Miliciano, herói de Bolsonaro criou empresa para matar | UOL Investiga T2E3
No terceiro episódio da segunda temporada do podcast “UOL Investiga”, a jornalista Juliana Dal Piva revela como a família Bolsonaro ignorava as denúncias dos crimes de policiais durante a CPI das milícias.
Flávio e Carlos condecoraram 16 policiais denunciados como integrantes de organizações criminosas.
Ao mesmo tempo, o ex-capitão do Bope Adriano Nóbrega crescia no mundo do crime.
“UOL Investiga - Polícia Bandida e o Clã Bolsonaro” fala da relação da família Bolsonaro com agentes das forças de segurança que se tornaram milicianos e usaram seu treinamento para cometer crimes.
Traz ainda detalhes da relação da família Bolsonaro com Adriano Nóbrega, ex-policial militar morto em 2020 e apontado como chefe de assassinos de aluguel
Jair e Flávio inclusive fizeram visitas ao ex-capitão na prisão.
Esta temporada tem também a história completa do roubo de uma moto do presidente em 1995, crime que mobilizou parte da polícia do Rio e simboliza vários problemas da segurança pública.
O que é e como funciona o Escritório do Crime
Braço armado da milícia que age na Zona Oeste no Rio, a organização era comandada pelo ex-capitão do Bope, Adriano Magalhães da Nóbrega, que tinha ex-esposa e mãe empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro
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Investigações do Ministério Público (MP) aprofundam cada vez mais o envolvimento da família Bolsonaro com o chamado Escritório do Crime.
Braço armado da milícia que age na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a organização era comandada pelo ex-capitão do Bope, Adriano Magalhães da Nóbrega, que tinha ex-esposa e mãe empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro, na época em que o filho do presidente era deputado estadual.
Adriano é amigo do policial militar reformado Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio. O ex-capitão chegou a ser homenageado pelo filho de Jair Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Mais informações sobre o suposto esquema de corrupção envolvendo Flávio, hoje senador, vieram à tona após a deflagração de mandados de busca e apreensão solicitados pelo MP-RJ.
As apurações apontam que Danielle Mendonça da Costa, ex-esposa de Adriano, admitiu que a origem do dinheiro que recebia como assessora de Flávio na Alerj era ilegal.
Ex-assessora do então deputado, Danielle é apontada pelo MP como uma funcionária fantasma que recebia salário e o repassava para Queiroz, indicado como chefe do esquema de “rachadinhas” no gabinete de Flávio.
De acordo com o MP, ela teria repassado a Queiroz R$ 150 mil no período em que esteve na Alerj.
O MP-RJ também concluiu que contas bancárias de Adriano foram usadas para repassar dinheiro a Queiroz.
A conclusão foi tirada com base em informações da quebra de sigilo bancário e fiscal de Queiroz e de Danielle.
Execuções por encomenda
O Escritório do Crime nasceu da exploração imobiliária ilegal em atividades como grilagem, construção, venda e locação ilegal de imóveis.
Especializada em execuções por encomenda, a organização é composta pelo que se chama de banda podre da polícia.
Os integrantes utilizam as técnicas aprendidas nas corporações oficiais para cometer assassinatos.
Há fortes suspeitas que o grupo esteja envolvido em 19 homicídios não esclarecidos desde 2002.
Os criminosos chamam atenção pelo profissionalismo com que atuam.
Marielle
Em agosto de 2018, passaram a ser investigados sob acusação de envolvimento com o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
A suspeita é que os assassinatos tenham sido encomendados para a organização com o objetivo de evitar que Marielle atrapalhasse os negócios do grupo.
A ex-vereadora estava investigando as atividades imobiliárias ilegais dos milicianos em Rio das Pedras.
Marielle Franco foi executada durante a intervenção militar do governo Michel Temer no Rio de Janeiro.
O interventor de Temer, hoje vice na chapa de Jair Bolsonaro, o general Braga Neto jamais interveio nos territórios das milícias.