fortes

Jornalistas pela Democracia 

 

A decisão do Supremo Tribunal Federal, de 2015, dando ao Ministério Público poderes de investigação está na origem da evolução – obviamente, não no sentido darwiniano – desses monstrinhos do serviço público, quase sempre bem sucedidos concurseiros da classe média imersos em ignorância e preconceito.

Envoltas na bruma delirante do Mensalão, as togas do STF assumiram características circenses que, dali em diante, jamais iriam abandonar as curvas de mármore do tribunal. Prostrados diante do espetáculo dantesco daquela perseguição antipetista inaugural, ministros e ministras embotaram a Constituição Federal em troca de holofotes e links ao vivo.

O movimento natural seguinte foi a glorificação das ações persecutórias, não menos delirantes, que transformaram procuradores da República em inquisidores do serviço público, radicais livres de qualquer controle social. De fiscais da lei, os membros do MP se tornaram investigadores tresloucados (sem nenhuma formação para tal) e provocaram, entre outros danos colaterais, um grave conflito de competência com as polícias judiciárias – civis e Federal – que se arrasta, até hoje.

Graças a essa zona cinzenta do direito e da cidadania, o procurador da República Wellington Divino Marques de Oliveira teve a audácia de denunciar o jornalista Glenn Greenwald, do Intercept, por crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades, entre elas, o santificado Deltan Dallagnol e o indefectível Sérgio Moro.

Trata-se, portanto, de um procurador com ares de estafeta, sem nenhum pudor em ignorar, no caso de Greenwald, os resultados de uma investigação da Polícia Federal que nada achou em relação ao jornalista. Repito: nada.

Sem provas e sem indiciamento, e a partir de uma premissa estúpida levada a cabo apenas para agradar a seita lavajatista, o procurador Wellington não só se expôs ao ridículo como demonstrou total ignorância sobre as artes do ofício do jornalismo.

Sob aplausos, claro, da manada. 

23
Jan20

Glenn e a lei de abuso de autoridade

Talis Andrade

 

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Por Tereza Cruvinel

Recentemente sancionada, a lei sobre abuso de autoridade pode ser aplicada ao procurador Wellington Divino de Oliveira, que apresentou denúncia criminal contra o jornalista Glenn Greenwald, sem que ele tenha sido sequer investigado, e insurgindo-se contra a liminar do ministro do STF Gilmar Mendes, que proibira qualquer responsabilização do jornalista pelo raqueamento dos telefones de Sergio Moro e procuradores da Lava Jato (ADPF 601). 

O coordenador do grupo de advogados Prerrogativas, Marco Aurélio Carvalho, confirmando minha intuição jurídica, diz que eles estão mesmo estudando medidas contra o procurador com base na lei, votado pelo Congresso como reação aos abusos da Lava Jato e de outros setores do Judiciário.

No texto já sancionado da lei, encontro o artigo que me parece adequado ao caso. 

Diz ele, na tipificação dos crimes de abuso de autoridade: “Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.” 

Eximo Marco Aurélio desta interpretação, que é minha, e pode estar equivocada. 

Mas é certo que os advogados estudam medidas contra o procurador perseguidor, que também já tentou processar o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.

Ontem o coletivo Prerrogativas divulgou nota em que afirmam: 

“Os esforços para caracterizar Glenn Greenwald como auxiliar ou mentor dos (supostos) hackers esbarram em qualquer critério de boa-fé. Não há leitura possível dos diálogos que comporte esse tipo de interpretação. É ainda muito preocupante que o Ministério Público Federal se insurja contra a autoridade da medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 601, do Supremo Tribunal Federal, que protegeu o exercício da liberdade de imprensa e, pelo menos até o dia de hoje, garantiu que Glenn Greenwald não fosse criminalizado em razão do exercício de atividades jornalísticas. Esta acusação é uma escalada perigosa na ascensão do autoritarismo, além de consagrar o uso político do processo penal e a fragilidade da nossa democracia”.
Integram o Prerrogativas, além de Carvalho, advogados renomados como Celso Antonio Bandeira de Melo, Mariz de Oliveira, Weida Zancaner, Fabiano Silva Santos, entre outros. 

E Sigmaringa Seixas, in memorian, pois foi um dos inspiradores de sua criação.

No site do grupo há um artigo da jurista Carol Proner, publicado em julho do ano passado, no início da Vaza Jato, apontando “as quatro capas de proteção constitucional do The Intercept”: imprensa, expressão, informação e verdade histórica”. Diz ela:

“Não se trata apenas de liberdade de imprensa a dar cobertura constitucional ao trabalho do The Intercept, mas também de liberdade de expressão, do direito à verdade e do direito (de acesso) à informação, quatro capas jurídicas imbricadas que garantem absoluta legalidade e o dever de proteção estatal ao trabalho dos jornalistas liderados por Glenn Greenwald.

As revelações são mais que jornalismo, pois permitem a realização do direito à verdade histórica. 

Permitem a revelação do que vinha sendo denunciado por juristas em todo o país: a disfuncionalidade de setores do sistema de justiça e o conhecimento de eventuais crimes cometidos por funcionários públicos num trabalho de inestimável valor à sociedade brasileira.”

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23
Jan20

MPF usa contra Greenwald áudio que PF havia julgado favorável ao jornalista

Talis Andrade

 

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O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília denunciou nesta terça-feira o jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept, e outros seis investigados por envolvimento na invasão de celulares de autoridades como o ministro Sergio Moro e o Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato. As mensagens privadas repassadas a Greenwald originaram série de reportagens feitas pelo The Intercept Brasil e um grupo de veículos, incluindo o EL PAÍS, que revelaram a proximidade entre Moro, então juiz da Lava Jato, e os procuradores e puseram em xeque a imparcialidade da operação. O jornalista norte-americano sempre rechaçou ter participação do hackeamento e tem evocado o sigilo de fonte para defender a utilização do material.

Na denúncia, que foi alvo de críticas de entidades de imprensa nacionais e internacionais, o procurador Wellington Oliveira utiliza um diálogo entre Greenwald e um dos acusados que confessou ter roubado as mensagens das autoridades para dizer que o jornalista "de forma livre, consciente e voluntária, auxiliou, incentivou e orientou, de maneira direta, o grupo criminoso, durante a prática delitiva, agindo como garantidor do grupo, obtendo vantagem financeira com a conduta aqui descrita”. Oliveira não dá mais detalhes. A conclusão do Ministério Público Federal, porém, vai na contramão da Polícia Federal, que não viu nada inadequado na conduta do jornalista. Em dezembro, relatório da PF sobre o caso afirmou, com base no mesmo material investigado e no exato áudio referido por Oliveira, que a troca de mensagens era uma "evidência da adoção por Glenn Greenwald de uma postura cuidadosa e distante em relação à execução das invasões, bem como da escolha de eventuais alvos pelos criminosos”.

“O Governo Bolsonaro e o movimento que o apoia deixaram repetidamente claro que não acreditam em liberdade de imprensa”, protestou Greenwald em nota enviada à Folha de S. Paulo. Seus advogados disseram que vão tomar as medidas cabíveis e que pretendem acionar a Associação Brasileira de Imprensa. A nota The Intercept seguiu a mesma linha e viu na ação como uma tentativa de “criminalizar o jornalismo brasileiro”, e não apenas o site. No Twitter, Edison Lanza, relator da OEA para a Liberdade de Expressão, disse enxergar “preocupantes implicações para a liberdade de expressão” no procedimento movido contra Greenwald. Já a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma nota em que analisa trechos da denúncia e chega a conclusão de que ela foi feita “como único propósito constranger" o jornalista. “A denúncia contra Glenn Greenwald é baseada em uma interpretação distorcida das conversas do jornalista com sua então fonte”, afirma. “É um absurdo que o Ministério Público Federal abuse de suas funções para perseguir um jornalista e, assim, violar o direito dos brasileiros de viver em um país com imprensa livre e capaz de expor desvios de agentes públicos”, prossegue. A ONG Anistia Internacional afirmou, por sua vez, que a denúncia “é profundamente grave e representa uma escalada na ameaça à liberdade de imprensa no Brasil”, uma vez que “se soma a uma série de agressões que o presidente Jair Bolsonaro tem praticado contra repórteres, além de medidas que soam como ameaçadoras contra veículos de comunicação nos últimos meses”.

No mesmo áudio e Supremo

Além da rejeição de entidades e políticos, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o caso também reverberou no Supremo Tribunal Federal. Em agosto, o ministro do STF, Gilmar Mendes, vetou a implicação de Greenwald no caso, evocando a proteção ao direito de fonte. Por causa disso, o jornalista não poderia ser investigado.

A denúncia é mais um capítulo da novela política que começou com a publicação da série de reportagens originadas nas mensagens privadas, batizadas de Vaza Jato pelo The Intercept. O material marcou a agenda política brasileira desde junho de 2019 e abalou a percepção pública da Operação Lava Jato. Após as primeiras reportagens, o presidente Jair Bolsonaro chegou a sugerir que Greenwald poderia ser preso. As declarações provocaram protestos de entidades em defesa da liberdade de expressão no Brasil e no exterior.

EL PAÍS, que assim como Folha, a Veja e outros veículos utilizou as mensagens para fazer reportagens, reitera que não paga para conseguir informações sigilosas nem estimula atos criminosos para tal, mas não se furta de apresentar a seus leitores um cabedal de notório interesse jornalístico, independentemente da forma que tenha chegado à imprensa protegido pelo sigilo de fonte. [Transcrevi trechos]

22
Jan20

O liberal na economia e o Estado fascista

Talis Andrade

Cultura

 

 
Por Fernando Brito

A ação contra o jornalista Glenn Greenwald, embora provavelmente vá ser rejeitada pela Justiça e não prospere – atualmente, nunca se sabe se absurdos serão mesmo travados – é mais lenha no desgaste internacional do Brasil.

Muito embora a nossa grande imprensa, sempre tolerante (quando não raro servil) a tudo o que diga respeito a Sergio Moro, o ataque a um jornalista de renome mundial por seu trabalho, atropelando inclusive uma ordem do Supremo Tribunal Federal, tem consequências.

Já está tendo, aliás, com grandes coberturas em jornais estrangeiros, como o The New York Times, The Guardian e The Washington Post. Este último diz que “o caso é visto como um teste para a liberdade de jornalistas sob Bolsonaro, um ex-oficial militar de direita eleito no ano passado, apelando ao nacionalismo, homofobia, nostalgia da ditadura militar anterior do Brasil e atacando a mídia”.

Já estávamos na berlinda mundial pela questão ecológica, pela discriminação a minorias, pela tênebra de ideias fascistas e, agora, entramos na seara da liberdade de imprensa.

Pode parecer bobagem na cabeça de nossa elite dirigente, mas o mundo – inclusive o dos negócios – depende hoje do cumprimento de certas convenções.

Um estado policial não tem como deixar de ser um pária no mundo.
22
Jan20

Procurador sargentão que denunciou Glenn é aliado de Moro e persegue Lula e Felipe Santa Cruz

Talis Andrade

247O procurador da República Wellington Divino de Oliveira, que assina a denúncia contra Glenn Greenwald por "invasão de celulares", é um eleitor de Bolsonaro e aliado de Sérgio Moro. Ele foi sargento do Exército por 13 anos.

Oliveira ameaça Lula há mais de uma década. Iniciou a perseguição a Lula muito antes de a operação político-judicial de Sergio Moro existir. Em 2007, Oliveira apresentou sua primeira denúncia contra Lula, por falso "desvio" de recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen).

Quase dez anos depois, em 2016, no embalo da Lava Jato, Oliveira chegou a ponto de abrir uma investigação por Lula, supostamente, ter se apropriado de um crucifixo, que lhe teria sido presenteado quando presidente.

Em dezembro de 2019, Oliveira denunciou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, sob a acusação de ter caluniado o ministro da Segurança Pública Sergio Moro.

Em julho, Santa Cruz dissera, em entrevista a Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, que o ministro "banca o chefe da quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas". 

A ação do procurador contra Santa Cruz teve reação imediata. A ABJD (Associação Brasileira de Juristas pela Democracia) e outras entidades divulgaram nota afirmando que "além de um verdadeiro atentado à liberdade de expressão, [a iniciativa] simboliza o uso totalmente indevido da instituição Ministério Público Federal". E ainda que: "Ao apresentar a denúncia, o procurador desonra a instituição a que pertence, tentando sufocar e intimidar a liberdade de crítica, própria não apenas de advogados, mas de todo cidadão em uma sociedade livre e democrática. Nesse caminho, flerta perigosamente com o autoritarismo".

Enquanto isso, a defesa de Felipe Santa Cruz, entregou uma representação ao Conselho Nacional do Ministério Público contra o procurador Wellington Divino Marques de Oliveira. 

 

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