2 - Os senadores brasileiros e o tráfico de cocaína, Perrella
É uma história bem parecida com a do avião de Maggi.
Escrevi que o helicóptero do senador Zezé Perrella transportou, em dois vôos internacionais, uma tonelada de pasta do Paraguai para Brasil. Meia tonelada levada para o Campo de Marte na capital de São Paulo. E meia, para o Espírito Santo.
Cocaína transportada do Paraguai para Avaré, interior de São Paulo.
Inicialmente, os pilotos, para proteger autoridades e narcotraficantes paraguaios, informaram que a droga vinha da Bolívia.
A tomada do helicóptero dos Perrella foi realizada pela Polícia Militar do Espírito Santo, e o caso repassado para a Polícia Federal, que colocou o inquérito sob o manto protetor do segredo de justiça, por envolver personalidades da sociedade e do poder econômico, e altas autoridades da República.
A polícia do Espírito Santo prendeu o piloto Rogério Almeida Antunes, de 36 anos, natural de Campinas (SP), o copiloto Alexandre José de Oliveira Junior, de 26 anos, natural de São Paulo (SP) e os homens que receberiam a droga, o comerciante Robson Ferreira Dias, de 56 anos, natural do Rio de Janeiro (RJ), e o jardineiro Everaldo Lopes Souza, de 37 anos, natural de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce.
O jardineiro, pobre jardineiro, simplório calunga, carregador braçal. Desnecessário estar preso.
Na imprensa, todo proprietário de um pequeno negócio vem sendo chamado de empresário. O “comerciante” Robson Ferreira da Silva estava dando uma de motorista, realizando o mesmo trabalho dos pilotos. Iria transportar a droga do campo improvisado em Afonso Claudio, para um local desconhecido.
Não foi preso ninguém em Campo de Marte. Idem no Campo de Avaré, local de descarga e carregamento de drogas. Nem em Divinópolis, local de abastecimento do helicóptero, e que está na rota internacional do tráfico. E solto permanece o verdadeiro dono do sítio em Afonso Claudio.
Do jeito que carregam o andor, jamais descobrirão os milionários proprietários do pó do helicóptero dos Perrella.