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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

27
Fev22

A foto que tira o sono do general Luis Eduardo Ramos

Talis Andrade

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por Ricardo Noblat

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É volumosa a coleção de fotos do general Luis Eduardo Ramos, secretário-geral da Presidência, ao lado de Jair Bolsonaro. Em muitas delas, o general aparece aninhado nos braços do ex-capitão, expurgado do Exército nos anos 1980 por ser um mau militar. Quase sempre, é de êxtase a face do general.

Nenhuma preocupa Ramos, nem mesmo aquelas em que sua postura servil poderia dar margem a comentários maldosos. A foto que o preocupa, que nunca foi publicada, e que nem ele sabe ao certo se existe, teria sido tirada em uma ocasião em que Ramos, dentro do gabinete presidencial, ajoelhou-se aos pés de Bolsonaro.

Por que o fez, só o general e o seu chefe sabem a razão. De fato, houve a ajoelhada. De fato, havia um fotógrafo por perto. Até ontem, o fotógrafo estava internado e incomunicável em um hospital de Brasília. Ramos quer substituir seu colega Braga Netto como ministro da Defesa, mas enfrenta resistência de colegas.

Uma foto dele prostrado diante do seu superior, se por acaso existisse, estragaria seus planos, seria usada como munição contra ele. Nada que exija muitas explicações convence ninguém.

Pois fique sabendo o general que a foto existe e está bem guardada. Um dia se tornará pública.

Altamiro Borges: General toma vacina escondido do capitão - PCdoB

27
Fev22

Por que a guerra?

Talis Andrade

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por Gustavo Krause

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Gelei quando o noticiário mostrou imagens do exercício militar de armas hipersônicas e nucleares do exército russo, em Belarus, fronteira com a Ucrânia. Dias depois, a insanidade do conflito começou. Como se não bastasse o estresse dos últimos dois anos de pandemia virótica e pandemônio político, veio-me à lembrança a trágica estética das guerras: o mortal cogumelo atômico em Hiroshima e Nagasaki.

O século XX deixou as marcas de dois conflitos mundiais e, segundo John Gray, “Desde 1950, ocorreram perto de vinte genocídios; pelo menos três deles tiveram um milhão de vítimas (Bangladesh, Camboja e Ruanda)” (Cachorros de palha, p. 108).

Autêntico baby boomer, vivi os tempos da Guerra Fria; senti na pele o ambiente ameaçador e os momentos de risco para a paz universal: os blocos pautavam as relações internacionais no pragmatismo econômico e no equilíbrio do medo da catástrofe universal.

Por sua vez, o século XXI é um vendaval de inovações: quebra paradigmas em todas as dimensões sociais: ultrapassa limites convencionais de tempo e espaço; coloca na agenda global enormes desafios; aterroriza a humanidade com o destino escatológico.

Foi precisamente a combinação tempo/imagem/comunicação instantânea que me assustou, bombardeado pela mídia, redes sociais, sobre várias questões: pandemia, pobreza, desastres ambientais, violência, racismo, homofobia, feminicídio, enfim, uma carga de informações rasas e duvidosas que inibem o debate consistente e permitem estridente cacofonia de opiniões.

Agora, testemunhar a monstruosidade da barbárie. Evitei o ansiolítico, quando recordei a leitura de uma preciosidade: “Por que a Guerra?” indagações entre Einstein e Freud (cartas, 1932) em que o gênio da física consulta o gênio da psicologia, cortês e humildemente: “Existe alguma forma de livrar a humanidade da ameaça da guerra?” “É possível controlar a evolução da mente do homem, de modo a torná-lo à prova das psicoses do ódio e da destrutividade?”

Por serem geniais, ambos têm mais dúvidas do que certezas. Freud caminha pelo conflito das pulsões de vida e da morte. Acredita na força civilizatória e, concordando com Einstein, afirma: “As guerras só serão evitadas se a humanidade se unir para estabelecer uma autoridade central a que será conferido o poder de arbitrar todos os conflitos de interesses”.

A Liga das Nações fracassou. Porém, não há outro caminho para paz, senão a Política na concepção de Hannah Arendt: “A Política se baseia na pluralidade de homens […] A Política trata da convivência entre diferentes […] O sentido da Política é a liberdade”. E adverte: “A guerra, quando posta em andamento, será necessariamente conduzida com as armas que estiverem à disposição das potências que a estão travando”.

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27
Fev22

China divulga lista de países bombardeados pelos EUA, que qualifica de 'a verdadeira ameaça ao mundo'

Talis Andrade

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"Entre os 248 conflitos armados ocorridos entre 1945 a 2001, 201 foram iniciados pelos EUA, representando 81% do número total", destacam os chineses

 

Sputnik - A embaixada da China na Rússia qualificou os Estados Unidos de "ameaça real ao mundo".

Neste sábado (26), os diplomatas chineses retuitaram uma imagem compartilhada anteriormente por Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, que enumera os países que foram bombardeados por Washington desde a Segunda Guerra Mundial.

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"Nunca se esqueçam quem é a verdadeira ameaça ao mundo", lê-se na imagem

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26
Fev22

Uma Rússia forte assusta o Ocidente

Talis Andrade

 

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Cônsul da Rússia em Belo Horizonte afirma que a causa da crise é a tentativa de conter o avanço do país, mas afirma que o mundo multipolar veio para ficar

 

247 – Cônsul da Rússia em Belo Horizonte, a professora de Relações Internacionais Carolina Bernardes concedeu entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, em que explicou a crise atual a partir de um ponto de vista – o dos russos – que é sempre negligenciado pela mídia ocidental. "A Guerra Fria deformou completamente a imagem da Rússia no Brasil e no Ocidente", diz ela. "A grande realidade é que uma Rússia forte incomoda o Ocidente", acrescenta.

Carolina afirma que a hegemonia dos Estados Unidos já não existe mais. "Vivemos um momento histórico e a criação de uma nova ordem mundial", diz ela. Segundo ela, a Rússia será capaz de superar as sanções impostas pelo Ocidente. "A Rússia vai acelerar o processo de desdolarização de sua economia", prevê. "As sanções afetam a economia, mas a Rússia se preparou".

A cônsul da Rússia também avalia que Jair Bolsonaro acertou ao viajar à Rússia. "São interesses de longo prazo, de dois países que são potências e parceiros dos BRICS", afirmou. Carolina também sugeriu que os brasileiros se informem sobre a Rússia pela mídia independente e por agências russas, como Tass e Sputnik. "A imprensa brasileira faz copia e cola da imprensa americana", diz ela.

 

Brasil perde a guerra sem ir à guerra

 
 
26
Fev22

Noblat revela existência de foto comprometedora de general Ramos ajoelhado aos pés de Bolsonaro dentro do gabinete presidencial

Talis Andrade

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"A foto existe e está bem guardada. Um dia se tornará pública", escreve o jornalista.

Ajoelhou, tem que rezar!

 

247 - O jornalista Ricardo Noblat, em sua coluna no site Metrópoles, revelou a existência de uma foto comprometedora que enquadra o chefe de governo Jair Bolsonaro e o general Luis Eduardo Ramos, secretário-geral da Presidência. 

Enquanto os dois costumam ser fotografados sorridentes, existe  um registro que nunca foi publicado, e que "tira o sono" de Ramos, segundo o jornalista. O general nem sabe ao certo se a foto existe.

Trata-se de foto de Ramos ajoelhado perante seu chefe, dentro do gabinete presidencial. 

"Por que o fez, só o general e o seu chefe sabem a razão. De fato, houve a ajoelhada. De fato, havia um fotógrafo por perto. Até ontem, o fotógrafo estava internado e incomunicável em um hospital de Brasília. Ramos quer substituir seu colega Braga Netto como ministro da Defesa, mas enfrenta resistência de colegas", escreve Noblat. "Nada que exija muitas explicações convence ninguém". 
 

Certamente, quando isso acontecer, a foto será usada como munição contra o general. 

Charge do Zé Dassilva: vacinando escondido | NSC Total

26
Fev22

Privatizar faz mal ao Brasil

Talis Andrade

TUDO ENTEGUE POR TEMER, BOLSONARO E LAVA JATO: CAMPOS DE PETRÓLEO, REFINARIAS, TERMINAIS, GASODUTOS, TERMELÉTRICAS, FÁBRICAS DE FERTILIZANTES, USINAS DE BIOCOMBUSTÍVEIS, SUBSIDIÁRIAS, COMO A BR DISTRIBUIDORA E A LIQUIGAS

 

A Petrobrás está sendo privatizada a toque de caixa pelos governos Temer e Bolsonaro. O presidente da estatal, Pedro Parente, correu contra o tempo para vender tudo o que for possível: campos de petróleo, refinarias, terminais, gasodutos, termelétricas, fábricas de fertilizantes, usinas de biocombustíveis e subsidiárias, como a BR Distribuidora e a Liquigas.

É preciso que os brasileiros reajam a esse crime.Trata-se da principal empresa nacional, que já foi responsável por 13% de toda a riqueza produzida no país (PIB).

A privatização da Petrobrás e de suas subsidiárias é mais um pacote de maldades do governo ilegítimo de Michel Temer e do governo militar de Bolsonaro, para pagar a conta do golpe, que a cada dia fica mais cara. Uma conta que está sendo imposta ao povo brasileiro, às custas da entrega do patrimônio público, dodesemprego, de cortes de direitos e arrocho salarial.

A direção da Petrobrás recebeu propostas para a venda de 104 campos de produção terrestre.

É o chamado Projeto Topázio, que atingirá em cheio municípios do Nordeste e Norte do país, além do Espírito Santo, cujas economias dependem dos investimentos da estatal.

Milhares de trabalhadores que prestavam serviço para a empresa já estão desempregados e outros milhares de empregos diretos e indiretos estão na iminência de serem perdidos.

BLACK FRIDAY NA PETROBRÁS

Só nos últimos nove primeiros meses do governo golpista de Temer, a Petrobrás reduziu em 31% os investimentos no país. Navios e plataformas voltaram a ser encomendados no exterior, gerando emprego e renda lá fora. 

Desde Temer & Lava Jato, a indústria nacional está em frangalhos, com milhões de desempregados.

O Pré-Sal foi aberto para as multinacionais. A gasolina e o gás de cozinha estão mais caros com a liberação dos preços para atender ao mercado. O patrimônio da Petrobrás está sendo colocado à venda com preços depreciados para atrair mais compradores.

É tudo tão escancarado. Tudo vendido a preço de banana. O Complexo Petroquímico de Suape, em Pernambuco, por exemplo, chegou a ter seu valor reduzido em 64%. 

QUER PAGAR QUANTO?

Ao discursar para investidores estrangeiros, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, deu uma de garoto propaganda e convocou os gringos a caírem dentro da privatização da empresa: “Aproveitem essa oportunidade, porque não vai existir no mundo outra tão boa quanto essa no setor de óleo e gás”. Parecia liquidação de supermercado. A declaração foi feita no encerramento da Rio Oil & Gas e foi divulgada em vários jornais.

Para quem não se lembra, Pedro Parente ocupou vários ministérios e cargos de comando no governo Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002, quando foram feitas as maiores e mais escandalosas privatizações do país. O modelo que ele segue, portanto, é o mesmo do passado: colocar o Estado a serviço do privado. Sob sua gestão, a Petrobrás perdeu a função de empresa pública e passou a ser administrada única e exclusivamente para atender ao mercado. Perde o Brasil, perde o povo, perdem os trabalhadores

Pedro Parente liberou mais de 2 bilhões e 500 milhões para um fundo suspeito e safado, um fundo para pagar o preço da traição e da liquidacão das principais empresas brasileiros, pelos juízes e procuradores e delegados da Polícia Federal da Lava Jato, traidores da Pátria. O dinheiro foi depositado no dia 30 de janeiro de 2019, primeiro mês de Sérgio Moro super ministro da Justiça e da Segurança Pública, em uma conta gráfica na Caixa Ecômica Federal de Curitiba, para consumação do procurador Deltan Dallagnol & parceiros de quadrilha.Image

Juíza Gabriela Hardt criou a secreta conta gráfica dos 2,5 bilhões pra Lava Jato esbanjar

É preciso dar um basta a isso, enquanto ainda temos um patrimônio a defender.

Defender a Petrobrás é defender o Brasil

26
Fev22

Como o lucro anual da Petrobrás superou os R$ 100 bi

Talis Andrade

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Enquanto o combustível sobe e trabalhadores enfrentam precarização, empresa planeja distribuir mais R$ 29,3 bi a acionistas em abril

 

[Por Daniel Giovanaz , especial para o Sindipetro-SP]

O lucro líquido da Petrobrás em 2021 cresceu 15 vezes em relação ao ano anterior e chegou a R$ 106,6 bilhões. Os dados do 4º trimestre estão no Relatório de Desempenho Financeiro da petrolífera, publicado na última quarta-feira (23) e celebrado pelos acionistas.

Horas antes de divulgar o balanço anual, a empresa comunicou que distribuirá R$ 101,4 bilhões em lucros e dividendos. Desse montante, R$ 72,1 bilhões já foram pagos, e o restante está previsto para abril.

“A Petrobrás está fazendo aquilo que prometeu no governo Bolsonaro [PL]: se tornar uma máquina de dividendos. Praticamente todo o lucro que a empresa teve ao longo de 2021 vai passar para a mão dos acionistas”, critica Rafael Rodrigues da Costa, coordenador técnico do Centro de Economia Política do Petróleo (Ceppetro).

“Os ganhos da Petrobrás hoje – que na prática puxam a inflação e encarecem a vida dos brasileiros –, poderiam ser empregados em investimentos, inovação ou introjetados na própria companhia, mas só estão servindo aos interesses dos acionistas. É uma obscenidade”, completa.

O Estado brasileiro (governo federal, BNDES, BNDESPar) possui 36,74% das ações da Petrobrás. Acionistas privados estrangeiros detêm 44,42%, e nacionais controlam cerca de 18,84%.

Como o aumento das despesas com transporte impactam no preço final de quase todas as mercadorias, os combustíveis foram considerados os vilões da inflação no Brasil no ano passado. O índice subiu 10,06% em 2021 e atingiu o maior patamar dos últimos 6 anos para o mês de janeiro.

Os reajustes nos postos se devem ao Preço de Paridade de Importação (PPI), adotado desde 2016, que atrela o valor cobrado dos brasileiros às flutuações do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional.

 

Por que as receitas dispararam

O aumento no volume de vendas no mercado interno e no preço dos combustíveis ajudam a explicar o lucro da Petrobrás em 2021.

“O volume exportado foi menor do que em 2020, mas, como os preços internacionais estão mais altos, a receita de exportação foi maior”, observa o pesquisador do Ceppetro.

O preço do barril de petróleo, ao final de 2021, estava próximo dos US$ 80. Entre 2012 e 2013, a média anual era de cerca de US$ 110, mas os resultados da Petrobrás não eram tão expressivos. O membro do Observatório Social da Petrobrás e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), Eric Gil Dantas, explica como a taxa de câmbio impacta no cálculo final.

“A média de preço do barril de petróleo vendido em 2021 ficou em US$ 70,73, e em 2012 foi de US$ 111,27. No entanto, a taxa de câmbio saltou de R$ 1,67 por dólar em 2012 para R$ 5,40 reais por dólar no ano passado. Isto é, em moeda nacional o preço do barril vendido pela Petrobrás em 2021 ficou em R$ 382, muito superior a qualquer outro ano”, ressalta.

“Nos postos e revendas, os derivados de petróleo alcançaram suas maiores marcas históricas. Como 60% das receitas líquidas da estatal advêm dos produtos derivados de petróleo, o preço no mercado interno é determinante para os resultados da empresa”, acrescenta Dantas.

 

O desmonte por trás dos lucros

Outro fator que inflou o resultado da Petrobrás foi a privatização de ativos. Em 2021, a empresa concluiu a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde (BA), por US$ 1,8 bilhão – em valores atualizados, cerca de R$ 9,3 bilhões.

Além da RLAM, que representa cerca de 13% da capacidade de refino do Brasil, a Petrobrás vendeu a BR Distribuidora, campos de petróleo na Bahia e fazendas eólicas no Rio Grande do Norte.

“Houve uma entrada significativa de dinheiro a partir das vendas de ativos, e essa política de desinvestimento terá sérias consequências para o futuro da companhia”, alerta Rafael Rodrigues da Costa, do Ceppetro.

Entre os impactos do desinvestimento, denunciados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), estão a precarização das condições de trabalho e o sucateamento de equipamentos – que já produzem vítimas.

Menos de uma semana antes da divulgação dos lucros da Petrobrás, o caldeireiro José Arnaldo de Amorim faleceu durante parada de manutenção de uma das unidades da refinaria de Duque de Caxias (RJ). O trabalhador, terceirizado da empresa C3 Engenharia, desmaiou após a inalação de uma substância tóxica no último sábado (19), foi resgatado 40 minutos depois, mas não resistiu.

26
Fev22

Abrasileirar os combustíveis: A missão da Petrobrás não é enriquecer acionistas

Talis Andrade

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R$ 101 bilhões de dividendos

“É inconcebível que a Petrobrás continue praticando preços de importação para enriquecer os acionistas. Se já pagamos mais de R$ 7 o litro da gasolina e mais de R$ 130 o botijão de gás, imagine com uma guerra envolvendo um dos principais produtores de petróleo do mundo, como é o caso da Rússia?”, alerta o coordenador da FUP

 

[Da imprensa da FUP]

Às custas da fome e do desemprego que empurram milhões de famílias brasileiras para a miséria, a gestão da Petrobrás transferiu para os acionistas R$ 101,4 bilhões. É a maior apropriação de dividendos da história da companhia, derivada do lucro recorde de R$ 106,7 bilhões em 2021. Um resultado diretamente associado à política extorsiva de reajuste dos combustíveis, que fez explodir os preços da gasolina, do gás de cozinha e do diesel, que nunca custaram tão caro.

O lucro recorde da Petrobrás que encheu os bolsos dos acionistas também foi construído com a intensificação do desmonte da empresa. As receitas resultantes da venda de ativos subiram 149,6% em relação a 2020, gerando um caixa de R$ 25,5 bilhões.

“Não é à toa que o maior lucro da história da Petrobrás foi obtido no ano em que a população brasileira pagou preços recordes dos combustíveis e quando sofremos um dos maiores assaltos ao patrimônio da empresa, com a privatização de diversos ativos, entre eles a BR Distribuidora e a Rlam. Estamos falando da transferência de riqueza dos 210 milhões de brasileiros para grupos privados de investidores, a maioria deles estrangeiros. É indecente”, afirma o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

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“É inconcebível que a Petrobrás continue praticando preços de importação para enriquecer os acionistas. Se já pagamos mais de R$ 7 o litro da gasolina e mais de R$ 130 o botijão de gás, imagine com uma guerra envolvendo um dos principais produtores de petróleo do mundo, como é o caso da Rússia?”, alerta o petroleiro.

No primeiro dia do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o preço do barril de petróleo ultrapassou os 100 dólares. Os especialistas já falam em uma grave crise geopolítica de longa duração, com impactos gigantescos nos mercados produtores de petróleo. “Nunca foi tão urgente mudar os rumos da Petrobrás e acabar com a política de Preço de Paridade de Importação. Abrasileirar os preços dos combustíveis, como afirmou o presidente Lula, é a missão número um que temos pela frente”, afirma o coordenador da FUP.

 

40,6% dos acionistas são estrangeiros

Nos três anos de governo Bolsonaro, os combustíveis já subiram cinco vezes acima da inflação, fazendo disparar o custo de vida dos brasileiros. A política de reajuste da Petrobrás, baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI), sacrifica o povo para enriquecer os acionistas, que já embolsaram R$ 72 bilhões dos dividendos de 2021 e receberão mais R$ 29 bilhões em abril. O Estado brasileiro, que ainda é o controlador da Petrobrás, recebe um terço desse montante. O restante foi para os bolsos dos acionistas privados, sendo que 40,6% deles estão fora do Brasil.

 

Petrobrás investiu menos da metade do que pagou em dividendos

Os gestores da Petrobrás no governo Bolsonaro sempre afirmaram que o lucro dos acionistas é a principal missão da empresa, não importa o impacto que o PPI gere na população. Em 2021, a estatal investiu cerca de R$ 47,3 bilhões, menos da metade dos R$ 101 bilhões pagos aos acionistas. “É preciso inverter essa lógica. A Petrobrás tem que voltar a gerar riqueza para o povo brasileiro. O lucro dos acionistas não pode vir em primeiro lugar”, afirma Deyvid Bacelar.

“A Petrobrás, que entre 2003 e 2015, investia em média US$ 26,8 bilhões por ano no Brasil, gerando emprego e renda no país, abastecendo a população com preços justos, precisa ser resgatada e reconstruída”, ressalta o coordenador da FUP, lembrando que em 2013 os investimentos feitos pela Petrobrás chegaram a US$ 48 bilhões. No ano passado, esse valor despencou para US$ 8,7 bilhões.

 

Leia também: “Nós não vamos manter o preço dolarizado dos combustíveis”, diz Lula sobre PPI e Petrobrás

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26
Fev22

“A vida do povo evangélico piorou com Bolsonaro”

Talis Andrade

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Os evangélicos já representam mais de 30% da população brasileira, de acordo com um levantamento feito pelo Datafolha em 2020. A não realização do Censo pelo IBGE dificulta que se saiba o número mais próximo do real, mas é certo que o número de fiéis vem crescendo. O que não se pode esquecer é a diferença enorme que existe entre cada uma das igrejas evangélicas, alerta o pastor e historiador Oliver Costa Goiano.

Atual coordenador de Religião na Secretaria de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher, da Prefeitura Municipal de Maricá, o pastor integra o Núcleo Evangélico do Partido dos Trabalhadores. Ele afirma que os evangélicos se afastaram do PT em função da estratégia utilizada por um movimento conservador de tomada do Estado para a defesa da manutenção de privilégios dos mais ricos. Mas, agora, ocorre uma reaproximação.

Na visão do pastor da Igreja Batista da Lagoa, o motivo é pragmático. A piora das condições de vida em função da crise econômica e da péssima condução que o governo faz nessa área é o que leva evangélicos das mais diferentes igrejas a lembrarem de como a vida era melhor durante os governos do PT. Por isso, ele alerta sobre a necessidade de se tomar muito cuidado com o discurso a ser utilizado e defende a necessidade de o partido dialogar com as religiões, deixando claro que é um grupo político diverso e que respeita as diferenças.

O pastor Oliver acredita que, se não fosse pela crise, talvez o bolsonarismo estivesse mais forte. Nesta entrevista à revista Focus Brasil, ele defende que os valores da esquerda são mais próximos ao que diz a Bíblia e que o bolsonarismo é o contrário. Segundo ele, os evangélicos pagam um preço alto pelo apoio que deram a Bolsonaro em 2018. Ele ainda explica porque o movimento anti-vacina encontra algum apoio dentro de grupos evangélicos. 

 

Alberto Cantalice e Pedro Camarão entrevistam pastor Oliver Costa Goiana

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Focus Brasil — A comunidade evangélica apoiou Jair Bolsonaro em peso na eleição de 2018 e, durante o seu governo, vem ocorrendo um afastamento muito forte. O que provocou esse distanciamento?

Pastor Oliver — A gente percebe nas pesquisas que o Bolsonaro tem um núcleo duro mais radicalizado, em torno de 20%, 22% e esse número não diminui. Mas posso dizer que o apoio ao bolsonarismo é algo muito caro aos evangélicos. Os evangélicos estão pagando um preço muito alto. Quando alguém vota numa pessoa que não se transformou… Ele já disse que desejava que Dilma morresse de câncer ou enfarte. No impeachment, fez uma fala exaltando o torturador que a colocou em dores indizíveis. Todas as falas dele sempre foram terríveis.

Talvez, a melhor pergunta seja por quê os evangélicos entraram nessa? Afinal, ele já estava dizendo tudo isso. Nem todas as pessoas são politizadas e posso afirmar também que a maioria dos evangélicos ganha entre um e dois salários mínimos [R$ R$ 1.212 e R$ 2.424]. E, por incrível que pareça, é também o percentual da população em que o presidente Lula é mais bem avaliado.

 

— Houve também um cenário apocalíptico propagado pela mídia e a imprensa conservadora.

— Eu diria que houve um conluio de forças internacionais, um discurso hipócrita anticorrupção que nós estamos vendo que está caindo por terra e, acima de tudo, a dinâmica da vida. Há algumas pesquisas que dizem que o evangélico vota em primeiro lugar por questões econômicas, mais do que por questões identitárias ou morais. Quando na dinâmica da vida o evangélico vê que a gasolina está quase R$ 8, que o gás aumentou, ele lembra como era a vida no governo do presidente Lula. Era melhor. Os evangélicos estão se afastando porque eles pensam pragmaticamente. Perceberam que a vida deles piorou.

 

— A questão ideológica não pesa?

— É interessante porque o discurso bolsonarista vai dizer que “não, se o PT estiver no poder igrejas vão ser fechadas”… Como se o PT fosse um partido que nunca tivesse governado o país. Ora, isso ocorreu durante 13 anos. As pessoas caíram agora na realidade. É claro que os progressistas têm que estar atentos ao seguinte: o PT ainda precisar conquistar mentes e corações. O PT sempre tem 30% do eleitorado, o Lula já está com 40%, 45%. Ele acaba sendo mais bem quisto do que o próprio PT. Nós precisamos rever isso para que a gente dialogue com o público evangélico. A direita tem feito um dever de casa terrível, mas muito bem executado, de demonizar a esquerda. E, por isso, eu respondo que o afastamento dos evangélicos diante do bolsonarismo é um reconhecimento da realidade. Eles nem deveriam ter entrado nessa onda.

 

— Nem todo evangélico é bolsonarista.            

— Eu sempre digo isso. Os evangélicos que votam, que são pessoas honestas, votam por uma questão moral, acima de tudo. A esquerda precisa dialogar com isso. Graças a Deus esse afastamento está acontecendo, mas pare e pense: se a economia estivesse crescendo, se o desemprego estivesse menor, será que o bolsonarismo estaria fraco?

 

— Quais as maiores dificuldades que o PT e os progressistas têm no diálogo com os evangélicos?

— Quando a gente vai olhar a realidade, percebemos que esses mesmos evangélicos que votaram em Bolsonaro também votaram em Lula e em Dilma. Eles estiveram conosco. Existe uma lenda de que os evangélicos não votam na esquerda. Não é verdade. Não podemos ver a religião apenas como um fenômeno psicossocial. Ela alcança o coração das pessoas.

Quando a gente olha a televisão, pensa que o evangélico é aquele homem branco, heterossexual e borbulhando ódio no discurso. Mas não é verdade. A face evangélica do Brasil é preta e de uma mulher negra. A governadora Benedita [da Silva] sempre diz isso: há um erro e preconceito dos dois lados. Há setores da esquerda com preconceito contra os evangélicos e vice-versa. O mundo evangélico tem, pelo menos, algumas subdivisões. Existem os protestantes históricos, os pentecostais clássicos e os neopentecostais. A maioria é de pentecostais clássicos, por exemplo, da Assembleia de Deus. E, por incrível que pareça, eles veem no Lula alguém muito semelhante à história deles próprios, alguém que não fez ensino superior e é um self-made man, um autodidata.

— É a vida da pessoa comum…

— Quando você entra numa Assembleia de Deus, aquele homem e aquela mulher que foram massacrados durante o dia sendo diarista, empregada, porteiro do prédio, chega de noite, veste um terno, entra na igreja e tem lugar de fala. Essa mulher lidera o ciclo de oração, enquanto que durante a semana ela é massacrada. E, nesse sentido, o marxismo é correto. A luta de classes existe. E a igreja é o lugar do pertencimento, da valorização. Se uma mulher rica for à igreja, vai receber uma oração da mulher pobre que, naquele momento, se torna uma autoridade.

 

— Tem a questão emocional…

— A esquerda precisa entender… eu acho que Espinoza dizia isso: aquilo no que a gente acredita, não é apenas racional, é subjetivo também. E o pentecostalismo é emocional. O discurso da esquerda, às vezes é muito frio. A emoção precisa vir à tona. E é o que a gente vê nas igrejas pentecostais. As experiências catárticas, a manifestação do Espírito Santo, são curadoras para as pessoas.  E vamos lembrar que essa mulher preta, quando sai da casa dela, tem alguém com um fuzil do lado de fora. A vida não é fácil. E a igreja é um ambiente da paz. Então, a esquerda não pode brigar contra isso. Esses evangélicos sempre estiveram ao nosso lado, mas de 2016 para cá, devido à pauta moral, foram afastados de nós. E agora, percebendo a inflação, a crise econômica, estão voltando. Mas é o que eu disse antes. Se a situação econômica melhorar, podemos perdê-los de novo. Então, precisamos conquistar mentes e corações.

 

— Ainda sobre as inclinações políticas dos evangélicos, existe uma narrativa de que a direita faz a defesa da “família”, enquanto a esquerda é baderneira, divisionista e destruidora da família. Quais são os valores do PT e dos progressistas importantes para os princípios evangélicos?

— O nome do principal programa dos governos do PT foi o Bolsa Família. Como é essa história que o PT não defende a família? O PT tem uma coisa muito linda, o partido é a cara do Brasil. Dentro do PT tem indígena, negro, mulher, LGBT… Tem tudo. Tem defesa do meio ambiente. Isso dá muito orgulho porque é o ambiente da diferença. Você pega os petistas e que estão em várias matizes ideológicas e várias correntes, eles pensam diferente entre si.

De certa forma, o PT já está fazendo isso, mas vamos ter que entrar num campo que não queríamos entrar: no discurso religioso. Quando digo isso, é reconhecendo o binômio: política e religião andam juntas. O que nós, evangélicos, e eu como batista repudio, é a Igreja e o Estado juntos. Isso é fascismo. É óbvio que o PT precisa dialogar de maneira religiosa sem escolher uma religião. Mas precisa utilizar algumas categorias religiosas para mostrar que a defesa de mais um governo petista é a defesa do Estado Laico. E Estado Laico não é arreligioso, ele respeita todas as religiões. Isso é muito importante porque é muito lindo.

 

— Não é a visão de Bolsonaro.

— E essa conversa de que a direita defende a família? Pega o Bolsonaro. Ele defende a família e está no quarto casamento? Eu sei que o PT não quer entrar na discussão moral porque é da vida privada das pessoas. Mas a direita vai dizer que tem princípios liberais, que não quer que o Estado se meta na economia, mas é a direita que defende que o Estado se meta na vida religiosa das pessoas. É um contrassenso total. Sempre digo que, quando você olha o Evangelho de Jesus Cristo, veja, não posso falar que ele é de “esquerda” porque o termo surgiu depois, mas na minha visão a esquerda está muito mais próxima do Evangelho do que a extrema-direita, sem dúvida alguma.

 

— É um bom argumento.

— Então, você tem que pegar a pessoa e levá-la para uma reflexão. Quando Jesus falou: “Ame ao próximo como a ti mesmo”, você acha que essa prática está mais perto da esquerda ou da direita? Pega o Sermão da Montanha, em que Jesus fala sobre perdão, e a gente vê o bolsonarismo defendendo o discurso do “bandido bom é bandido morto”. É totalmente contrário ao Sermão da Montanha.

 

— O negacionismo, o culto à morte que o presidente prega ao tentar gerar desconfiança contra as vacinas, é uma atitude cristã?

— De 20 anos para cá, digo isso porque estudei no seminário teológico e vi isso acontecer, começou no mundo e, principalmente, nos EUA, um movimento conservador de tomada do Estado. Então, existe por trás do trumpismo e do bolsonarismo esse projeto. É um movimento que visa a manutenção de privilégios, a proteção dos mais ricos. Usa o discurso religioso para que os direitos não sejam dados à grande maioria. Lula sempre fala que existe nas pessoas uma raiva porque o pobre estava no aeroporto, o pobre e o negro entraram na universidade. Temos que lembrar é que esse negacionismo é fruto de um fanatismo que existe. Hitler conseguiu isso na Alemanha. Acho que no futuro alguém vai descobrir que às vezes esses discursos loucos não são aleatórios, têm um propósito.

 

— Dentro dessa linha neopentecostal mais próxima do bolsonarismo, existem algumas igrejas que precisariam ser questionadas porque usam o poder de forma absurda?

— É verdade. O MST fez um documento muito lindo em que é feita essa análise do povo evangélico no Brasil. É preciso lembrar um pouco da história evangélica no Brasil. Na história mundial, os evangélicos surgem quando Martinho Lutero, há 500 anos, faz a reforma protestante e reconhece que a salvação não é pelas obras — sabemos que naquele momento a Capela Sistina estava sendo construída e havia a venda da salvação e Lutero, que era um monge agostiniano, se colocou contra isso. Ele não queria uma ruptura com a Igreja Católica, mas a partir das 95 teses surgiu um movimento que antes de Lutero já havia até reformadores que defendiam os mesmos valores: que a Bíblia não deveria ficar nos mosteiros.

Os evangélicos começaram a chegar no Brasil há 150, 200 anos. Quando acontece a abertura dos portos pela Família Real, evangélicos anglicanos, ingleses, recebem de D. João a liberação para ter a sua religião contanto que as suas casas de culto não tivessem formato de igreja. Depois, o Império abre-se para a migração de luteranos. E depois começam os evangélicos de missão que vem para evangelizar e não para morar. Vêm os metodistas, os congregacionais, os batistas, e vemos que no início do século 20 surge dentro de uma Igreja Batista no Brasil esse pentecostalismo, surge a Assembleia de Deus. Por isso que eu falo que Assembleia de Deus e Congregação Cristã do Brasil são pentecostais clássicas.

Na década de 1970 surge, principalmente, aqui no Rio de Janeiro a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Internacional da Graça que são os neopentecostais. A diferença é que essas igrejas têm na sua pregação a Teologia da Prosperidade, a ideia de que você deve ser crente e ganhar dinheiro, ter que ser um vencedor. Seria uma ideia mais neoliberal do Evangelho. Na minha visão, isso não tem nada a ver com o discurso de Jesus porque Jesus sempre propunha soluções coletivas. Aceite Jesus e ganhe dinheiro? Não foi isso o que Cristo ensinou. Embora, eu sei que tem muita gente na Igreja Universal que também critica isso. Então, é o neopentecostalismo que tem mais resistência a nós porque ele é dependente do governo, deseja verbas e algumas dessas igrejas têm canais de televisão. Então, precisam do governo. E, infelizmente, por serem midiáticos, acabam apoiando todas essas atrocidades que o bolsonarismo comete e fala.

 

— O Núcleo de Evangélicos do PT está se organizando para lançar candidaturas ao Congresso?

— A governadora Benedita da Silva está fazendo um trabalho maravilhoso no núcleo evangélico do PT e tem incentivado que surjam candidaturas. A gente tem percebido na conjuntura que, por incrível que pareça, precisamos fortalecer mais deputados e senadores até do que governadores. Porque é onde se vota e se passa um impeachment, onde se aprovam pautas ou se dificulta a aprovação de pautas. Quando a gente tem candidatos evangélicos progressistas, a gente traz o discurso para um combate que é necessário. Se você traz a discussão para a Bíblia, a esquerda vence. Com relação à perspectiva para o futuro, o PT precisa entender que os evangélicos do partido e os evangélicos progressistas são muito diferentes entre si. Por exemplo, quando foi aprovada a descriminalização do aborto na Argentina, alguém da comunicação do PT comemorou. Existem muitas pessoas no PT que são favoráveis à descriminalização do aborto, a maioria dos evangélicos é contra e muitos são petistas. É entender o seguinte, deixar em aberto assuntos que são polêmicos no mundo inteiro, não só no Brasil. Existe na cabeça das pessoas uma ideia errada de que todo petista é favorável a determinadas ideias morais e isso não é verdade. Se dentro do nosso partido não há acordo em tantos temas, também entre os evangélicos não há acordo em tantos temas. Por exemplo, o Bispo [Edir] Macedo já falou que é favorável à descriminalização do aborto e ninguém fala disso. Ele é um evangélico. Entre os evangélicos existem diferenças, no PT existem diferenças. Então, a gente não pode fechar questão.

 

— E como fica a disputa política então?

— A perspectiva para o futuro, na minha visão, é o Partido dos Trabalhadores mostrar que temos aqui evangélicos que são petistas e conservadores nos costumes, que entendem que uma coisa não atrapalha a outra e temos também evangélicos que são petistas e mais liberais nos costumes. Nós temos que dar fim a essa ideia que as fake news bolsonaristas criam. Colocam a mulher de esquerda como alguém andando na rua com o seio de fora, colocando crucifixos em orifícios do corpo… é essa a ideia que eles querem passar. Temos que dizer que o PT é diverso. Aliás, toda manifestação de ódio e de desrespeito às religiões, nós discordamos. A perspectiva que eu vejo para o futuro é fazer o movimento que o presidente Lula tem feito, temos percebido ele caminhando para o centro. Não adianta a gente ganhar uma eleição e não governar. O evangélico em sua maioria é conservador nos costumes, nós não vamos mudar isso. As pessoas são diferentes, o Brasil é gigantesco. O pensamento de alguém que está no litoral ou nos grandes centros urbanos é diferente do de alguém que está nos rincões lá no meio de Goiás ou da Amazônia.

Temos que mostrar que por isso o PT é a melhor proposta, porque tem todos esses grupos representados em suas siglas. O PT tem conservadores em princípios e liberais em princípios. Tem indígenas, mulheres, negros, LGBT. Precisamos não fechar questão com relação a alguns temas. O discurso bolsonarista vai pegar isso e dizer: “ó lá, todo petista pensa assim”. E não é verdade. Nem todo petista pensa de maneira uniforme, nem todo evangélico pensa de maneira uniforme. Há uma diferença muito grande entre o evangélico da Deus é Amor e o evangélico luterano. Muita diferença. Há muita diferença entre o evangélico da Igreja Sinais e Prodígios e o evangélico presbiteriano. Muita diferença. Embora todos eles creem na salvação pela graça. Precisamos focar na pauta econômica que é a pauta em que o povo mais vota. E o PT sempre defendeu renda, emprego, trabalho e terra. Esse é o caminho. E vamos pregar o respeito à diferença.

26
Fev22

Privatização da Eletrobrás é crime lesa-pátria

Talis Andrade

Vencida mais uma batalha: MP da privatização da Eletrobras não será votada  na Câmara - Sinergia Bahia

 

Lula chama Bolsonaro e ministros de “vendilhões da Pátria”

 

Na mais temerária jogada entreguista do governo, o Tribunal de Contas da União (TCU) atendeu aos interesses do Palácio do Planalto na última terça-feira, 15, e aprovou, por 6 votos contra 1, a primeira fase da privatização da Eletrobrás. A decisão representa uma ameaça direta à soberania nacional, permitindo que o principal instrumento de política de energia do governo seja colocada em mãos privadas.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou a decisão. “Eu espero que os empresários sérios que querem investir no setor elétrico brasileiro não embarquem nesse arranjo esquisito que os vendilhões da pátria do governo atual estão preparando para a Eletrobrás, uma empresa estratégica para o Brasil, meses antes da eleição”, disse.

“Privatizar a Eletrobrás é entregar de bandeja esse inestimável patrimônio duramente construído pelo povo brasileiro”, diz. “É permitir que interesses privados passem a controlar as barragens e as vazões das águas, bem como o acesso a importantes fontes hídricas do nosso país”.

A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), anunciou que o partido vai recorrer à Justiça Federal para impedir o processo de desestatização. “É um crime lesa-pátria”, anunciou. Ao longo dos últimos 50 anos, estima-se que foram investidos mais de R$ 400 bilhões na Eletrobrás. O governo tem pressa em realizar o negócio e entregar a estatal na bacia das almas. O ministro da Economia, Paulo Guedes, quer vender a empresa até o mês de maio.

Pior do que permitir a venda, contudo, é que o TCU autorizou a primeira fase para a venda da estatal criada por Getúlio Vargas, sob condições suspeitas. Alertada pela área técnica de que o preço para a desestatização da Eletrobrás foi subavaliada pelo Ministério das Minas e Energia, ainda assim, os ministros aprovaram o relatório do ministro Aroldo Cedraz.

Ficou vencido o ministro Vital do Rego, que advertiu que o governo havia subestimado o preço para a venda da empresa. O valor correto seria pelo menos R$ 130 bilhões, nos cálculos do TCU. mas o governo Bolsonaro quer se desfazer da empresa, considerada estratégica para o desenvolvimento nacional, pela metade disso: R$ 67 bilhões.

Vale lembrar que a Eletrobrás é responsável por cerca de um terço da geração de energia elétrica do país e por mais de 40% dos ativos de transmissão no território nacional. A holding controla importantes empresas do setor de energia, como a Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul, além de ser sócia da Itaipu Binacional, da qual detém 50% do controle acionário.

A presidenta do PT diz que a conta não fecha e adverte que o negócio, além de inconveniente do ponto de vista financeiro, ainda é prejudicial para o futuro do país. “A estatal estratégica brasileira, que nem deveria ser vendida, vale pelo menos R$ 130,4 bilhões, e não R$ 67 bilhões. É o dobro do preço. Nós vamos à Justiça”, reiterou.

O professor Ildo Sauer, do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), lembra que nenhum país do mundo privatizou suas usinas hidrelétricas”. Na China, detentora da maior produção, o sistema é completamente estatal. Nos Estados Unidos, as usinas são mantidas sob o controle público, por meio da Tennessee Valley Authority. O Brasil é o segundo maior produtor de energia hidrelétrica do mundo, perdendo apenas para a China.

Ele e outros especialistas têm apontado que a privatização da Eletrobrás vai fazer o preço da energia subir e a qualidade do serviço cair. A empresa, cuja proposta de criação ocorreu em 1954 pelo presidente Getúlio Vargas, pouco antes de seu suicídio, sempre enfrentou oposição e contrariou interesses privados.

Tanto que o projeto de criação das Centrais Elétricas Brasileiras S/A só foi aprovado em 1961 no Congresso Nacional, já no governo de Jânio Quadros, e instalada por João Goulart, em 11 de junho de 1962, em sessão solene do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (CNAEE), no Palácio Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

Desde que foi criada e instalada, a estatal manteve papel importante para a redução das desigualdades do Brasil. Levou energia onde não havia, nos anos 60 e 70, e ajudou a garantir a produção industrial brasileiro e o desenvolvimento urbano ao longo dos anos 80 e 90. A estatal foi responsável, por exemplo, pela operação do programa Luz para Todos, criado no governo Lula para levar energia elétrica a quase 17 milhões de brasileiros que, em pleno século 21, ainda viviam na escuridão. A manutenção do controle da estatal nas mãos da União está relacionada, portanto, à defesa da soberania e à segurança energética do Brasil.

A ex-presidenta Dilma Rousseff, responsável pelo Luz para Todos quando era ministra das Minas e Energia, denuncia que a venda da Eletrobrás fere o interesse nacional. Ela desmontou argumento de que a empresa precisa ser privatizada para poder atrair investimentos. “Isso é mentira. Na área de energia elétrica, o financiamento é feito pelo chamado projeto de financiamento com base em recebíveis”, lembra. “O retorno do investimento é totalmente garantido pela própria atividade da empresa”.

“É isso o que sempre financiou os grandes projetos do Brasil, inclusive aqueles com predominância privada, como Jirau, Santo Antônio e Belo Monte”, frisou. Entre 2003 e 2018, 80% dos investimentos no setor elétrico foram privados, com parceria pública minoritária, reforça. “Na média, os grandes investimentos foram 60% privado, 40% público”.

Pelo modelo previsto na privatização, a tarifa de energia pode subir sem aviso prévio. “Para a Eletrobrás valer alguma coisa, essa energia já paga tem de ser passada para o [setor] privado, e ele pode cobrar qualquer tarifa”, adverte. “Ou seja, ele não teria mais de dar à população brasileira a parte que ela já pagou”, explica. “É um roubo”, disse. A Eletrobrás é a maior empresa de energia da América Latina, com 48 usinas hidrelétricas, além da maior parte das eólicas.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da Minoria no Senado, diz que a venda da Eletrobrás é “a mais grave, mais complexa e mais inconsequente das privatizações”. Em pronunciamento no plenário do Senado na quarta, 16, ele citou que o valor colocado como preço para a venda, não incorpora uma série de coisas que a Eletrobrás faz e fará e que não estão no preço. “Não incorpora, por exemplo, o valor que os espelhos d’água das hidrelétricas têm para acolher painéis solares de energia solar”, lembra.

“Sou daqueles que acreditam que (...) cabem boas privatizações e más privatizações, privatizações necessárias e privatizações totalmente desnecessárias, equivocadas e, algumas vezes, até mal-intencionadas e criminosas, e essa se encaixa nesse último grupo”, adverte. Para o senador, a venda da estatal sem um estudo prévio do impacto tarifário é o “absurdo dos absurdos”.

“Estamos falando aqui de uma privatização sutil, simplista, quase escamoteada da holding das holdings do sistema elétrico brasileiro, chamada Eletrobrás, e, abaixo dela, de todos os guarda-chuvas regionais que cada um de nós, na sua região, conhece muito bem: Eletronorte para os nortistas; Chesf para os nordestinos; Furnas, para os sudestinos e, para a Região Sul, Eletrosul”, denunciou no plenário do Senado.

Ele citou como brecha potencial para alta das tarifas o fato de não haver nenhuma restrição ou previsão de subsídio para que o comprador não considere no custo para composição das tarifas os ativos já amortizados das hidrelétricas da holding. A estatal considera nos custos os preços de operação e manutenção. A iniciativa privada, certamente, cobrará o valor de mercado, o que pode elevar as tarifas. Há cálculos que projetam alta anual de 4,3% a 6,5% nas tarifas.

 

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