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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

28
Nov20

Covid: o navio afunda e o governo toca no convés

Talis Andrade

 

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No Rio, já há centenas nas filas de internação. Ministro Pazzuelo reconhece, enfim, “um repique” — mas evita os jornalistas. Bolsonaro faz campanha contra as vacinas e a máscara. E mais: no Ibope, SUS em alta, governo federal em queda

 

por Raquel Torres /Outras Palavras

SAIU DO SILÊNCIO

Demorou um bocado para o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, reconhecer que a pandemia piorou em partes do país. “No Sul e Sudeste o repique é mais claro. No Norte e Nordeste é bem menos impactante, com algumas cidades fora da curva. O Centro-Oeste é mais no meio do caminho. Sim, isso é repique da nossa pandemia” disse ele ontem, finalmente, após semanas de silêncio. A pasta vinha argumentando que a alta nos números poderia se dever ao apagão de dados que ocorreu em seu sistema no início do mês. Embora essa falha tenha certamente seus efeitos no monitoramento dos casos e mortes, o aumento nas internações e os hospitais não mentem – e dados que dão conta desse aumento estão sendo apresentados e debatidos há um bom tempo. 

Mas não deveria ter sido necessário esperar os hospitais se encherem de novo para saber que a redução das curvas brasileiras estava com os dias contados. O coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, recapitula em sua conta no Twitter um grande conjunto de avisos que, desde meados de setembro e outubro, previam o que viveríamos num futuro breve. “Esperar os óbitos para reconhecer o retorno da epidemia é como se só pudéssemos reconhecer um incêndio quando tivéssemos cinzas e escombros. ‘Olha lá, um incêndio!’; ‘Será que é? Não tô vendo cinzas e nem escombros ainda, vamos esperar'”, compara. Foi exatamente o que os governos locais e federal preferiram fazer no Brasil. 

Pazuello não chama a situação atual de ‘segunda onda’. Já dissemos uma porção de vezes que, para vários especialistas, isso não é mesmo uma segunda onda porque a primeira nunca passou: os casos no Brasil nunca diminuíram consideravelmente e a média de mortes diárias por semana nunca voltou a ficar abaixo de 300 por dia. Mas, para o general, a explicação é diferente: “Já falei aqui algumas vezes que temos quatro ondas da pandemia. Cuidado para não sermos enganados quando falam errado“, disse ele, que não tem formação em epidemiologia nem possuía experiência na área da Saúde antes de assumir a pasta.

De acordo com ele, as quatro verdadeiras ondas seriam os efeitos que podem ocorrer durante a pandemia: a primeira é “exatamente a contaminação e as mortes”, com todos os repiques inclusos. As outras são as doenças não tratadas, os casos de violência doméstica e o aumento de problemas de saúde mental. “Não confundam ondas com novo surto, que é o que está acontecendo na Europa, com vírus mutado. Lá é um novo surto, que pode virar endemia e depois pandemia. E pode se confundir com as ondas da primeira”, disse. Pelo que conseguimos apurar por aqui, essa classificação em quatro ondas foi proposta informalmente por dois médicos, um dos EUA e outro do Canadá, no começo da pandemia. O Guia de Vigilância em Saúde do Ministério chefiado por Pazuello, porém, usa o termo ‘ondas epidêmicas’ para  se referir ao aumento de casos de determinada infecção. 

Mas essa discussão terminológica não importa tanto quanto, por exemplo, o fato de que ontem tivemos o registro de 691 novas mortes em 24 horas. Há agora um total de 171,4 mil óbitos causados pelo novo coronavírus no país. Pazuello informou que vai aplicar R$ 6 bilhões de recursos extras do orçamento para incorporar leitos de covid-19 na rede pública, mas não disse quantos serão, nem onde, nem quando. Para se ter uma ideia, no estado do Rio havia ontem de manhã 276 pacientes com covid-19 aguardando leitos. Cinquenta pessoas a mais do que na véspera.

FIQUEM TRANQUILOS…

As declarações de Pazuello sobre o repique aconteceram em um  evento no Ministério da Saúde sobre cuidado e prevenção à prematuridade. Como tem tanta coisa importante acontecendo em relação à sua pasta – a piora da pandemia, os testes encalhados, o vazamento de dados de 16 milhões de brasileiros –, é claro que a imprensa tinha muitas perguntas a lhe fazer. Não deu: questões de repórteres não foram encaminhadas a ele.

Mas o general falou sobre a falta de planos para imunizar a população contra o coronavírus Não deu nenhuma informação concreta, só disse que o plano vai ser divulgado quando o país “aproximar um pouco mais do momento da chegada” das vacinas, porque cada uma tem características diferentes. “Podem ficar tranquilos, estamos acima do momento, estamos adiantados. E quando estivermos com mais dados logísticos, a gente fecha o plano”, disse.

ENXURRADA DE BESTEIRAS

Pela milésima vez, Jair Bolsonaro afirmou ontem que a vacina contra a covid-19 não será obrigatória. Mas foi além: “Eu digo para vocês, eu não vou tomar, é um direito meu”. A declaração, que explicita ainda mais seu estímulo ao movimento antivacina, foi dada em transmissão ao vivo nas redes sociais. Na mesma live, o presidente insistiu em recomendar a hidroxicloroquina e, para completar, sugeriu que as máscaras não servem para nada. “É o último tabu a cair“, cravou. Ele também negou que tenha usado o termo ‘gripezinha’ para se referir à covid-19, apesar de isso ter sido feito em diversas ocasiões, inclusive no seu primeiro pronunciamento oficial sobre a pandemia, transmitido para todo o país em março.

UM NOVO ENSAIO

O diretor-executivo da AstraZeneca, Pascal Soriot, confirmou à Bloomberg que a farmacêutica pretende fazer uma ampliação emergencial da fase 3 dos testes da sua vacina desenvolvida com a Universidade de Oxford. Disse que o ensaio envolveria “milhares” de novos voluntários, mas não detalhou prazos nem protocolo. A ampliação se daria por conta da série de problemas relacionados à eficácia anunciada da vacina (falamos sobre eles na newsletter de ontem), que despertaram a desconfiança de especialistas. Entre eles, o fato de que os resultados preliminares apresentados levam em conta dois ensaios feitos a partir de parâmetros distintos; a alta eficácia reportada diz respeito a um braço do estudo que, segundo a farmacêutica, se deveu a um erro na dosagem administrada aos voluntários.

É de se esperar que a necessidade de mais estudos leve a um atraso nas aprovações do imunizante, mas Soriot diz que não. Segundo ele, o novo teste “pode ser mais rápido porque sabemos que a eficácia é alta e precisamos de um número menor de pacientes“. A ver… Mesmo com a controvérsia, o governo do Reino Unido já pediu à sua agência reguladora que comece o processo de aprovação. Ainda não se sabe como o cronograma brasileiro pode ser afetado. O Ministério da Saúde, a Fiocruz e Anvisa não se pronunciaram.

NÃO É ASSIM

O governador de São Paulo, João Doria, afirmou ontem que a CoronaVac poderia ser oferecida à população mesmo sem a aprovação da Anvisa, bastando para isso que agências reguladoras de outros países aprovassem o imunizante. “Não há outra razão, não há outro caminho, senão liberar dentro dos critérios que a Anvisa tem, que são os mesmos critérios de protocolos internacionais de outras agências de vigilância sanitária, que também estão avaliando a vacina Coronavac. Nos EUA, na Europa, sobretudo na Ásia [ela é proveniente da China], onde essas agências também validarem a vacina, ela estará validada independentemente da própria Anvisa“, disse ele, em entrevista ao site Metropolis. 

A agência precisou desmenti-lo, ressaltando sua função de analisar “evidências de que a vacina é eficaz e segura em brasileiros; condições técnico-operacionais da fábrica da vacina que virá para o Brasil; prazos de validade e medidas de qualidade para preservação da vacina, considerando as condições climáticas de nosso país; medidas para acompanhamento e tratamento dos efeitos colaterais da vacina ocorridos nos indivíduos vacinados aqui no Brasil”. 

AINDA O VAZAMENTO DE DADOS

Depois do escandaloso vazamento de dados de pelo menos 16 milhões de pacientes brasileiros, revelado pelo Estadão, o Ministério da Saúde informou que fez uma reunião com o Hospital Albert Einstein para apurar os fatos. Isso porque, como comentamos ontem, foi um cientista de dados do Einstein quem publicou online uma lista com logins e senhas que davam acesso aos bancos de dados de pessoas testadas, diagnosticadas e internadas por covid em todo o país. “É importante ressaltar que os dados não são de fácil acesso, uma vez que apenas login e senha não são suficientes para se chegar às informações contidas nos bancos de dados – e sim um conjunto de fatores técnicos”, afirmou a pasta, relativizando o ocorrido. Já o Einstein disse, também em nota, que demitiu o funcionário

SUS EM ALTA

A pandemia fez a confiança da população brasileira no SUS aumentar. O que já era perceptível intuitivamente virou número com o resultado do Índice de Confiança Social (ICS), pesquisa feita pelo Ibope Inteligência. Os dados, divulgados pela Piauí, mostram que o Sistema Único cresceu 11 pontos entre julho de 2019 e setembro de 2020. Chegou a 56, seu patamar mais alto desde que o levantamento começou a ser feito, em 2009. Esse foi o maior crescimento registrado este ano entre as instituições avaliadas pela pesquisa.

Quanto à Presidência da República… O seu índice, que tinha crescido 35 pontos no ano passado, caiu dois este ano. “Se o rumo seguir o mesmo, deve cair mais”, escreve o jornalista José Roberto de Toledo, observando que desde setembro, quando o ICS foi medido, a aprovação do presidente tem caído a cada quinzena, provavelmente por conta do desemprego, da inflação e da redução do auxílio emergencial.

Segundo o ICS, as duas instituições mais confiáveis para a população são o Corpo de Bombeiros (88 pontos), a Polícia Federal (74) e as Igrejas (73). A confiança nas Forças Armadas também continua firme: subiu de 69 para 72.

TODOS CONTAMINADOS

No médio Rio Tapajós, no Pará, um trabalho da Fiocruz avaliou o impacto da exposição dos indígenas Munduruku ao mercúrio por conta do garimpo na região. E viu que todos os participantes da pesquisa foram contaminados em alguma medida pelo metal. Os níveis estavam acima dos limites seguros em 60% deles, mas esse percentual varia, piorando nas áreas mais atingidas pelo garimpo: nas aldeias que ficam às margens dos rios afetados, nove em cada dez participantes tinha alto nível de contaminação.

A exposição contínua ao mercúrio produz desde efeitos ‘leves’, como fadiga, irritabilidade e dor de cabeça, até sintomas muito graves, como danos à visão e audição, paralisia e morte.  Nos recém-nascidos, pode haver problemas neurológicos. Não por acaso, a pesquisa identificou problemas em testes de neurodesenvolvimento em 15% das crianças. 

“A Amazônia será a nova Minamata?”, pergunta Paulo Basta, coordenador do estudo, referindo-se à cidade japonesa que passou por um evento de contaminação em massa nos anos 1950. O contato com o mercúrio pelos Munduruku se dá principalmente pelo consumo de peixe – uma testagem em 88 peixes detectou mercúrio em todos, e os pesquisadores calculam que as doses de ingestão diária de mercúrio pelos participantes são de quatro a 18 vezes maiores que os limites seguros. 

É inconcebível e injusto pedir que eles parem de comer peixe, salienta Ana Claudia Vasconcellos, também pesquisadora da Fiocruz. Essa é a base da alimentação dos indígenas e ribeirinhos da região. “A principal recomendação é interromper imediatamente as atividades garimpeiras, para assim, interromper o processo de contaminação que já se sustenta há 70 anos aqui“, ela diz. Como sabemos, o governo Bolsonaro age no sentido contrário, com seu projeto para regulamentar a mineração em terras indígenas.

SOB SIGILO

O governo pode divulgar dados sobre as vendas dos agrotóxicos autorizados no Brasil, mas, para 72% deles, opta por não o fazer. As contas são da Repórter Brasil e da Agência Pública, que mostram ainda como estes são produtos que vão parar efetivamente na mesa dos brasileiros: eles foram detectados em 28% dos alimentos vendidos em mercados e feiras do país. De todos os agrotóxicos encontrados na comida da população, quase metade está nesse grupo cujos dados não são publicizados. Em comum, há o fato de que seus registros estão concentrados em três multinacionais: Bayer, Syngenta e Basf. 

“O Ibama recebe as informações de vendas em detalhes e poderia divulgar até qual fazenda comprou qual agrotóxico, permitindo que a informação chegasse ao consumidor e às organizações de controle. Mas o órgão prioriza o sigilo comercial das fabricantes”, diz a matéria. E por que seria importante conhecer o volume de vendas? “O acesso à quantidade de agrotóxicos comercializados por estado de forma individualizada ajudaria no monitoramento de retirada de produtos do mercado brasileiro, além de possibilitar que a sociedade saiba quais são as substâncias mais utilizadas e que consequências que esse uso traz à saúde e ao meio ambiente”, explica a repórter Helen Freitas.

 

28
Nov20

Boulos apresenta sintomas da Covid: febre, dor no corpo e uma pequena dificuldade respiratória

Talis Andrade

Boulos e Erundina fazem assembleias virtuais para conversar com 40 mil na  periferia - 30/07/2020 - Mônica Bergamo - FolhaBoulos e Erundina vencem prévias do PSOL e disputarão a Prefeitura de São  Paulo - Política - iG

247 - O candidato Guilherme Boulos (PSOL) começou a apresentar sintomas, na manhã deste sábado, 28. Ele recebeu o resultado positivo para Covid-19 na noite de sexta-feira, 27.

Segundo a coluna de Leonardo Sakamoto, do UOL, Boulos está apresentando febre, dor no corpo e uma pequena dificuldade respiratória. Ele informa que um médico deve ir à sua residência, nesta tarde, para uma consulta:

"Estou bem, comecei a ter sintomas. Agradeço o apoio das pessoas que estão virando voto, estão nas carretadas, estão fazendo aquilo que eu não estou podendo fazer. Mas pedindo para que se cuidem e garantam as proteções sanitárias".

 

28
Nov20

Governo Doria sabia de segunda onda de Covid-19 antes do primeiro turno

Talis Andrade

Bruno Covas e João Doria

 

247 - O governo de São Paulo, de João Doria (PSDB), sabia do crescimento acelerado nas internações por Covid-19 em hospitais públicos na capital paulista desde pelo menos 9 de novembro, seis dias antes do primeiro turno das eleições municipais, segundo o portal The Intercept.

Os números do Censo Covid-SP, que monitora internações hospitalares, foram entregues ao Intercept “por uma pessoa que tem acesso ao sistema e analisados por um epidemiologista”, diz reportagem de Eliane Pereira. A matéria ainda indica que os funcionários pediram para não serem identificados por temerem represálias. 

Os dados mostram que, desde 16 de outubro, a média móvel de internações na rede pública tem aumentado de forma consistente. Um mês depois, em 16 de novembro, a média aumentou em mais de 90%.

 

28
Nov20

Covid-19: Decreto da Prefeitura de Porto Alegre proíbe eventos sociais a partir de segunda (30), depois das eleições

Talis Andrade

 

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O avanço da Covid-19 na capital gaúcha

 

Sul 21 -  A Prefeitura de Porto Alegre publicou novo decreto nesta sexta-feira (27) proibindo a realização de eventos sociais, como festas de casamento e aniversários, a partir da próxima segunda-feira (30). Em locais privados, fica obrigatório o distanciamento de dois metros entre as pessoas, assim como já estava determinado para parques, praças e espaços abertos ao público.

De acordo com o poder municipal, as medidas pretendem evitar que sejam necessárias mais restrições à atividade econômica. Nesta tarde, entidades empresariais lançaram uma carta dirigida à sociedade porto-alegrense, em que pedem a mobilização para conter o avanço da pandemia.

O apelo da Prefeitura com o novo decreto é para que as pessoas não realizem encontros e confraternizações, tanto em locais públicos quanto privados. Na avaliação do Comitê, esses eventos, por não seguirem protocolos sanitários adequados, têm gerado repercussão na transmissão do vírus.

O novo decreto também altera:

Condomínios – Áreas de uso comum em espaços fechados (salões de festas, academias, brinquedotecas etc) podem ser utilizadas simultaneamente apenas por pessoas que moram na mesma residência. Nos espaços abertos, o uso é restrito a moradores do condomínio.

Ar-condicionado e ventilação – Estabelecimentos com atividades liberadas, como restaurantes, bares, comércio e de serviços em geral, bancos, academias e clubes sociais, entre outros, precisam manter em dia a limpeza de equipamentos de climatização, além da circulação de ar cruzada ou sistema de renovação de ar. A mesma orientação vale para as escolas.

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Mapa vermelho

Nesta sexta, o mapa preliminar da 30ª semana do Distanciamento Controlado divulgado pelo governo do Estado, trouxe, pela primeira vez, todas as 21 regiões Covid em bandeira vermelha, o que representa risco epidemiológico alto. O resumo do mapa é: o Rio Grande do Sul passa pelo momento mais crítico da pandemia de coronavírus, com o número de pacientes internados em leitos clínicos e em UTIs atingindo o pico da série histórica.

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24
Nov20

PLANO VIDA E RENDA SÃO PAULO

Talis Andrade

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Combate de verdade à pandemia

A gestão Bruno Covas fracassou no combate à pandemia e seus efeitos na vida das pessoas.

A Prefeitura se limitou a atuar à sombra do governo João Doria sem tomar medidas que pudessem reduzir o impacto da doença nos bairros mais pobres.

São Paulo falhou na hora que as pessoas mais precisavam. Fracasso que custou milhares de vidas. Fracasso que deixou o futuro ainda mais incerto.

Descolada da realidade do povo, a gestão municipal se resumiu à hashtag FiqueEmCasa. Uma tentativa de impor o distanciamento social, porém sem ver que a maior parte da população nunca teve a escolha de fazer a quarentena.

Enquanto a Prefeitura tentava tapar o sol com a peneira, muitos foram perdendo emprego e renda. A maioria precisava sair para trabalhar, enfrentando ônibus lotados e toda sorte de risco de contaminação. O mais grave: levando o novo coronavírus para casa e expondo familiares do grupo de risco.

O novo normal, na periferia, era conviver com duas ameaças: a doença e a fome. Realidade ignorada pela Prefeitura e sua estratégia ineficaz e irresponsável de apostar no cômodo #FiqueEmCasa.

O resultado é desastroso. A cidade mais rica da América Latina também está entre aquelas com os maiores indicadores de contaminação e mortes.

Fracasso de gestão que não ficou restrito à saúde pública e se espalhou para a falta de perspectiva e futuro, queda na renda familiar e a precarização ainda mais aguda das condições de trabalho.Image

A cidade precisa reagir e virar o jogo

São Paulo tem a missão de combater, de verdade, a pandemia. Preparar-se para a segunda onda – e eventual terceira - da doença.

Para isso, colocaremos em prática, a partir de primeiro de janeiro, o Plano Vida e Renda São Paulo. Porque só hashtag não salva vidas, não dá um teto para morar e nem coloca comida na mesa de ninguém.

O Plano, desenhado para ser executado nos primeiros 180 dias de gestão, reúne uma série de ações e investimentos - na saúde pública, na geração de emprego e renda e na moradia e cidadania.

Pela primeira vez em muitos anos, a prioridade é cuidar de toda cidade, proporcionando a mesma dignidade para todas e todos.

O Renda e Vida São Paulo está dividido em três eixos, descritos a seguir.

1. Saúde Pública 

• Contratação emergencial e abertura de concurso para médicos especialistas e de família.

• Intensificar os atendimentos não presenciais por Centrais de Teleatendimento, com identificação de caso, orientações emergenciais e assistência remota para garantir consultas virtuais ou domiciliares;

• Abertura de novos leitos hospitalares e de UTI nas unidades hospitalares já existentes. • Caso a taxa de ocupação de leitos volte a subir, instituir a fila única do SUS para administração das vagas de UTI, unindo redes pública e privada da cidade.

• Ampliar o programa de testes do tipo PCR e sorologias para o novo coronavírus.

• Com a criação da vacina, implementar programa de vacinação gerido pelo município, dando prioridade aos cidadãos que se enquadram nos grupos de risco, trabalhadores de serviços essenciais e população de baixa renda.

• Se necessário, abrir novos hospitais de campanha na periferia, descentralizando o atendimento à população.

• Distribuir cestas de higiene nos bairros menos assistidos pela Prefeitura.

• Reverter o desmonte da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA) do município para maior controle e ação frente à pandemia.

2. Trabalho e Renda

• Criar o Programa de Renda Solidária, reestruturando e ampliando o programa existente para garantir que nenhuma família vulnerável em São Paulo fique sem uma renda mínima;

• Implementar Frentes de Trabalho com contratação de mão-de-obra direta ou por meio de cooperativas, visando:

• Serviços de limpeza urbana;

• Serviços de saneamento básico;

• Cuidado a idosos;

• Reflorestamento e reparação de danos ambientais, como conservação de jardins e de áreas verdes públicas de pequena extensão;

• Serviços de zeladoria a partir das subprefeituras;

• Obras de moradia e infraestrutura; Produção agrícola orgânica para merenda escolar e outras políticas públicas de segurança alimentar;

• Confecção de uniformes escolares e outros uniformes de serviço público, como equipamentos de proteção individual (EPIs para hospitais) e Guarda Civil Metropolitana.

• Abertura de canais de financiamento e crédito para pequenos comerciantes, indústrias e cooperativas da economia solidária.

• Apoiar a manutenção de postos de trabalho através da recuperação de empresas em crise por seus trabalhadores organizados em autogestão.

• Criar Centros Públicos de Economia Solidária em cada subprefeitura para apoio direto a cooperativas e trabalhadores informais.

• Ampliar e fortalecer cooperativas de catadoras e catadores de material reciclável.

3. Moradia e cidadania

* Retomada dos Mutirões da Erundina para moradia popular.

• Implementar o programa de locação social para abrigar famílias em situação de rua em unidades hoteleiras ou moradias nas regiões onde vivem.

• Construção de Casas Solidárias integradas à política de geração de trabalho e renda e de assistência social, ampliando o atendimento à adolescentes e jovens;

• Adequar os centros de acolhida para pessoas em situação de rua conforme tipificação nacional do SUAS, atendendo às diversas demandas dos setores que vivem nas ruas;

• Criar o cartão de cidadania para identificação de migrantes residentes na cidade, reduzindo vulnerabilidades advindas da ausência de documentação nacional e facilitando o acesso a serviços públicos.

• Incluir os migrantes nos planos municipais emergenciais de enfrentamento às consequências socioeconômicas da pandemia de Covid-19.

• Ampliar os equipamentos e equipes dos Consultórios na Rua.

• Ampliar o acesso à internet banda larga para alcançar o percentual de 40% de domicílios, garantindo que nenhuma subprefeitura possua percentual inferior a 17%.

(Transcrevi a segunda parte do "Programa de Governo Boulos Erundina 2020. Hora de Virar o Jogo em São Paulo". Continua )

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18
Nov20

Covid lota hospitais em São Paulo e infectologistas defendem necessidade de lockdowon

Talis Andrade

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247 - Um grupo de infectologistas de São Paulo enviou carta a amigos para alertá-los de que “há um aumento expressivo de casos de Covid-19 nos hospitais de São Paulo”, que estariam, segundo eles, “lotados” por causa de um aumento “de 100% em alguns serviços”.

A carta é assinada por médicos como Giovanna Baptista Sapienza, Marcela Capucho Chiaratin, Renata Guise Azevedo, Natanael Sutikno Adiwardana e Daniel Wagner Santos, informa a jornalista Mônica Bergamo em sua coluna na Folha de S.Paulo.

Os médicos recomendam "fortemente" o isolamento domiciliar. Ele advertem que devido ao período eleitoral, "talvez não haja interesse político em novo ‘lockdown’ agora, mas é uma medida extremamente necessária! Por favor, ajude a controlar a pandemia e se proteja!​”- escrevem.

O número de pessoas internadas em hospitais privados vem aumentando exponencialmente —no hospital Albert Einstein, eles saltaram de uma média de 55 para 86 nesta semana.

Nos hospitais municipais, as internações crescem. No dia 13, eram 693 internados. No dia 14, 685. No dia 15, 690. No dia 16, 732. Na terça (17), chegou-se ao patamar de 814.

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17
Nov20

Alerta vermelho: Sindicato pede a trabalhadores da saúde em SP que informem sobre internações por covid em suas unidades

Talis Andrade

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Informações de fontes confiáveis estão chegando ao Sindsep no sentido de apontar o aumento nas taxas de internações por Covid-19 em hospitais da rede particular, bem como em hospitais da rede estadual.

Somado ao apagão dos dados do Ministério da Saúde sobre Covid, inclusive com falta de informações sobre o estado de São Paulo desde 6 de novembro, nos acende um grave sinal de alerta.
 

Assim sendo, solicitamos a todos e todas que enviem informações para o WhatsApp Oficial do Sindsep – 11- 97025 5497, sobre a variação nas internações e mortes por Coronavírus — de usuários/as e de trabalhadores/as— em sua unidade de saúde e nas unidades de sua região para que possamos construir um panorama mais completo da situação na rede de saúde pública municipal (em especial, em hospitais e Prontos Socorros) e para traçarmos estratégias para garantir boas condições de atendimento para os trabalhadores/as da saúde pública municipal.

É importante fazermos essa checagem para anteciparmos nossas ações sindicais, políticas e de comunicação para garantir a segurança e a preservação da saúde e da vida de todos os/as trabalhadores/as!

 

*Sindsep —  Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo

 

 

13
Nov20

O Fora Bolsonaro e as eleições municipais

Talis Andrade

 

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por Paulo Pasin /Vermelho

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A posição desumana de Jair Bolsonaro em relação a uma possível vacina chocou a todos. Afinal, exceto os fanáticos de extrema-direita, todas e todos aguardam com ansiedade por uma ou mais vacinas que ponham fim ao isolamento social, neste período terrível da história da humanidade. Na Europa já se fala em segunda onda da pandemia e vários governos já adotam novas medidas de restrições. Nos EUA os números são estarrecedores. No Brasil, igualmente, com mais de 157 mil óbitos. Sem contar o número não divulgado de brasileiras e brasileiros que ficaram com sequelas graves após a doença. Ninguém aguenta mais tantas mortes, sofrimento, agonia e confinamento.

O golpista e usurpador Bolsonaro comete, pela centésima vez, crime contra o povo brasileiro. Mas o processo de impeachment foi engavetado no Congresso Nacional porque Rodrigo Maia (DEM), o centrão e a direita tradicional, como o PSDB, impedem sua tramitação. Submetem-se às determinações do grande capital, do sistema financeiro, do agronegócio e das grandes empresas multinacionais e nacionais, cujo interesse maior é a continuidade e agilização de votações de medidas neoliberais e predatórias no Congresso. Querem aproveitar da “pandemia”, da dificuldade de mobilização popular, para “passar a boiada”, “ com Supremo, com tudo”.

O FORA BOLSONARO é pressuposto para a concretização dos programas de mudanças que as candidaturas do PSOL apresentam nas eleições municipais. A continuar este genocida miliciano no governo, nosso povo continuará pagando o preço pela crise sanitária, econômica e social. Confrontar duramente os candidatos bolsonaristas “puro sangue”, do centrão, ou da direita “Faria Limers” é indispensável.

As eleições, gostemos ou não, concentrarão o debate político nas próximas três semanas. E isso nos oferece oportunidade para dialogar e apresentar nossas propostas.

Não temos tempo a perder, toda nossa energia militante deve estar concentrada no diálogo com a população, seja nas atividades presenciais, seja nas redes sociais. Lembremos que o atual sistema eleitoral quer evitar ao máximo a participação popular, com ficou evidente com o cancelamento dos debates na TV.

“Pregar para convertidos” não é suficiente, como diz o camarada Guilherme Boulos. É necessário criatividade e ousadia para romper as bolhas.

As eleições permitem também que cada um de nós aproveite a campanha eleitoral para aumentar o vínculo do PSOL com os setores mais explorados e oprimidos da nossa classe, pois somos conscientes de que o próximo período da luta social no Brasil será duríssimo. Felizmente ventos de mudança estão soprando por vários países da América Latina e do mundo.

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13
Nov20

Com frase sobre “país de maricas”, Bolsonaro mistura homofobia e indecência, diz imprensa internacional

Talis Andrade

 

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Texto RFI
 

As declarações recentes feitas pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro sobre a pandemia de Covid-19 suscitaram reações na imprensa internacional. Jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão de vários países repercutiram a maneira como o chefe de Estado minimizou as consequências da crise sanitária durante um evento oficial usando uma frase homofóbica.

A expressão “Tem que deixar de ser um país de maricas” está dando a volta ao mundo. O canal de televisão francês LCI resumiu o episódio dizendo que “presidente brasileiro recorreu à homofobia para incitar a população a abandonar as medidas de precaução em vigor no resto do planeta”, enquanto a revista francesa L’Obs publica em seu site que o chefe de Estado “minimizou mais uma vez a pandemia de Covid-19, que matou mais de 162 mil pessoas no país”. Já o jornal italiano Giornali di Sicilia martela que essas “palavras fortes” de Bolsonaro “podem gerar polêmica em nível internacional”.

No Reino Unido, o jornal The Guardian ressalta que a declaração de Bolsonaro sobre o país de ‘sissies' foi feita “em um evento onde poucos participantes usavam máscara”. Ainda nas terras da rainha, até o tabloide britânico Daily Mail, que nem sempre tem papas na língua, se policiou ao relatar a derrapagem do líder brasileiro. Com o título “a country of f*gs”, o jornal explica que Bolsonaro “usou o termo ofensivo para gays em um discurso no palácio presidencial”.

A versão mexicana da revista Forbes explica que as declarações de Bolsonaro foram feitas durante um evento sobre o setor de turismo, “um dos mais atingidos pela pandemia Covid-19 no país”. A publicação ressalta que o presidente enfatizou o impacto econômico do vírus e informa que o chefe de Estado reclamou daqueles que “estão começando a intimidar o povo com um eventual segunda onda”.

"Gripecita"

O jornal colombiano El Tiempo dá em titulo que “Bolsonaro fez comentários homofóbicos e novamente subestimou a pandemia”. O diário ressalta que o presidente “já havia chamado a atenção ao comemorar, como uma vitória pessoal, a interrupção no Brasil da fase de estudos da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac” e lembra que o presidente chamou a Covid-19 de "gripecita" e que, desde então, “tem mostrado sua posição contra medidas de confinamento e contra o fechamento de estabelecimentos e locais públicos”.

O britânico Daily Mail também lembrou a declaração sobre gripezinha e disse que várias vezes Bolsonaro “condenou e histeria em torno da Covid-19”.

Mas o que realmente chamou a atenção da imprensa internacional foi a dimensão homofóbica do discurso.  O jornal francês Le Parisien diz que essa não é primeira gafe do líder brasileiro, “homofóbico assumido”.

O tabloide lembra as declarações feitas por Bolsonaro à revista Playboy em 2011, quando ele disse que seria incapaz de aceitar um filho gay e que “preferia vê-lo morto”. “Bolsonaro também multiplicou as frase machistas”, martela Le Parisien, que ressuscita as declarações feitas pelo presidente sobre o nascimento de sua filha – “um momento de fraqueza”, segundo o presidente.

“Sábio Bolsonaro”

A rádio France Culture diz que a pandemia “revela os piores aspectos de Jair Bolsonaro”. Em seu site, a emissora fala da reação efusiva do presidente diante da interrupção dos testes de vacinas no Brasil, “enquanto o resto do mundo se entusiasma com os bons resultados da vacina da Pfizer”.

Como os demais veículos de comunicação internacionais, a rádio, uma das mais apreciadas da elite intelectual francesa, diz que o presidente brasileiro lamentou as mortes relacionadas ao coronavírus, mas declarou que "todos nós vamos morrer um dia": um bom argumento do “sábio Bolsonaro”, ironiza o jornalista, ao vivo. Reproduzindo trechos de matérias publicados no Brasil, France Culture diz ainda que, com esse episódio, Bolsonaro mistura homofobia e indecência.

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12
Nov20

Mundo tem recorde de mortes, enquanto fingimos que a pandemia acabou

Talis Andrade

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Pergunta Luis Nassif: Os dados da Covid estariam sendo escondidos devido às eleições? O Brasil precisa das respostas urgentes dos prefeitos candidatos à reeleição

 

Escreve o excelente jornalista Fernando Brito:

A Universidade John Hopkins, considerada o referencial mais seguro de mensuração dos efeitos da pandemia do Covid-19, registrou ontem, como se antecipara aqui, o maior número de mortes no mundo desde que o novo coronavírus espalhou-se pelo mundo.

Foram 12.241 óbitos, 50% mais que no momento que a doença avançou na Europa, que volta a ser, agora, o epicentro de sua disseminação. A melhor estrutura hospitalar e o aprendizado das equipes de medicina conseguiram reduzir a taxa de letalidade da doença mas, ainda assim, à razão de mais de 600 mil casos novos por dia, é inevitável que a quantidade de mortes suba ainda mais.

É impossível afirma que há, neste momento, o crescimento dos casos no Brasil, por conta das precariedades nos sistemas públicos de registros de saúde, mas são diversos os relatos de aumento das internações.

Paulo Guedes admitiu hoje que pode haver uma nova leva de auxílios, no caso de que essa “segunda onda” chegue com força ao Brasil, mas já advertiu que, se houver, será bem menor do que o que está terminando agora, o que já se pode ver nas vendas em queda nos supermercados e, até, no afluxo de pessoas em situação de vulnerabilidade , vivendo nas ruas.

É bom lembrar que os números mencionados hoje pelo IBGE, colocando o Brasil como o 9° país em desigualdade de renda no mundo se referem ao ano passado. Embora, na média, possa ter havido até alguma melhoria com o auxílio emergencial, e certo que na ponta, na imensa massa de desvalidos o agravamento foi pior, muito pior.

O comportamento da classe dirigente brasileira – e por justiça, não só as elites daqui, mas de muitos países – é o de que a pandemia está passando e a vacina, um certeza, logo acabará com ela.

Não é assim e mesmo com uma vacina eficiente, não se vacinará nem, talvez, 20% da população mundial até o final de 2021.

E talvez menos aqui, na visão de Jair Bolsonaro, “um país de maricas”. Leia Nassif aqui. Leia mais sobre o assunto aqui

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