No Brasil das 500 mil prostitutas infantis a necessidade de denunciar o turismo sexual.
Igualmente predatório e vergonhoso o turismo sádico de quem se delicia com a miseria alheia. Dos que se arriscam a realizar o chamado turismo da miséria, esquecidos que o Rio de Janeiro, ex-Cidade Maravilhosa, virou uma praça de guerra.
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A polícia mata. Para cada policial morto, o preço do fuzilamento de dez civis. Como acontecia nos países ocupados pelos nazistas na Segunda Grande Guerra.
O turismo da miséria é uma criação de João Dória, atual prefeito de São Paulo.
Escreve Joaquim de Carvalho:
"Quando era presidente da Embratur, João Doria tentou implantar no Brasil uma novidade na indústria do turismo. É verdade que, na sua época, a estatal publicou em revistas estrangeiras anúncios com mulheres em trajes mínimos, na praia, um convite subliminar ao turismo sexual.
Mas esta já era uma prática na empresa.
O que nunca havia sido sequer cogitado é tornar a seca e a miséria no Nordeste um atrativo turismo para os moradores do Centro-Sul do Brasil.
Doria inovou."
Assim foi oficialmente criado o turismo da miséria. Que apenas vingou no Rio de Janeiro, sob a proteção das milícias, bandos armados formados por policiais da ativa, aposentados e expulsos, demitidos da função pública por graves crimes cometidos.
O voyeurismo indigente dos turistas que fazem safári humano na Rocinha
por Kiko Nogueira
Um grupo de vinte turistas franceses foi à Rocinha levado por um profissional da empresa Favela Tour, especializada no ramo.
Por razões óbvias, não puderam entrar. Ficaram na passarela projetada por Oscar Niemeyer tirando fotos e fazendo selfies.
Segundo o Globo, uma moradora comentou: “É uma sensação estranha! Parece que somos seres de espécie diferente. Nem com um clima desse que estamos vivendo agora os turistas deixam de visitar a Rocinha”.
Esse tipo de “turismo” é comum e rende dinheiro. É um safári humano, que mistura voyeurismo com um grau baixo de idiota e falta de empatia.
Na Colômbia, por exemplo, o passeio para as Islas del Rosario, no Caribe, é atravessado por favelas.
Os barqueiros param próximos a um píer numa delas, de onde meninos magros e pobres dos barracos saltam.
Eles nadam até perto da embarcação e gritam: “Amigo, amigo! Dinheiro, amigo! Money!” O pessoal, rindo, arremessa moedas na água.
Quando os garotos não conseguem pegá-las na superfície, eles, bons mergulhadores, um tanto desesperados, vão em busca delas no fundo. Lembram os “peixinhos” do imperador Tibério em Capri.
Os turistas, provavelmente, acham que fazem uma boa ação. Ou não acham nada. Se refletissem, veriam que não passa de um show de humilhação.
A Rocinha tem jipes que perfazem um roteiro organizado por gente da “comunidade”. Tudo com a autorização do tráfico. A África do Sul tem tours no meio da miséria do Cape Flats e para o Soweto, em Johannesburgo.
Existem dezenas de agências especializadas em passeios por “comunidades carentes” do Rio.
Ao invés de elefantes e girafas, as pessoas fotografam gente subindo e descendo as vielas, os bares “pitorescos”, ouvem uma batucada, tomam uma cachaça, procuram sexo.
Ao voltar para casa, o sujeito tem uma história para contar sobre como sobreviveu num dos lugares mais perigosos do mundo. Ou acha que, sei lá, fez antropologia e conheceu o “Brasil real”.
Existe um interesse legítimo em usar o turismo para ajudar. O nome que se deu a isso é “volunturismo”. O viajante se engaja em atividades sociais ou ambientais.
O que é bem diferente de assistir de camarote, com uma câmera na mão, num esquema com traficantes, aos miseráveis, atirando-lhes esmolas como se fossem sardinhas para focas, achando que essa é uma contribuição para um mundo mais bacana, ou só mais uma diversão incluída no pacote.