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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

07
Fev20

Decisão de juiz acusador sobre Greenwald é atentado contra o sigilo de fonte

Talis Andrade

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por Fernando Brito

Não, não é positiva a decisão do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, de recusar, “por ora”, a denúncia do Ministério Público Federal contra Glenn Greenwald como cúmplice da invasão de aplicativos de mensagens que compuseram a série de reportagens mostrando comportamentos irregulares de Sérgio Moro e dos procuradores da chamada “força tarefa” da Lava Jato.

A decisão se funda apenas na liminar dada por Gilmar Mendes, proibindo a persecução do jornalista. Se não fosse isso, deixa claro, estaria disposto a acolher a denúncia contra Greenwald.

O diálogo gravado, mesmo com a natural dificuldade de expressão de Greenwald em português, deixa evidente que ele não participa da invasão dos aplicativos e se recusa a orientar os “hackers” em sua ação.

Mas o juiz afirma que ele o fez e que, por isso, em tese, é cúmplice.

Ou “instigador”, como diz o juiz.

A decisão é uma vergonha.

A questão, apenas , é se ela será embargada no próprio juízo, por omissão, uma vez que ele diz que deixa “de apreciar, neste momento, a manifestação apresentada pela defesa”, que obviamente pede a rejeição da denúncia, que é o objeto do processo, o que se configura num completo cerceamento de defesa, que se deixa de considerar, ou diretamente numa reclamação ao STF, por descumprimento de ordem legal por ele emanada.

O caso está virando um escândalo internacional, como informa Jamil Chade, ao publicar, no UOL que especialistas da ONU e da OEA “expressaram sua séria preocupação com a denúncia apresentada pelo Ministério Público brasileiro contra Glenn Greenwald.

O sigilo de fonte, constitucional, não é valor relativo, mas absoluto.

 

 

22
Jan20

Organizações condenam denúncia contra Glenn Greenwald

Talis Andrade

Entidades brasileiras e internacionais criticam ação do MPF como ameaça grave à liberdade de imprensa e à democracia

Glenn Greenwald

Deutsche Welle / Emissora internacional da Alemanha

Organizações não governamentais internacionais e associações de jornalismo criticaram a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, nesta terça-feira (21/01).

O MPF denunciou o americano por associação criminosa, argumentando que ele participou ativamente dos crimes de invasão de aplicativos de mensagens de autoridades públicas, ao ter supostamente orientado hackers a apagado arquivos "para dificultar as investigações".

A Anistia Internacional (AI) qualificou a denúncia como "profundamente grave", afirmando que o caso representa "uma escalada da ameaça à liberdade de imprensa" no país. "Causam-nos estranheza as informações de que Glenn Greenwald foi denunciado sem sequer ser investigado", ressaltou, em nota, a organização.

A ONG União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), dos Estados Unidos, pediu a imediata condenação da denúncia por parte do governo americano. "Nosso governo deve condenar imediatamente esse ataque ultrajante à liberdade de imprensa e reconhecer que os seus ataques às liberdades de imprensa em casa têm consequências para os jornalistas americanos que trabalham no exterior, como é o caso de Glenn Greenwald", escreveu a ACLU no Twitter.

Também a Electronic Frontier Foundation (EFF), que luta pela liberdade de expressão, defendeu Greenwald, classificando a denúncia como "ameaça à democracia".

A Freedom of the Press Foundation, que tem como seu membro fundador o próprio Greenwald, fala em "tática de intimidação" e diz, em nota, que o americano "lutou bravamente pela liberdade jornalística ao longo de toda a sua carreira". Também descreve a denúncia como fruto de "uma escalada doentia dos ataques autoritários do governo Bolsonaro à liberdade de imprensa e ao Estado de direito".

O texto, assinado pelo diretor executivo da entidade, Trevor Timm, pede que o governo brasileiro "interrompa imediatamente a sua perseguição a Greenwald e respeite a liberdade de imprensa".

Edison Lanza, relator da Organização dos Estados Americanos (OEA) para a Liberdade de Expressão, afirmou no Twitter haver na denúncia contra Greenwald "preocupantes implicações para a liberdade de expressão".

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou comunicado analisando trechos da denúncia e refutando os argumentos do procurador Wellington Divino Marques de Oliveira, que a assina. A entidade diz que a denúncia tem "como único propósito constranger" o jornalista e "é baseada em uma interpretação distorcida das conversas do jornalista com sua então fonte".

Para a Abraji, o MPF abusa de suas funções "para perseguir um jornalista e, assim, violar o direito dos brasileiros de viver em um país com imprensa livre e capaz de expor desvios de agentes públicos".

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) afirma que o MPF "ignora a Constituição" ao denunciar Greenwald. "Ao jornalista não cabe o papel de recusar ou não divulgar informações de interesse público, porque obtidas de fontes anônimas e/ou sigilosas. Igualmente, não é dever do jornalista atestar a legalidade da obtenção das informações e, sim, verificar a veracidade das informações, antes de divulgá-las à sociedade", afirma a entidade, em comunicado.

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16
Nov19

Licença para matar: decreto de golpistas autoriza repressão sanguinária ao povo boliviano

Talis Andrade

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por Jeferson Miola

 

Diz o artigo 3º do Decreto:

O pessoal das Forças Armadas que participe das operações de restauração da ordem e da estabilidade pública, ficará isento de responsabilidade criminal quando, em cumprimento de suas funções constitucionais, atuar em legítima defesa ou estado de necessidade”.

Com o Decreto, militares e policiais civis da Bolívia receberam licença para matar seu próprio povo, quando teriam a responsabilidade constitucional de defendê-lo.

O Decreto que dá carta branca para o banho de sangue na Bolívia só foi publicado na tarde deste sábado, 16/11, porém com assinatura do dia anterior, quando ocorreram mais 9 assassinatos de populares pelas forças policiais que reprimiram manifestações pelo país.

O golpe planejado em Washington e executado em solo boliviano diretamente pela OEA de Almagro com o apoio decisivo de governos capachos e subservientes aos EUA como Bolsonaro, no Brasil; Iván Duque, na Colômbia e de Piñera, no Chile, está evoluindo para uma ditadura sanguinária.

Apesar do aprofundamento da violência e do terror de Estado, cresce a cada dia e se radicaliza ainda mais a resistência popular e democrática ao golpe.

É urgente um pronunciamento do Conselho de Segurança da ONU e o rechaço de toda a comunidade internacional ao golpe promovido pelos EUA na Bolívia e que  está causando uma catástrofe humanitária no país andino. [Vide capa dos jornais da Bolívia hoje. Os índios que protestam contra o golpe são chamados de subversivos]

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08
Jul19

O “Foro de Curitiba”

Talis Andrade

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por Fernando Brito

---

O bolsonarismo demoniza o tal “Foro de São Paulo” , que seria, na visão deles, um mecanismo de conspiração política internacional, destinado a interferir na política de países latino-americanos.

Descobre-se agora, nos diálogos obtidos pelo The Intercept e publicados pela Folha, que existe, sim, uma organização secreta destinada a violar leis, acordos e a Constituição para apoiar ações para derrubar governos estrangeiros.

A muitos talvez pareça um abuso a mais, entre os tantos que os diálogos já revelaram. E não dos maiores: afinal, faz tempo que o “demônio” da Venezuela justifica tudo, como quase justificou uma agressão militar que acabou não ocorrendo por conta de uma inferioridade bélica e logística que nos levaria a perdas imensas.

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Há, porém, para qualquer um observar, a evidência da formação, sob a chefia do então juiz Moro e usando como agentes os integrantes da Procuradoria Geral da República, de uma organização criminosa, que usava não apenas os processos judiciais brasileiros, mas também a cooperação com os Estados Unidos para atingir objetivos político-ideológicos.

E mecânica desta ação é exposta e resumida pela narrativa da Folha:

Os procuradores começaram a debater o assunto na tarde do dia 5 de agosto de 2017, depois que Moro escreveu ao chefe da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, no aplicativo Telegram. “Talvez seja o caso de tornar pública a delação dá Odebrecht sobre propinas na Venezuela”, disse o juiz. “Isso está aqui ou na PGR?”

É evidente que, sendo matéria de competência internacional, deveria estar na Procuradoria Geral da República. Mas estava com a PGRC, seu órgão superior: a Procuradoria Geral da República de Curitiba. E esta, por Deltan, não se fez de rogada ao apelo do chefe, ainda que os acordos impedissem o compartilhamento das informações:

Em resposta a Moro em 2017, Deltan indicou que os procuradores buscariam uma maneira de contornar os limites do acordo e comunicou a intenção de mover uma ação pelo crime de lavagem de dinheiro internacional. “Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos”, acrescentou..

A violação era de tal ordem que houve resistência entre alguns procuradores, que Dallagnol enfrentou fazendo afirmações que, se fossem contra governos de direita seriam tomadas como “internacionalismo comunista”, ao dizer que “o propósito de priorizar [a ação] seria contribuir com a luta de um povo contra a injustiça”.

Fizeram isso com alguns trechos de depoimentos, entregues à então procuradora venezuelana Luisa Ortega, que provocou reclamações ao Supremo Tribunal Federal, onde tinham sido homologados os acordos de delação. Mas o ministro Luís Edson “Aha Uhu” Fachin limitou-se a “pedir esclarecimentos”.

Tudo feito em completo arrepio da legislação brasileira e aos tratados internacionais dos quais o país é signatário que obrigam a que toda cooperação jurídica internacional passe pelo Ministério da Justiça, vá ao exame do STF e, só então, seja distribuída às procuradorias da República para sua execução. Quem quiser conferir, aqui está o documento da OEA (em inglês OAS, Organization of American States, antes que os “pavões peritos” achem que estou tratando da empreiteira).

A trama toda – descrita com a sordidez de detalhes na reportagem da Folha – teve ainda o patrocínio explícito da Transparência Internacional – curiosa transparência feita à base de cochichos secretos, nos quais o procurador, com intimidade extrema, é tratado como “Delta” – articulada com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aquele a quem Moro, em outras revelações, mandava “não melindrar”.

O “Foro de Curitiba” é uma organização criminosa internacional.

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