7 de setembro: veja a análise de Andréia Sadi, Ana Flor, Octavio Guedes, Flávia Oliveira e Miriam Leitão
Comentários de Lilia Schwarcz, Fabíola Cidral, Josias de Souza, Michel Alcoforado, Reinaldo Azevedo
As comemorações do Bicentenário da Independência aconteceram nesta quarta-feira (7) em diversas cidades do país, após dois anos de suspensão pela pandemia de Covid-19.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez duas aparições públicas após o desfile oficial – em Brasília e no Rio. Bolsonaro usou a data para promover comícios diante de milhares de pessoas e fez discursos nos quais pediu votos na eleição de outubro, atacou o ex-presidente Lula e puxou coro de "imbrochável" ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Em Brasília, manifestantes a favor do presidente levaram faixas para as comemorações na Esplanada dos Ministérios. Alguns participantes levavam material com dizeres antidemocráticos e contra ministros do STF.
No Rio de Janeiro, apoiadores do presidente foram para um ato em Copacabana. Bolsonaro chegou ao Rio às 14h e participou de uma motociata antes de se juntar aos manifestantes. Em um trio elétrico alugado pelo pastor Silas Malafaia, o presidente pediu votos para reeleição.
Andréia Sadi
Na reta final para o primeiro turno, o presidente Bolsonaro "já usou o que podia da máquina pública", avalia Andréia Sadi. Para a colunista do g1, candidato busca "um último respiro".
Já deu Auxílio, aprovou Pec Kamikaze...Não tem fato novo na reta final. Ele precisava de uma demonstração de apoio popular [...] Foi o primeiro grande comício do presidente depois que a campanha de fato começou."
Sem citar nomes, Bolsonaro sugeriu em um discurso após o ato na esplanada uma comparação entre primeiras-damas em seu discurso. Para Sadi, a fala configura uma "tática clássica do machismo".
Quão machista é [essa tática de homens compararem mulheres]. Como se o homem pudesse fazer algum tipo de prova. 'Ela é melhor que a outra'.
"Na eleição isso tem uma outra conotação, um outro peso, mas para mim é o 'fim' o presidente da República sugerir esse tipo de comparação, entre primeiras-damas, que não estão concorrendo a nada. Elas não são candidatas".
"A Michelle Bolsonaro foi escalada pela campanha do presidente para que ele consiga diminuir sua rejeição [no eleitorado feminino]. [...] E a mulher eleitora não está pedindo nada relacionado à disfunção erétil. Ela está pedindo comida na mesa, segurança, educação, menos armas, etc".
Miriam Leitão
A colunista Miriam Leitão definiu as aparições de Bolsonaro como mais um ataque à democracia. "Ele queria fazer uma demonstração de força e fez. Botou muita gente na rua", avalia. "Para um candidato que estava perdendo apoios e financiamentos pode dar um fôlego. A questão é que, para fazer isso, passou por cima das leis eleitorais, da Constituição do Brasil, do sentimento de país e de chefe de Estado. Ele fez um strike nas leis brasileiras, nos códigos da democracia."
A Constituição do Brasil não se preparou para um presidente tão desrespeitoso da lei e de seu papel"