Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

27
Dez18

Queiroz gagueja, fala, mas a história segue mal-contada

Talis Andrade

 

aroeira queiroz vende carro.jpg

 

A entrevista “dócil” de Fabrício Queiroz a Debora Bergamasco, arranjada pelo SBT não convenceu ninguém.

Não posso, claro, colocar em dúvida que tenha problemas de saúde, mas não saber dizer o nome do hospital onde esteve internado é demais.

Assim como não dizer nada sobre os motivos da movimentação financeira.

A história da “compra e venda” de automóveis é descrita como algo de seu passado de “fazedor de dinheiro”, mas não é a isso que ele atribui os movimentos de dinheiro vivo em sua conta, diretamente.

E ainda que fossem, não explicaria o movimento “picado” de dinheiro, não ultrapassando os R$ 5 mil que soam o alarme do COAF.

A não ser muito “caidinho”, carro por menos de R$ 5 mil é negócio de ferro velho.

Aliás, não é crível que quem compra e vende tantos automóveis não fosse conhecido de todos por esta atividade.

Não se movimenta R$ 1,23 milhão de reais em um ano sem saber apontar, ao menos, uma operação de peso – a venda de um apartamento, por exemplo.

Ou se é compelido a “ir viver numa comunidade” com renda de “R$ 23, 24 mil” por mês, mesmo pagando pensão alimentícia.

casa-do-ex-motorista-de-Flavio-Bolsonaro- foto jul

Residência de Fabrício Queiroz em favela

 

Fabrício alegou que não dizia o que eram os depósitos “em respeito” ao Ministério Público e sinalizou que seu depoimento será em meados ou final de janeiro, depois dos das filhas e da mulher, no dia 8.

Não se sabe o que faz o Ministério Público que não pede ao menos a abertura de um inquérito e a quebra do sigilo bancário de Fabrício, nem que seja para impedir a montagem de “histórias plausíveis”.

Porque na entrevista ele não apresentou uma que fosse digna de credibilidade, embora, repito, não se possa fazer juízo de seu estado de saúde.

Tenho a impressão que o tiro saiu pela culatra e vai deixar inúmeras pontas soltas para qualquer repórter competente.

Se a imprensa quiser, claro.

Assista a entrevista de quase 23 minutos em que nada de concreto é provado, sempre com documentos “que vou lhe dar depois”, mas que não são mostrados em momento algum.

 

04
Jul18

Odebrecht disse que deu 13 milhões para Lula, e o burro do Moro cego de ódio acreditou

Talis Andrade

13 milhões entregues de uma só vez, em uma pasta

dinheiro just_money___payam_boromand.jpg

 

Temos de tirar o chapéu para a inteligência de Marcelo Odebrecht. Até agora, entre todos os torturados em Curitiba com a única finalidade de jogar Lula na prisão, foi o único a conseguir sua liberdade gozando a cara do fascista Sérgio Moro.

 

Ao contrário do que possa ter parecido ontem, dia marcado por um turbilhão de denúncias e delações, Odebrecht na verdade deu a Lula um verdadeiro atestado de inocência ao dizer que havia entregue ao ex presidente 13 milhões em propina, pagos de uma só vez, em dinheiro.

 

Inebriado ou alucinado de alegria com o tamanho da quantia, Sérgio Moro não prestou atenção no detalhe: "o dinheiro foi entregue a Lula em uma pasta"- disse Marcelo. E Moro deve ter saído da sala de audiência dando pulinhos de alegria.

 

Pulando de alegria , também, pelo fato de ter permitido o vazamento exclusivo e ao vivo de tal depoimento para O Antagonista, sabidamente sucursal da TV Globo, que junto ao juiz caiu também no ridículo.

 

TORRE DE DINHEIRO

Para se ter uma ideia, O dinheiro que Marcelo Odebrecht disse que deu a Lula, em cash , seriam 130.000 notas de 100. Supondo que cada nota tenha a espessura de 0,11 mm, essas notas empilhadas são = 130000 x 0,11 mm = 14.300 mm, ou seja, era uma pilha de 14,3 metros de altura. Mesmo que divididos em 6 vezes, seria uma pilha de 2,38 metros de cada vez.


Levar Lula a um julgamento calcado nessa "acusação" exigiria a instalação de uma enorme tenda de lona sobre o tribunal, dando-lhe a verdadeira caracterização de um circo.

 

Não é atoa que Marcelo Odebrecht comandou o grande império de sua família, tenham lá suas críticas quem as tiver. Inteligência não lhe falta e tem ainda uma coisa da maior importância: foi leal à verdade e digno com Lula, pois em vez de complicar a vida desse já tão perseguido ídolo do povo brasileiro, inocentou-o com uma piada.
(Ricardo Eugenio)

22
Jul17

O brasileiro salário mínimo gasta 30 por cento do que recebe com impostos indiretos

Talis Andrade

Alguns fatos estupefacientes sobre os impostos no Brasil

 

Enquanto os 10% mais pobres chegam a gastar quase 30% dos seus rendimentos com impostos indiretos, os 10% mais ricos gastam cerca de 10%. Mesmo considerando-se os impostos diretos, os pobres ainda pagam proporcionalmente mais impostos.

 

_rich_and_poor___agim_sulaj rico.jpg

                                          Rico e pobre, por Agim Sulaj

 

 

por Felippe Hermes

 

Tudo à sua volta tem impostos. Da energia elétrica que você consome para ler esse texto até a roupa que está vestindo nesse momento.

Mas o sistema tributário brasileiro possui diversas bizarrices, das quais você provavelmente não faz a mais mínima ideia.
É um sistema complexo, desigual, cheio de brechas, gigante pela própria natureza e que tende a piorar nos próximos anos se tudo continuar nesse ritmo.

Entender toda essa legislação tributária não é tarefa simples: custa tempo, dinheiro e é algo literalmente pesado.

A seguir, sete fatos que você não sabia, mas deveria saber, sobre os impostos brasileiros. Do filme pornográfico ao livro dos recordes.

 

1) Pagamos mais impostos em remédios do que em revistas e filmes pornográficos

 

Sim, isso mesmo.

Enquanto revistas eróticas sofrem uma taxação de 19%, nossos remédios possuem uma carga tributária de incríveis 34%. Além de dar prioridade ao conteúdo adulto, nosso sistema tributário ainda nos trata pior do que animais: segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), medicamentos veterinários possuem uma carga tributária de 13%, quase um terço dos impostos embutidos em remédios de uso humano.

 

2) A complexidade do nosso sistema tributário concorre por um recorde no Guinness World Records

 

Além das injustiças e distorções provocadas pelo nosso sistema tributário, a sua complexidade atua como um entrave para empreendedores — e essa burocracia gera custos.

Anualmente, as empresas brasileiras gastam 2.600 horas para cumprir suas obrigações tributárias. É o pior resultado entre 189 países. Estamos atrás até mesmo de países como a Venezuela (792 horas), a Nigéria (956 horas) e o Vietnã (872 horas). Mesmo o penúltimo colocado, a Bolívia, dá uma surra no Brasil: 1.025 horas.

Mas para onde vai tanto tempo?

Um advogado resolveu correr atrás do número exato dessa burocracia toda. Foram quase 20 anos compilando as leis tributárias de municípios, estados e da Federação. O resultado: um livro de 7,5 toneladas, 2,21 metros de altura e 41 mil páginas contendo todas as normas tributárias do país, escritas em fonte tamanho 22.

Atualmente, o livro concorre na categoria de mais pesado e com mais páginas do mundo. Ao todo, o trabalho custou R$ 1 milhão — dos quais, 30%, foram gastos com impostos.

 

3) Não bastasse a complexidade existente, todos os dias são criadas mais 46 leis tributárias

 

Desde a promulgação da Constituição de 1988, o Brasil criou 320.343 leis tributárias. Sim: trezentos e vinte mil, trezentos e quarenta e três leis tributárias.

Levando-se em conta o número de dias úteis no período, foram criadas 46 novas leis todos os dias, segundo um levantamento do IBPT.

Se continuarmos nesse ritmo, nossa complexidade tributária só tende a piorar e complicar ainda mais os negócios do país, que já precisam seguir 40.865 artigos legais para poderem funcionar.

 

4) Nosso atual imposto de importação é maior que o da União Soviética na década de 1980

 

Você leu certo, camarada. Em 1988, a União Soviética fez uma reforma tributária e de comércio exterior, com a intenção de atrair investimentos externos. O limite de participação estrangeira em negócios, por exemplo, saiu dos 49% para 80%. Junto a essa reforma, o governo também promoveu uma abertura comercial, permitindo a importação de diversos produtos e fixou as tarifas de importação para eles, que variavam de 1% (para itens de necessidade básica, como alimentos) até 30%, em casos de itens como eletrodomésticos.

A liberação econômica mais tarde ajudaria a acabar com a censura no país e levaria a União Soviética a um colapso econômico.

Em contraste, hoje os brasileiros pagam um imposto de importação de 60% do valor do produto. As taxas ainda podem ser maiores dependendo de impostos estaduais, como o ICMS, cobrado em cima do valor do produto após a taxa de importação. Como em alguns estados o ICMS pode chegar a 18%, a tarifa total sobre a importação pode totalizar 89% do valor da mercadoria.

 

5) Nosso sistema tributário é o mais injusto do mundo, por diversas razões

 

Não existe exatamente um ranking de sistemas tributários mais injustos; porém, se existisse, o Brasil teria boas chances de figurar nas primeiras colocações.

Primeiramente, nosso retorno sobre os impostos é o pior entre 30 países analisados pelo IBPT — posição que ocupamos por 5 anos consecutivos. Com um retorno tão baixo, o sistema tributário brasileiro força o contribuinte a pagar para a iniciativa privada, quando possível, por alguns serviços como educação e saúde. Os que não podem pagar ficam relegados a serviços públicos de péssima qualidade.

Para piorar, um estudo do IPEA demonstrou que, quanto mais na base da pirâmide, mais impostos proporcionalmente o cidadão paga de acordo com sua renda: enquanto os 10% mais pobres chegam a gastar quase 30% dos seus rendimentos com impostos indiretos, os 10% mais ricos gastam cerca de 10%. Mesmo considerando-se os impostos diretos, os pobres ainda pagam proporcionalmente mais impostos.

A solução, claro, não é aumentar as taxas do topo da pirâmide: os ricos brasileiros já deduzem uma porcentagem da renda muito próxima da de países desenvolvidos — e eles, é claro, vão sempre repassar essas taxas para o resto da população.

Por que não, então, cobrar menos dos outros degraus da pirâmide?

 

6) Não fosse a sonegação, teríamos a 3ª maior carga tributária do planeta

 

Que a carga tributária do Brasil é alta, todo mundo sabe. Mas, apesar de figurarmos na 22ª posição no ranking mundial, a carga de impostos do país está muito distante de sua realidade: aparecemos no ranking ao lado de diversos países europeus ricos. Se levarmos em conta todos os países do continente americano, saímos ainda pior na foto: somos o primeiro lugar entre todos os países da região, incluindo a América do Norte.

Mas a triste realidade poderia ser ainda pior, não fosse a sonegação. Isso mesmo, a sonegação.

Segundo o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), em 2014, o país deixou de arrecadar R$ 501 bilhões por conta da sonegação. O que pouco se fala, no entanto, é que, caso esse valor tivesse sido de fato pago pelos pagadores de impostos, o governo teria arrecadado impressionantes 2,3 trilhões de reais no período: 46% do nosso PIB, que ficou em R$ 5,5 trilhões ano passado de acordo com o IBGE.

Com uma carga tributária tão alta, tomaríamos o 3ª lugar na fila dos países que mais cobram impostos no mundo, perdendo somente para a Eritréia (50%) e a Dinamarca (48%).

Isso, claro, excluindo-se os dois países que são pontos fora da curva na arrecadação de impostos: a Coreia do Norte (100%) e o Timor Leste, que arrecadou 227% do PIB.

 

7) Existe um imposto escondido que você paga sem saber

 

Há um imposto ainda mais perverso com os mais pobres, o qual, mensalmente, corrói sua renda sem que eles tenham como escapar. Esse imposto é a inflação.

Como o Nobel de Economia Milton Friedman argumentava, a inflação nada mais é do que um imposto escondido — ele acontece quando o governo injeta na economia mais dinheiro do que a demanda pode suportar. Leia mais saber como os bancos multiplicam o dinheiro sem contar a agiotagem dos juros sobre juros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

18
Jul17

Não é fácil deixar de roubar, com tanto dinheiro voando por aí

Talis Andrade

A carne

por L.F. VERÍSSIMO

 

tio-patinhas.jpg

 


Temos, ai de nós, uma Polícia Federal satírica. Não sei se existe alguém na PF encarregado de dar codinomes aos seus investigados e nomes às suas operações. Se tiver, é um novo Jonathan Swift, um Voltaire redivivo. Deveria se identificar, para receber nossos aplausos. Essa de chamar de Carne Fraca a operação contra a corrupção nos frigoríficos e o escândalo dos fiscais da indústria de alimentos que recebiam propina para não fiscalizar nada é genial. A ação poderia se chamar Carne Podre ou Nome aos Bois, mas aí não teria o mesmo valor literário e irônico. Carne Fraca é perfeito. Serviria mesmo para todo o conjunto das ações policiais e jurídicas a partir do começo da Lava-Jato.

 

A corrução existe, afinal, porque a carne é fraca. Como disse o Oscar Wilde — outro que teria emprego garantido como frasista na Polícia Federal — “Eu resisto a tudo, menos à tentação”. A tentação é demais. Somos pobres almas inocentes reféns da nossa própria carne e das suas fraquezas. De certa maneira, Carne Fraca é quase uma absolvição da corrupção epidêmica que assola o país. Rouba-se tanto porque a carne não se satisfaz com pouco, é incapaz de se contentar com o que já tem. Porque a carne é insaciável.

 

Nenhum corrupto racionaliza a sua fome de ter mais, sempre mais. Nenhum decide: quero tanto e chega. Tenho um Lamborghini e dois Porsches, um para cada pé, piscina aquecida em forma de trevo, uma mulher com menos dedos e orelhas do que o necessário para usar todas as joias que lhe dou, contas na Suíça e em Liechtenstein, apartamento em Palm Beach — e pronto. Não preciso de nem um centavo a mais.

 

O centavo a mais é a perdição dos nossos corruptos. O centavo a mais é a tentação irresistível de Wilde resumida numa frase. O centavo a mais é uma metáfora para o excesso, para não saber quando parar. É difícil identificar o momento em que a ganância transborda, e o centavo a mais bate na porta do corrupto e o leva coercitivamente para a cadeia, o corte zero do seu cabelo, as manchetes dos jornais e a execração pública. É um pouco como o paradoxo do balão: só se descobre a capacidade máxima de um balão, o ponto em que um sopro a mais o estouraria, quando o sopro a mais é dado, e ele estoura. Só se descobre quando era o momento de parar de roubar quando o momento já passou.

 

Carne Fraca tem algo até de carinhoso, na sua ironia. A Polícia Federal, ou o autor do nome da operação, reconhece que não é fácil deixar de roubar, com tanto dinheiro voando por aí, com tantas oportunidades que o Brasil oferece para a maracutaia e o “molha a mão”. O que Carne Fraca diz é que a Polícia Federal não perdoa, mas entende.

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub