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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

02
Ago18

A Greve de Fome na Imprensa Internacional

Talis Andrade

 

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Para arrasar a censura dos meios de comunicação de massa do Brasil, a greve de fome repercuta na imprensa internacional.

 

O ato extremo, exigindo a liberdade de Lula e o restabelecimento da justiça no país, foi iniciado nesta segunda-feira (31 de junho).

 

Após protocolar documento no Superior Tribunal Federal, o grupo conversava com a imprensa nas portas do tribunal quando foi expulso do local por seguranças que agiram de maneira truculenta, fato que também ganhou destaque.

 

O início da mobilização por Lula Livre foi noticiado pelas agências espanholas EFE, ABC, o jornal El Comercio, que publicou: “Os organizadores esperam que a greve termine em meados de agosto, período em que o plenário da Suprema Corte poderá julgar um recurso interposto pela defesa de Lula pedindo a libertação do ex-chefe de Estado da cela na sede da Suprema Corte. a Polícia Federal de Curitiba (sul) onde está cumprindo sua sentença”.

O jornal ainda destacou que “a greve quer aumentar a conscientização sobre o aumento da pobreza e o uso excessivo de pesticidas no campo”.

 

Na Argentina, o tema foi noticiado por veículos como o Página 12, Info Nodal, La Voz del Interior, La Voz De Misiones e Diario Junio. O jornal Página 12 destacou que “faltam pouco mais de dois meses até as eleições presidenciais, durante os quais os seguidores de Lula da Silva começarão uma greve para exigir sua libertação para que possam fazer campanha”.

 

No México, veículos como o jornal Excelsior, os sites 24 Horas, e Hispantv também publicaram sobre a greve de fome. “O protesto também faz parte das marchas por todo o país organizadas pelo PT no dia 15 de agosto, quando o partido vai registrar com um grande ato em Brasília a candidatura do ex-presidente antes das eleições de 7 de outubro”, escreveu o Excelsior.

 

Veículos peruanos, como o Crónica Viva, El Comércio e La República também noticiaram a greve de fome. Na Costa Rica a notícia foi divulgada pela versão local do El País.

 

Em Cuba, diversos veículos noticiaram o ato extremo, como o Prensa Latina, o Diário de Cuba, América Econômica, Cuba Debate e Radio Mayabeque. No Chile a pauta esteve no Clarín e na Prensa Austral. Na Venezuela a matéria recebeu destaque no Aporrea e Noticias Ahora.

 

A greve de fome ainda foi noticiada pelos jornais uruguaios Espectador e Caras y Caretas. Na Nicarágua noticiou o El Nuevo Diario e em Hondura, La Prensa.

 

 

 

02
Ago18

Ato extremo: Gleisi e deputados levam apoio a grevistas no STF

Talis Andrade

Frei Sérgio Görgen: “Os sonhos dos brasileiros estão presos em Curitiba, sem prova e sem crime, em uma clara perseguição política"

 

Paulo Pimenta: “Em primeiro lugar é importante que a gente compreenda o significado. Uma greve de fome é um gesto extremo"

 

lula greve fome.jpg

 

 

A senadora Gleisi Hoffmann e os deputados José Guimarães (CE), Luizianne Lins (CE), Paulo Pimenta (RS), Paulo Teixeira (SP) foram até a tenda montada em frente ao STF, na tarde desta quarta-feira (1º), para levar solidariedade aos seis militantes que estão fazendo greve de fome. Os grevistas, que exigem a liberdade do ex-presidente Lula – preso político há 117 dias – completaram cerca de 30 horas do ato extremo.

 

A senadora e presidenta nacional do PT chegou por volta das 20 horas para cumprimentar os grevistas e oferecer palavras de apoio. “A gente vai fazer um dia de jejum também está começando um movimento de solidariedade”, disse. Em conversa com ofrei Sérgio Görgen, ela prometeu levar ao presidente Lula notícias da manifestação.

 

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, exaltou o sacrifício dos militantes. O deputado também responsabilizou a presidente do STF, Cármen Lúcia, pela violação do Estado Democrático de Direito.

“Em primeiro lugar é importante que a gente compreenda o significado. Uma greve de fome é um gesto extremo. E na medida que essas pessoas adotam essa atitude é para chamar a atenção da população brasileira e internacional para o que está acontecendo. Nossa Constituição está sendo desrespeitada. A Ação Declaratório de Constitucionalidade está pronta para ser votada desde fevereiro e isso não ocorre por uma decisão monocrática da presidente do STF”, criticou Pimenta.

 

O deputado Paulo Teixeira, por sua vez, fez questão de cumprimentar os militantes. “Eles estão arriscando suas vidas. Fazem isso para cobrar a aplicação da Constituição Federal, pela votação da ADC da presunção de inocência”, destacou Teixeira.

 

O deputado José Guimarães, líder da minoria na Câmara, também foi à tenda prestar sua solidariedade aos grevistas e conclamou o povo brasileiro a se manifestar. “Vim fazer uma visita de solidariedade a esses companheiros e companheiras que pedem Justiça aqui no STF. É preciso mobilizar e lutar pelos direitos. Esse país está parece que está adormecido e esses militantes não estão. O gesto deles tem que ser referência para todos nós”, apontou Guimarães.

 

Também demonstraram apoio os deputados petistas Arlindo Chinaglia (SP), Benedita Lula da Silva (RJ), Carlos Lula Zarattini (SP), Décio Lima Lula (SC), Erika Lula Kokay (DF), Helder Salomão (ES), João Lula Daniel (SE), Leonardo Lula Monteiro (MG), Luiz Lula Couto (PB), Margarida Lula Salomão (MG), Pedro Lula Uczai (SC), Pepe de Lula Vargas (RS) e Zé Carlos Lula (MA).

 

 

Médico voluntário Ronaldo Selle Wolff


Ainda na tarde desta quarta, a greve ganhou um importante reforço. O médico Dr. Ronaldo Selle Wolff saiu de Porto Alegre-RS e foi até Brasília para, voluntariamente, monitorar a saúde dos seis militantes, enquanto durar o ato extremo. Segundo Wolff, além dele há outros médicos que farão um revezamento para observar os militantes.

 

“Eles já completaram 30 horas de greve de fome. É um momento emocional muito importante. A gente está programando uma mística e um momento terapêutico para prepará-los para as próximas horas. A nutrição deles será o suporte emocional. Vamos começar a monitorar a condição física deles com exames laboratoriais”, explicou Wolff.

 

O médico também manifestou preocupação com a saúde dos militantes, mas exaltou o gesto deles em prol da liberdade de Lula. “Em relação ao gesto deles, a gente fica com medo porque estão arriscando a integridade física e emocional, mas tenho muita admiração pelo que estão fazendo. Eles fazem isso pelo povo brasileiro, para que ninguém passe fome e possa escolher seu presidente. Para que todas as pessoas possam se defender e não serem encarceradas sem provas”, revelou.

 

"Que o Brasil volte à normalidade democrática"

 
O frei Sérgio Görgen reforçou o discurso em defesa da soberania nacional e do povo brasileiro. O militante lembrou que ao longo dos governos do PT o Brasil deixou o Mapa da Fome, realidade inversa com a gestão do ilegítimo Michel Temer. “Estávamos em um processo civilizatório avançado e agora temos esse retrocesso todo. Subiram os preços do gás [de cozinha], dos alimentos e da energia elétrica. Querem entregar a Amazônia, privatizar as reservas de petróleo e vender nossas terras mais férteis, isso é uma situação inaceitável”, criticou Görgen.

 

“Os sonhos dos brasileiros estão presos em Curitiba, sem prova e sem crime, em uma clara perseguição política. É preciso que o STF faça alguma coisa. Anulem o processo fraudulento do Moro, que o TRF-4 avalizou, para que o Brasil volte à normalidade democrático”, finalizou.

 

 

02
Ago18

A “greve de fome por justiça” iniciada pelo Frei Franciscano Sérgio Görgen e cinco irmãos franciscanos e dos movimentos sociais

Talis Andrade

 

GREVE DE FOME PELO RESTABELECIMENTO DA JUSTIÇA NO BRASIL SIGNIFICA LUTA CONTRA OS QUE FALSIFICAM A NOSSA HISTÓRIA [VÍDEOS]

 

greve de fome manifesto.jpg

Leitura do manifesto que explicou razões da greve e associou prisão de Lula a cenário de perda de direitos e aumento da pobreza. Manifestantes defendem que o STF cumpra a Constituição e o direito do povo escolher o próximo presidente 

 

por ANDRÉ MOREAU 

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A “greve de fome por justiça” iniciada (31) pelo Frei Franciscano Sérgio Görgen, juntamente com cinco irmãos, após a entrega do documento ao STF que postula a restauração da justiça e a libertação do preso político Luíz Inácio Lula a Silva, lembra o pensamento do Filósofo Camus: “Eu me revolto, logo nós somos”. Ao declarar no Supremo Tribunal Federal (STF), “iniciada a greve de fome para que a justiça se restabeleça no Brasil,” Görgen e seus companheiros representaram todos os cidadãos atingidos por injustiças nesses tempos de judicialização em que vivemos.

 

Frei Sérgio Görgen foi empurrado por oficiais da Justiça quando subia as escadas do Supremo Tribunal Federal (STF), tendo chegado a cair com mais dois companheiros

 

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Que ministro do STF deu a ordem para a polícia judiciária espancar os grevistas? 

Segundo reportagem a Rádio CBN (1), Frei Sérgio Görgen foi empurrado quando subia as escadas do Supremo Tribunal Federal (STF), tendo chegado a cair com mais dois companheiros, mas a repressão não foi capaz de conter a greve de fome para que a justiça se restabeleça no Brasil”, que clama aos ministros da Corte Máxima de Justiça, para que zelem pela Constituição e libertem o preso político Lula.

 

Antes da manifestação de revolta pacifica pelo bem estar social do povo brasileiro, João Pedro Stédile lembrou que o tempo de duração da greve de fome seria determinado pela Presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia.

 

“Ela foi indicada para respeitar a Constituição”, ressaltou Stédile, mas no entanto existem “(...) dois recursos aguardando julgamento - uma ADC do PCdoB, que consulta se uma pessoa pode ser presa antes do julgamento de todos recursos e; um outro recurso da OAB, sobre validade da presunção de inocência até o julgamento da última instância. Basta colocar os recursos em plenário para acabar com a greve.”

 

A greve de fome reforça a orientação do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas ao STF: de permitir a libertação de Lula, por falta de provas. "É uma greve que não tem data para terminar. Não é apenas um jejum de um ou dois dias. Isso implica em uma decisão mais séria, mais grave, e são poucas pessoas que têm coragem de tomar essa decisão", destacou João Pedro Stédile, ao site Brasil 247.

 

A ocultação da mencionada informação imposta pelos senhores dos meios de comunicação que pregam “austeridade”, “combate a corrupção” e ao “crime-organizado” expõe o retrocesso social que foi implantado no País, para derrubar a Presidenta Dilma Rousseff e que abriu as porteiras do Congresso Nacional para desmontar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), entregar de bandeja a Petrobrás, assim como congelar o teto dos investimentos sociais por vinte anos com a Emenda 95 (PEC da morte). Isso para não falar sobre a entrega da Base de Alcântara; na interrupção das obras do submarino nuclear; da invasão autorizada da Amazônia; da venda de terras para estrangeiros, dentre outras manobras praticadas por oligarcas locais e estrangeiros da rede neoliberal, que operam a mudança do sistema de governo, a partir dos choques usados para desmontar a soberania nacional.

 

Não seria demais citar o pensamento de Hegel, outro Filósofo que tratou de questões semelhantes: “Só existe o senhor porque existe o escravo que o reconhece como tal”, mas não é sábio filosofar preso a frases de personalidades que marcaram a História da Filosofia. Deve-se usa-las, analisá-las, para se ir além, aprofundando o debate. Pois além de entender o que os filósofos disseram, é preciso ampliar o espectro para enxergar além dos contornos da luta de classes acirrada a partir de 2013 com a narrativa de ódio ao Governo Dilma, que uniformizou os noticiários nos meios de comunicação organizados em consórcio.

 

Só elaborando o nosso próprio pensamento sobre todos os assuntos que nos dizem respeito, é possível criar caminhos para enfrentar o retrocesso de “cinqüenta anos, em dois”. Reproduzir fórmulas consagradas, que não se referem a nossa realidade, fragmenta o raciocínio, limita o pensamento em meio a tantas ocultações e meias verdades. Tende a levar o incauto, por exaustão, a admitir a derrota, até “abdicar do direito de pensar” como bem assinalou a Filósofa Hannah Arendt, no julgamento do nazista Adolf Eichmann que afirmou só receber e cumprir ordens.

 

Estudar é assimilar e disseminar conhecimento. Por isso dá trabalho estudar. É preciso partir das premissas, visitar a História, no caso em questão: a “Doutrina de Choques” de Milton Friedman que instituiu o neoliberalismo na ditadura de Augusto Pinochet; as sentenças da Ação Penal 470, com base na “Teoria do Domínio do Fato,” usada para condenar em tempo de paz, sem provas, denegrindo a reputação de políticos como José Genuíno e José Dirceu e; as ferramentas usadas na indução da luta de classes estimulada pela narrativa de ódio dos meios de comunicação que estão orquestrando o plano de mudança do sistema de governo.

 

Não por acaso nos deparamos com as conseqüências dos desmandos que arrastam a cada dia que passa mais pessoas pobres de volta à miséria extrema, recolocando o Brasil no mapa da fome

 

Não por acaso nos deparamos com as conseqüências dos desmandos que arrastam a cada dia que passa mais pessoas pobres de volta à miséria extrema, recolocando o Brasil no mapa da fome, de acordo com especialistas em Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas e a repetição de mentiras nos noticiários que responsabilizam o cidadão pela crise na saúde, mas sem falar nos efeitos da Emenda 95.

 

Os “especialistas” que falam que as doenças erradicadas há décadas voltaram a atingir principalmente as crianças, porque os pais não as vacinam, parecem querer debochar de quem usa a cabeça para raciocinar e sabe que tais colocações funcionam como “cortina de fumaça”, para ocultar as conseqüências da Emenda 95. O desmonte gerado pela Emenda 95 atinge todos os órgãos públicos voltados para o bem estar social, principalmente dos mais pobres.

 

Caso implantem a “reforma da Previdência Social”, por decreto, ao apagar das luzes, no final de 2018, como especulam especialistas do direito previdenciário, milhares de membros da classe média em idade de se aposentar, serão obrigados a trabalhar até seus últimos anos de vida, se quiserem usufruir de uma reduzida parcela de suas contribuições.

 

A “greve de fome por justiça” dos irmãos Franciscanos e dos movimentos sociais, além de chamar a atenção para o fato de que a Constituição foi rasgada, nos leva a pensar na intervenção militar no Rio

 

A “greve de fome por justiça,” representa todo cidadão que preza pelos princípios e cláusulas pétreas da Constituição e não admite prisão em segundo grau, nem a introdução da “Teoria do Domínio do Fato”, no ordenamento jurídico brasileiro, por determinação dos ministros do STF que deveriam zelar pela Constituição e não mutila-la.

 

A “greve de fome por justiça,” chama a atenção da população para o impeachment, sem mérito, da Presidenta Dilma, o primeiro “clímax” da narrativa de choques que mantém o “modus operandi”, que encarcerou Lula na masmorra de Curitiba, o líder político que o povo quer ver de volta governando o Brasil.

 

A “greve de fome por justiça” dos irmãos Franciscanos e dos movimentos sociais, além de chamar a atenção para o fato de que a Constituição foi rasgada, nos leva a pensar na intervenção militar no Rio, ocorrida logo após os carnavalescos da Escola de Samba Tuiuti, eternizarem o “vampirão” do golpe de Estado, com a representação do ilegítimo Michel Temer, no Carnaval de 2018.

 

Se não fosse para calar as manifestações populares, por que a intervenção militar não ocorreu em São Paulo, retomando investigações sobre os sonegadores que todos os anos lavam bilhões em paraísos fiscais?

 

A coletiva à imprensa concedida pelos membros da greve de fome segunda-feira (30), foi ocultada pela maioria dos meios de comunicação, porque a ocultação dessa provação que testa os limites dos seres humanos, é a principal estratégia para minar a força dos movimentos sociais e de governos que contrariem os interesses da rede neoliberal, mas assim como no passado, a manobra só se sustenta se não houver repercussão internacional.

 

A provação é o teste dos limites que nesse caso, a partir da revolta de seis pessoas que participam da “greve de fome por justiça”, representa a maioria da população brasileira, porque chama a atenção dos ministros do STF que ignoram a função precípua de zeladores da Constituição da República Federativa do Brasil.

 

 

 

 

02
Ago18

Um banqueiro recebe por 13 milhões de famílias

Talis Andrade

ajuda bancos consumo indignados.jpg

 

Dados sobre os lucros dos bancos no segundo trimestre deste ano apontam que os ganhos das seis famílias que controlam os quatro maiores bancos privados do país (Setúbal, do Itaú; Villela e Moreira Salles, do ItaúUnibanco; Aguiar, do Bradesco; Botin, do Santander) e os Safra, os quais juntos detém o controle de 75% dos créditos do País, acumularam lucros superiores a R$ 30 bilhões, apenas no primeiro semestre de 2018. Tal montante supera o valor previsto no orçamento do programa Bolsa Família em 2018 e que devem ser destinados ao longo de 2 meses a quase 40 milhões de famílias.

 

 

Só o Bradesco, segundo maior banco privado brasileiro, divulgou – nesta semana - que seu lucro líquido recorrente foi de R$ 5,16 bilhões no segundo trimestre, com o que o lucro acumulado no ano ultrapassou os R$ 10,26 bilhões, um aumento de quase 10% em relação ao mesmo período do ano anterior.

 

No primeiro trimestre, os 22 maiores bancos acumularam lucros de R$ 20,8 bilhões. Se a marca se mantiver ao longo do ano, os bancos irão lucrar mais de R$ 80 bilhões no período. Obtendo os maiores lucros de todos os tempos.

 

Tais resultados evidenciam porque estes sanguessugas do povo brasileiro se juntaram ao imperialismo norte-americano para apoiar o golpe de estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e levar ao governo a quadrilha golpista de Temer e Cia. e, agora, se unificam em torno de Geraldo Alckmin (PSDB), para realizar eleições fraudulentas, sem a participação do ex-presidente Luís Inacio Lula da Silva, líder absoluto e isolado nas pesquisas eleitorais (41% de Lula x 29% da soma de todos os demais; segundo o Vox Populi).

 

Estes mesmos parasitas que sugam quase 50% de todo o orçamento público, destinados ao pagamento de juros e serviços da fraudulenta dívida pública, impulsionaram e continuam a sustentar o moribundo governo Temer e todo o regime golpista que a cada dia dá passos no sentido de aumentar o desemprego, a fome e a miséria de milhões de brasileiros para garantir seus lucros e de outros tubarões capitalistas.

 

piramide povo elite banqueiros.png

 

 

Tais números deixam claro que não é possível encontrar um caminho de acordo entre o regime golpista dos banqueiros e dos imperialistas, apoiado pela direita golpista, e a luta por sua derrota.

 

Que para as dezenas de milhões de usuários de bolsa-família, para a classe operária e para todos os explorados, é preciso derrotar o golpe e avançar na luta por um governo dos trabalhadores que exproprie este reduzido grupo de magnatas, estatize o sistema financeiro e coloque o crédito à serviço da população e do desenvolvimento do País.

 

Neste momento, a luta pela derrota deste tubarões passa pela mobilização pela liberdade de Lula, pela derrota do golpe e pela vitória da candidatura presidencial do ex-presidente que os banqueiros, o grande capital internacional e seus servos do judiciário querem manter na prisão. [Transcrito do Causa Operária]

 

mariano banqueiros greve bancários.jpg

 

02
Ago18

Eu sou de Moçambique, esta é a marrabenta

Talis Andrade

Marrabenta.jpg

 

Como Anima A Marrabenta

 

Tsaa tsaa tsaa
Tsaa tsaa
Tsaa! Tsaa! Tsaa! Tsaa!
Tsaa tsaa

É só "djingui ski dji"
"Djingui ski dji"
"Djingui ski dji"
"Djingui ski dji"

Amarra a capulana, ouve a melodia
Eu sou moçambicana, sente esta alegria
Entra nesta dança, aqui ninguém aguenta
Eu sou de Moçambique, esta é a marrabenta

Como anima a marrabenta!
Como anima a marrabenta!
Como anima a marrabenta!
Como anima a marrabenta!

A marrabenta anima a Neyma
A Neyma anima a marrabenta
A marrabenta anima a Neyma
A Neyma anima a marrabenta

Devu teka teka famba!

Como anima, como anima
Como anima, como anima
Como anima, como anima
Como anima, como anima

Eba, eba!

Teko! teko! teko! teko!
Teka! teka! teko!
Teko! teka!
Khoma! khoma! khoma! khoma!

A marrabenta anima a Neyma
A Neyma anima a marrabenta
A marrabenta anima a Neyma

Teka! teka! teka! teka! teka!
Tsaa tsaa tsaa! Tsaa tsaa tsaa tsaa!

Amarra a capulana, ouve a melodia
Eu sou moçambicana e sente só esta alegria
Entra nesta dança, aqui ninguém aguenta
Eu sou de Moçambique, esta é a marrabenta

Como anima a marrabenta!
Como anima a marrabenta!
Como anima a marrabenta!
Como anima a marrabenta!

A marrabenta anima a Neyma
A Neyma anima a marrabenta
A marrabenta anima a Neyma
A Neyma anima a marrabenta

É só "djingui ski dji"
"Djingui ski dji"
"Djingui ski dji"
"Djingui ski dji"

Teka! teka! Mamba!
Teka!

 

A Marrabenta é o principal ritmo urbano de Moçambique, com origem no sul de Moçambique e, em particular, de Maputo, surgiu no início da 2.ª metade do século XX, na época áurea colonial de Lourenço Marques (actual Maputo). Conhecida internacionalmente, a marrabenta teve origem nos meios urbanos.

 

Dada a falta de aprendizagem académica dos moçambicanos, este género surgiu de uma fusão da música europeia com os ritmos tradicionais de Moçambique. Normalmente, era tocada por um cantor masculino, acompanhado por um coro de mulheres, e tocada com instrumentos feitos de materiais improvisados, como latas de óleo, fios de pesca e pedaços de madeira. A Marrabenta tem certas semelhanças com ritmos da América Latina como salsa e calypso.

 

Origens do termo marrabenta

A palavra Marrabenta vem do verbo “rebentar” (“arrebentar”, em vernáculo local), numa provável referência às guitarras baratas cujas cordas rebentavam com facilidade.

 

 

 

02
Ago18

Aqui o sol só brilha para as elites

Talis Andrade

barragem cahora bassa.jpg

 

 

País Da Marrabenta
Gpro Fam

 

O país da marrabenta vai de mal a pior
Mas paciência, moçambicanos têm de melhor
Foram 16 anos de uma guerra civil
Só de orelhas decepadas foram mais de mil
Ainda querem que o povo lhes de ouvidos
Dam! filhos da mãe desses politicos!!


Prometem isto e aquilo mas no fim nem um quilo
De arroz pro povo nem um saco de milho
Os impostos que nem elevadores sobem
Tantos argumentos mas no fim nada resolvem
O que serão? buracos em estradas ou estradas em
Buracos
Argumentos foi a guerra que fez esses estragos!!


Maputo é tipo a 24 de julho, pois é
Começa em luxo mas acaba em entulho
Tem ladrão de galinha que vai para a prisão
E tem o traficante de haxixe que paga caução
Quem dorme no chão? o gajo que arroumbou uma janela
Quem é rico até instala um telefone na cela


Todos na mesma cela mas crimes bem diferentes
De ladrões de galinha a assassinos dementes
Onde é que esta a policia quando vem os ladrões
Arriscar a vida quando não há condições
Corrompidos pelas quinhentas que o estado não dá
20 anos de trabalho e a patência não há
Não sobem de nível, continuam pelas ruas
2 meses de trabalho tem as mãos bem nuas


Moçambicanas e moçambicanos,
A nossa républica popular nasce do sangue do povo


Lançaram uma falsa taxa de 20 paus
Mas o saneamento básico ainda é um caos
Tem mais lixo na cidade do que peixe no mar
E um concelho parasita que nos tenta sugar
Nos tenta tirar o pouco que poupamos nos bolsos
Chega o fim do mês temos que pagar os impostos
Enquanto gastam dinheiro em carros de luxo
O povo sobrevive embora que sem nada no buxo

Tantos anos de trabalho mas foram em vão
Madjermanes já não sabem se têm ou não
Direito a tais moedas que conquistaram
Com o suor das camisetas e lhes confiscaram
Cadê a justiça? quem tem o poder na mão pisa
O pobre mais pobre fica e só lhe resta xiiçaaaa!!!
Injustiça! palavra mais comum entre nós
Tanto se reclama quase que se perde a voz


No país de mondlane já mais houve justiça
Ginza tem mais armas que a própria policia
Não consegue se aguentar com um salário de fome
Coitado do bufo, tem que alugar uniforme
Sujar o seu nome para ter o matabicho na mesa
Se é honesto sujeita-se a viver na pobreza
Aqui o sol só brilha para as elites
Sem duvidas para o povo life's a bitch!


Mais de mil familias sacrificadas por um mercedez
Novo
Nem com greves o povo consegue ter direitos todos
São 10 anos de paz, 10 anos de um governo incapaz
10 anos de: " nós faremos mais !!!"
Promessas falsas não enchem barrigas
Deixem dessas graças são bem antigas
Mais força para o povo que continua firme
Sem poder fazer nada na plateia vê o filme


Deram liberdade de imprensa ao jornalista
O carlos teve azar foi o primeiro da lista
Pois é o mano esqueceu-se da lei da floresta meu
Antes que abrisse a boca tiro na testa
Dizem que era boa pessoa mas sabia demais
Resultado, levou uma facado por trás
E o assassino com certeza foi ao enterro
Abraçou a viuva e disse: meu companheiro!

 

 Escute e dance a marrabenta aqui

01
Ago18

Moçambique nossa terra gloriosa / Pedra a pedra construindo um novo dia

Talis Andrade

 

Flag_of_Mozambique.png

 

 

Na memória de África e do Mundo
Pátria bela dos que ousaram lutar
Moçambique, o teu nome é liberdade
O Sol de Junho para sempre brilhará

 

Moçambique nossa terra gloriosa
Pedra a pedra construindo um novo dia
Milhões de braços, uma só força
Oh pátria amada, vamos vencer

Povo unido do Rovuma ao Maputo
Colhe os frutos do combate pela paz
Cresce o sonho ondulando na bandeira
E vai lavrando na certeza do amanhã

 

Moçambique nossa terra gloriosa
Pedra a pedra construindo um novo dia
Milhões de braços, uma só força
Oh pátria amada, vamos vencer

Flores brotando do chão do teu suor
Pelos montes, pelos rios, pelo mar
Nós juramos por ti, oh Moçambique
Nenhum tirano nos irá escravizar

 

Moçambique nossa terra gloriosa
Pedra a pedra construindo um novo dia
Milhões de braços, uma só força
Oh pátria amada, vamos vencer

 

 

 

 

 

01
Ago18

Angola, avante! Revolução, pelo Poder Popular!

Talis Andrade

coloniali.jpg

 

 

Ó Pátria, nunca mais esqueceremos

Os heróis do 4 de Fevereiro

Ó Pátria nós saudamos os teus filhos

Tombados pela nossa Independência.

Honrámos o passado e a nossa História,

Construindo no trabalho um homem novo,

Honrámos o passado e a nossa História,

Construindo no trabalho um homem novo.

Angola, avante!

Revolução, pelo Poder Popular!

Pátria Unida, Liberdade,

Um só Povo, uma só Nação!

Angola, avante!

Revolução, pelo Poder Popular!

Pátria Unida, Liberdade,

Um só Povo, uma só Nação!

 

Angola: o itinerário da palavra na canção e a emancipação da cultura popular face ao imperialismo português. Leia aqui 

Angola: musicalidade, política e anticolonialismo. Leia aqui

O SEMBA ANGOLANO PRÉ-INDEPENDÊNCIA (1961-1975): RELAÇÕES ENTRE MÚSICA E POLÍTICA. Leia aqui

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Árvore Azul (da série botânica) | 2016 | Filipe Branquinho

01
Ago18

72 detentos sumiram após rebeliões de 2017; MDH suspeita de mortes

Talis Andrade

 

medo morte jornalista legenda.jpg

 

 

Segundo relatório anual do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, órgão que inspeciona penitenciárias e é ligado ao Ministério dos Direitos Humanos, depois das rebeliões em presídios no ano passado, 72 detentos desapareceram. O relatório será divulgados nesta quarta (1º).

 

A versão oficial do governo federal é que os presos fugiram e não foram localizados. Mas o órgão levanta outra hipótese. “Os casos envolvem desde a omissão criminosa do Estado – ao não exercer sua obrigação de empreender investigação e buscas de corpos – até suspeitas fundadas em fortes indícios de práticas de homicídios envolvendo agentes públicos, passando inclusive pela ocultação de cadáver”, diz o relatório.

 

Entre esses desaparecidos do ano 2017 do governo Michel Temer o preso sem nome que deu uma de Sérgio Moro e espionou o celular de Marcela Temer? O preso desconhecido, em um arrumadinho do então secretário de Segurança de Alckmin, ministro Alexandre Morais, pegou mais de seis anos de cadeia, em local ignorado, e sem direito de comunicação com outros presos e familiares.  

 

Até hoje a imprensa não divulgou nenhuma foto do invasor do celular de Marcela, para copiar conversas e fotos e filmetes íntimos. 

 

Ninguém quer saber se o sujeito está vivo ou morto.

 

Leia a íntegra do texto sobre os 72 detentos que nenhum juiz carcereiro à Carolina Lebbos, "a algoz de Lula", quis saber o paradeiro. 

 

 

01
Ago18

A justiça hoje em quatro paradoxos

Talis Andrade

O juiz que sempre condena, porque isso agrada, só agrada quando condena. Ele não tem poder, ao revés, está condenado a condenar. É réu de si mesmo.

 

justica no chão.jpg

 

 

por Marcelo Semer

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Não é fácil lembrar-se de um momento em que a credibilidade do Judiciário estivesse tão arranhada quanto agora. A falta de confiança generalizada e uma avaliação negativa de forma assim persistente. Paradoxalmente, todavia, vivemos um dos momentos de maior demanda à Justiça, seja pelo extraordinário volume de ações que ingressam diariamente, seja pela competência cada vez mais ampliada dos pedidos, levando a judicialização ao patamar nunca antes na história – a começar pela própria incumbência de substituir nada menos do que o eleitor.

 

Essa inusitada contradição lembra a historieta que Woody Allen conta em Noiva Neurótica, Noiva Nervosa (Annie Hall, 1977), sobre duas idosas residentes em um asilo. A primeira diz algo como: nossa, é muito ruim a comida daqui não é mesmo? A outra responde: e o pior é que é pouca….

 

Algo mais ou menos similar acontece hoje com o Judiciário: não obstante as críticas se avolumem, expandem também as suas competências. E não só devido à sua própria intromissão na vida política. Dado o princípio da inércia, juízes não procedem de ofício, não há judicialização da política que não tivesse antes sido pleiteada por algumas das partes.

 

Antoine Garapon, juiz francês e um importante pensador do Direito, deu pistas sobre o assunto quando lançou seu mais famoso livro, Guardião das promessas – Juez y democracia na versão espanhola (1997). Muito do diagnóstico sobre a excessiva judicialização que via na França, em 1996, cai como uma luva para o momento atual do Brasil:

 

“A virada judicial da vida política – primeiro fenômeno – vê na justiça o último refúgio de um ideal democrático desencantado.”

 

“O ativismo judicial, que é o sintoma mais aparente, nada mais é do que o fragmento de um mecanismo complexo que envolve o enfraquecimento do Estado …”

 

“O juiz aparece como um recurso contra a implosão de sociedades democráticas que não conseguem controlar de outra maneira a complexidade e diversidade que elas geram.”

 

“A mídia, sob o pretexto de garantir a máxima transparência, pode privar os cidadãos de garantias mínimas – como a presunção de inocência – para manter a ilusão de uma democracia direta.”

 

“(…) políticos (…) usam a justiça para enfraquecer seus adversários.”

 

“O jornalismo de investigação se transformou em um jornalismo de delação. São todos denunciando todos.”
A ideia central que desenvolve é a expectativa de que os juízes certamente iriam angariar uma enorme descrença quando o papel de guardião de promessas, no que haviam sido artificialmente investidos, se revelasse ineficaz. Mas, acrescento, o sonho de fama, poder ou prestígio dificilmente os faria evitar esse percurso.

 

E aqui reside um segundo paradoxo, um pouco menos perceptível, mas nem por isso menos real. Embora à primeira vista, a extensa amplitude das competências possa indicar que se pavimenta um caminho para a tão temível ditadura dos juízes, o que se revela por trás disso é, na verdade, um esvaziamento de poder. É o que se pode denominar protagonismo submisso.

 

Sim, certos juízes se transformaram em celebridades. Visitam camarotes oficiais e festas de smoking. Outros se intrometem nas escolhas próprias da administração. Sentenças são criadas em lacunas estratégicas e leis são interpretadas ao bom gosto da voz das ruas, como convém aos arautos da popularidade. Mas a força maior do Judiciário não reside na ausculta da opinião pública, no apoio popular. Este é um grilhão para o juiz, não um par de asas.

 

O que confere poder ao juiz é justamente a capacidade de interpretar a Constituição e de ser o garante dos direitos fundamentais, à revelia, muitas vezes, do gosto popular. No modelo do constitucionalismo democrático, as maiorias também estão submetidas à defesa dos direitos fundamentais, mesmo e principalmente quando não concordem com eles. O juiz com poder não é aquele que condena com lastro no apoio popular ou o que é saudado pela multidão em júbilo; mas o que decide apesar das multidões ou mesmo contra elas.

 

A Constituição lhe garante poder; as maiorias lhe fazem refém. O juiz que sempre condena, porque isso agrada, só agrada quando condena. Ele não tem poder, ao revés, está condenado a condenar. É réu de si mesmo.

 

Esse protagonismo dos juízes, portanto, não é apenas submisso –é também suicida. Cavam a própria sepultura ao levar a decisão judicial aos píncaros da glória onde, afinal de contas, em dado momento, alguém há de se aperceber que ela já não é mais tão necessária assim.

 

O modelo democrático que nos impusemos na transição da ditadura de 1964 -1985 está calcado em quatro importantes pilares: as garantias do estado liberal, da qual não só não abrimos mão, como incrementamos (da liberdade de ir e vir à proibição peremptória da censura); as mecânicas próprias do Estado social, em especial o compromisso com a redução das desigualdades (direitos à educação, saúde, moradia); a concepção democrática, calcada na preservação da dignidade humana em um estado antropocêntrico (direitos fundamentais não submetidos à regra das maiorias); a supremacia dos direitos humanos sobre a soberania, com o reconhecimento da normativa internacional de tratados e convenções.

 

Para garantir a efetividade dessa plêiade de direitos, o constituinte previu dois mecanismos básicos: a-) as cláusulas pétreas, impedindo que mesmo os futuros legisladores pudessem revogá-los e; b-) a inafastabilidade do Judiciário para apreciação de qualquer lesão ou ameaça, com o quê o juiz assume o papel de verdadeiro garante desses direitos.

 

Mas eis que aqui impõe-se um terceiro paradoxo, que é, na verdade, bem conhecido na longa trajetória institucional brasileira: a combinação da legislação liberal com a prática autoritária. Mais especificamente, no caso, um amplo instrumental de direitos humanos conferido aos agentes que são, seguidamente, desestimulados a usá-lo.

 

Nem falo aqui da violência dos agentes do Estado propriamente dita, que consegue ser de maior dimensão na democracia do que fora na própria ditadura, que a empregou ostensiva e desavergonhadamente. Altíssimos índices de violência policial, por exemplo, quase sempre associada à pobreza e ao racismo. Mas sim do papel dos juízes, os garantes dos direitos sem os quais a Constituição não é muito mais do que, como dizem os chineses, um tigre de papel.

 

Mesmo os tímidos avanços do STF, no estreito hiato de tempo que podemos falar sobre eles, pouco penetraram na maioria dos tribunais brasileiros que, não raro, se fecham às suas próprias e consolidadas jurisprudências. Enquanto a sociedade viu a redemocratização tomar conta das instituições, após o fim dos anos de chumbo, esta jamais chegou ao campo do Judiciário, que ainda se rege com base em um entulho autoritário de 1979. Preserva-se a tradição nobiliárquica e a ideia da cidadania censitária –só quem possui título de desembargador pode votar nas suas eleições internas. O controle ideológico nunca saiu de moda, e tem sido cada vez mais utilizado para soterrar a ideia de magistrados cidadãos. E até mesmo decisões judiciais, em especial aquelas que afirmam direitos humanos, tem sido motivo para perseguição, repreensão ou censura.

 

Não há o que estranhar então, se de garantes da liberdade nos tornemos meros zeladores da ordem, agentes censores da moral, e, a depender do desejo de muitos, alguma espécie qualquer de polícia togada.

 

No último quarto de século, vários foram os esforços para tirar a magistratura deste atraso institucional. A criação de um órgão externo de controle, a adaptação de mecanismos de gestão para os atrasos longevos, a abertura das sessões administrativas tradicionalmente secretas. Os avanços foram tímidos e também se acomodaram diante de um corporativismo que só fez aguçar nestes tempos.

 

Mas as inclinações garantistas, justamente aquelas que expressam todo o arcabouço de direitos previsto pela Constituição, são vistas ainda com estranhamento, quando não preconceito dentro dos tribunais. Seus protagonistas ostentam o status de disfuncionais, quando detém, por exemplo, a jurisdição criminal.

 

Mas eis que agora o tempo nos trouxe o último dos paradoxos.

 

O Judiciário tanto vem demorando para se adequar ao modelo democrático que agora talvez nem precise mais. É o próprio modelo que está derretendo.

 

Um a um os pilares vão sendo corroídos.

 

Lá se foi o estado liberal e suas liberdades públicas, com o direito penal severo que brotou da constituição cidadã e o processo que virou garantia de punição, mesmo quando não condena. O estado de polícia assume o lugar do garantismo que, a bem da verdade, foi sem nunca ter sido. Certamente não repetiremos práticas nazistas como a polícia que se sobrepõe ao juiz, mas podemos dizer o mesmo dos juízes que assumem papéis da polícia?

 

A PEC do teto de gastos suspendeu o estado social por pelo menos vinte anos, de modo que o compromisso constitucional de redução de desigualdades vai ficar esperando mais um pouco, o que não parece preocupar em excesso o Judiciário, salvo com relação à intranquilidade de seus próprios vencimentos – há anos pendurados em uma medida de urgência processual.

 

A trava “objetiva” em que se pretendeu prender os magistrados com medo da política (como se ela tivesse estado ausente em algum momento), é hoje a mesma que a onda regressiva quer impor aos professores sob o bordão reacionário da “escola sem partido”, a pedagogia do opressor.

 

Como assinala Eugenio Raul Zaffaroni em Poder judiciário: crise, acertos e desacertos (1995), “o perfil público do juiz asséptico [sem ideologia] implica um terrível manejo autoritário da imagem pública da justiça e, ao mesmo tempo, uma fortíssima deterioração da identidade pessoal dos juízes (…) ao pretender que o juiz como pessoa possa ser neutro, por dotes pessoais que o situam acima dos conflitos humanos, associa-se à sua imagem pública um componente sobre-humano, ou divino, que obviamente não é mais do que um produto de manipulação…”. Lembra, ainda, Zaffaroni sobre o ministro da Justiça de Mussolini: “Rocco não pretendia uma magistratura fascista, senão uma magistratura “apolítica”.

 

A censura volta a passos largos. A tutela da moral já cobra pedágio dentro de museus. Mas é bem ver que a maioria de jornais não impressos, dos livros apreendidos ou espetáculos interditados provieram mesmo é de decisões judiciais.

 

E até o poder militar vai se fazendo cada vez mais presente nos escaninhos dessa esvaziada democracia, abarcando funções impróprias de segurança pública. No Rio de Janeiro, juízes fizeram um manifesto de apoio à intervenção, até porque ordem, disciplina e hierarquia nunca foram mesmo produtos em falta no armazém judicial.

 

Fracasso de público e crítica, o Judiciário parece estar, todavia, em dia com os novos rumos que a política institucional está tomando. E sim, este é um paradoxo ainda mais assustador.

 

 

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